Para mim, a qualidade da gestão de uma empresa - juntamente com suas vantagens competitivas e o seu valuation - são os fatores mais importantes de se analisar ao se considerar um investimento. Pensando nisso, após ler um brilhante texto de James M. Citrin, Claudius A. Hildebrand e Robert J. Stark, chamado “The CEO Life Cycle”, decidi escrever este artigo para compartilhar os principais insights desse estudo.
Os três autores, juntamente com uma equipe de pesquisadores, acompanharam o desempenho financeiro anual dos mandatos dos 747 executivos de empresas do S&P 500 e conduziram 41 entrevistas com CEOs e diretores para falarem sobre suas experiências. Incrivelmente, foi encontrado um padrão, o qual denominaram de “O Ciclo de Vida de um CEO”.
Ano 1: A Lua de Mel
A grande maioria dos CEOs alcançam desempenho acima da média no primeiro ano. Eles chegam ao posto com baterias totalmente carregadas, cheio de energia, sonhos, ideias e prontos para assumir a liderança. O entusiasmo por mudanças e melhores anos agrada os investidores, conselho e a organização, causando um aumento no preço das ações. Neste primeiro ano, o fator mais decisivo e o principal diferencial para o sucesso futuro da empresa é a capacidade que o CEO possui de aprender, não meramente operar.
Com tantas demandas, pode ser fácil ficar preso no modo de execução automática. No curto prazo, isso não é relevante, no entanto, é devastador no longo prazo. Por conta disso, os gestores devem aprender a desenvolver a habilidade de sempre dar um passo para trás, refletir o que aprendeu e recalibrar os erros. É importante ressaltar a diferença de CEOs que chegam em empresas saudáveis e os que chegam em empresas em turnarounds. No primeiro caso, “menos é mais”. No último, deve-se tomar decisões ousadas.
Ano 2: De volta à realidade
A frustação é um fenômeno que ocorre quando nossas expectativas não são atingidas. Neste caso, como as expectativas com a chegada do novo CEO eram muito altas, após a exuberância da Lua de Mel, surge uma grande frustação, muito mais motivada por expectativas não atendidas do que por problemas significativos e estruturais.
Ano 3 a 5: A reviravolta
Depois da tempestade, mesmo as mais longas, o Sol sempre aparece e, em alguns casos, acompanhado por um belo arco-íris. Os CEOs que conseguem sobreviver ao segundo ano entram em um momento de ventos favoráveis, uma vez que seus movimentos nos primeiros dois anos passam a dar frutos. Para alguns CEOs, este é o momento ideal para buscar oportunidades de fusões e aquisições. Neste momento, se o gestor tomou boas decisões, visando o longo prazo, a direção estratégica está definida e a cultura organizacional continua a evoluir.
Dica: Grande parte dos CEOs disseram que gostariam de ter passado mais tempo com diretores fora da sala de diretoria, para estreitar os laços e construir relacionamentos fortes e de confiança. Conheça diretores individualmente.
Ano 6 a 10: A necessidade de se reinventar
O período de recuperação é frequentemente seguido por um tempo de estagnação prolongada e resultados medíocres. O risco de acomodação é alto, muitos relaxam e outros se envolvem com muitas atividades de fora, que não estão ligadas com a operação da empresa. Poucos CEOs superam esse estágio, apenas aqueles que conseguem frequentemente se reinventar. Estes permanecem focados, sempre querendo mais e desafiando o status quo. O CEO deve ser um maratonista, não um velocista.
Ano 11 a 15: Os anos de ouro
Os CEOs que se reinventam, não se acomodam e são comprometidos com o longo prazo experimentam os melhores anos de criação de valor. Neste estágio, sobrevivem aqueles cuja ambição é a de construir um legado, não questões financeiras ou status. Nesta fase, o momento de sucessão se torna uma grande dor de cabeça e uma questão fundamental para os conselheiros.
Sendo assim, busque CEOs que chegarão até o décimo quinto ano gerando valor ao acionista constantemente. Estudos mostram que as ações de empresas cujo gestores estão há muito tempo sob o comando performaram melhor do que a média do mercado.
Anualmente a Harvard divulga sua lista dos melhores CEOs do ano. A duração média do mandato desses CEOs é de 15 anos, mais do que o dobro da média do S&P 500, de 7,2 anos. Resumindo: Invista nas pessoas, especialmente se a empresa é menor e mais nova.