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Seguimos em Frente, Só Não Sabemos Para Onde

Publicado 26.08.2021, 08:44
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Numa agenda de indicadores relevante, quarta-feira (dia 25) foi marcada por dois “estados de espírito” bem definidos. Pela manhã, preocupação com o IPCA-15, mais elevado do que o esperado, à tarde, certo alívio, com a arrecadação federal de julho em recorde para o mês. Por isso, no mercado futuro de juro, tivemos uma inclinação mais forte da “curva a termo” pela manhã e sua suavização, ou “devolução dos prêmios”, à tarde, depois da divulgação da arrecadação federal recorde de julho, a R$ 170,2 bilhões, a melhor para o mês de julho desde 2002.

Isso abre as portas para a execução fiscal neste ano e no próximo. Este, aliás, é o ponto a ser salientado. O governo conta com estas receitas e, talvez, com o corte de subsídios tributários (a confirmar), para atravessar este ano e parte do próximo, quando teremos eleição. Sim, porque dois desafios se aproximam: o pagamento de R$ 89,1 bilhões em precatórios, dívidas judiciais, a ser jogadas para o ano que vem, e a “turbinada” Bolsa Família, agora Auxílio Brasil, aumentando o universo de beneficiados e ampliando o seu valor, talvez R$ 300.

Sobre este tema, aliás, o Banco Mundial, em interessante estudo, chegou à conclusão que a maioria dos beneficiários do Bolsa Família não deixa o programa de forma gradual. Ou seja, a regra criada para ajudar na transição do beneficiário para o mercado de trabalho não está sendo cumprida de forma adequada.

De acordo com o relatório “Equilibrando Estabilidade e Transição – Primeira Avaliação da Regra de Permanência no Programa Bolsa Família”, apenas 7% dos beneficiários fizeram uso dessa regra para deixar o programa. Pois é. E seguem as picarescas políticas populistas em pleno curso neste país. Lembremos que no Nordeste dos Coronéis, a distribuição de "agrados", em troca de voto, era prática comum. Agora só mudou a escala, ou dimensão. Se isso não é populismo...

Inflação

Pela leitura do mercado, o maior foco do IPCA-15 de agosto, 0,89%, foi o impacto direto do custo mais elevado de energia, provocado pela crise hídrica e inevitável racionamento no consumo. No ano, o índice do IBGE acumula 5,81% e em 12 meses, 9,30%.

O governo estuda com carinho a possibilidade de racionamento, o que pode elevar a bandeira vermelha a R$ 20 a cada 100 kWh. Isso deve explodir a inflação neste ano, já prevista acima de 7%, mesma toada da Selic, atualmente 5,25%. No mercado são muitos os que apostam numa puxada de 1,25 ponto percentual no Copom de setembro, depois, mais um de 1 ponto, para fechar o ano a 7,5%. Este parece ser a “range das projeções”. Objetivo maior aqui é trazer este IPCA, de 7,0% a 8,0% neste ano para 3,5% em 2022, este sim o “horizonte relevante de política monetária para o BACEN”.

Na pior crise hídrica em quase 100 anos, governo já admite uma “relevante piora” nas projeções para os próximos meses. Por isso, anunciou medidas para mitigar estes impactos no setor elétrico, como programa de redução voluntária de demanda para consumidores residenciais e de consumo de energia em órgãos da Administração Pública.

Fale menos, trabalhe mais

Não resta dúvida que vivemos um “inferno astral”, e o governo precisa gerar menos ruídos e administrar o que deve ser administrado, as expectativas quanto à inflação, crescimento, geração de empregos, juro e câmbio.

O resto não tem a mínima importância. Impeachment de ministro do STF? Não vai dar em nada, só gerando stress nas relações institucionais do País. Aliás, isso deve ser sempre ressaltado. A sociedade já está cansada deste “bate boca diário”. E que esta mensagem seja bem endereçada. A tática do presidente é absolutamente suicida e isolacionista. Afinal, aonde quer chegar? Esticar a corda até onde? Até onde vai a fidelidade do Centrão? Se as coisas continuarem a piorar...

E o STF segue se “confundindo” nas suas atribuições

Um contraponto é que o STF (quem mais?) resolveu mais uma vez exorbitar das suas atribuições e ingressou numa discussão que não lhe cabe.

Atendendo a uma ação do PT e do PSOL (quem mais, de novo!), resolveu ingressar num julgamento estapafúrdio sobre a lei de autonomia do Banco Central. Meus Deus! O que estes “doutos” ministros do STF sabem sobre política monetária, gestão de autoridade monetária?

Sem surpresas até o momento, Alexandre Lewandowski, cioso dos seus “compromissos” votou contra a autonomia, enquanto que Luiz Roberto Barroso foi a favor (claro!). Hoje tem mais...

Precatórios

Sobre a polêmica dos precatórios, Paulo Guedes, já disse, mais uma vez, que, para cumprir a Constituição e as leis fiscais, o governo não pode ter que encarar o crescimento acelerado das dívidas judiciais, dos precatórios e outras sentenças, como do ICMS. Guedes confia que o STF demonstre compreensão com o Executivo e apoie uma solução, que facilite a execução das dívidas. Assim esperamos.

A somar tudo isso, temos ainda a retirada de cena da reforma tributária na Câmara, e na sexta-feira, em Jackson Hole, a manifestação do presidente do Fed, Jerome Powell. Que semana!

Indicadores

Em mais um recorde, a arrecadação federal registrou o melhor resultado para meses de julho em toda a série histórica, iniciada em 2000. No total recolheu R$ 170,2 bilhões em impostos e contribuições, alta real de 35,47% contra julho de 2020, e 23,67% contra junho de 2021.

Sobre as contas externas, apesar da melhora contra o ano passado, as despesas de brasileiros com viagens ao exterior voltaram a registrar em julho o segundo menor valor para o mês desde 2004. O montante de US$ 452 milhões representa +69,2% contra o mesmo mês de 2020. Por outro lado, é 76% menor que o gasto em viagens internacionais em julho de 2019, quando o mundo ainda não enfrentava a pandemia de Covid-19.

Mercados

No Brasil, no dia 25, o dólar recuou ante o real em sessão marcada pela divulgação do IPCA-15, acima do esperado. No fechamento, a moeda norte-americana cedeu 0,97%, para R$ 5,2110. Já o Ibovespa voltou a avançar, mesmo após manhã ruim, e subir mais de 2% ao longo do dia. Ao fim, o índice subiu 0,31% e recuperou os 120 mil pontos, mais precisamente 120.580 pontos.

Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq renovaram recordes, no quinto dia seguido de alta, e o petróleo continuou rali da véspera, com o mercado avaliando que o pior do coronavírus pode ter ficado para trás. O Nasdaq 100 subiu 0,07%, a 15.368 pontos, com NVDIA e as fabricantes de chips, e o S&P500, 0,22%, a 4.496 pontos.

Na agenda de hoje, sobre o crescimento do PIB nos EUA no segundo trimestre, há uma clara tendência de revisão para cima (de 6,5% para 6,7%), na segunda parcial a ser divulgada. Também nesta quinta-feira os Pedidos de Seguro Desemprego Semanais do país, que devem se manter na casa dos 350 mil, e a Sondagem Industrial do Fed de Kansas City de agosto. À noite, na China, os Lucros da Indústria de julho. No Brasil, saem os dados de emprego do Caged de julho, o índice de preços da construção, o INCC-M, e a Sondagem da Construção de agosto.

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