Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 16/04/2021
A temporada de resultados já chegou e pode ser decisiva para o mercado acionário de forma geral, em vista do amplo movimento de alta que as ações tiveram nas últimas semanas.
Desde 25 de março, o S&P 500 já subiu cerca de 8% praticamente em linha reta. É preciso considerar que parte desse movimento de alta foi impulsionado pela expectativa de que os balanços sejam muito fortes.
As estimativas de resultados são de em torno de US$ 173,53 em 2021, uma alta de quase 6% em relação aos US$ 163,59 em 31 de dezembro. No mesmo período, as estimativas para 2022 subiram para US$ 199,46 de US$ 191,46, um crescimento de cerca de 4,2%. Com as estimativas de resultado em alta para este trimestre, os lucros terão que ser muito maiores do que as expectativas para que a escalada do S&P 500 continue.
Expectativas caem com o tempo
Historicamente, não é incomum que as estimativas de resultados continuem subindo. De fato, desde 2010, as expectativas começaram em alta e depois caíram com o tempo em muitos casos. Isso porque os analistas e investidores mantinham previsões muito elevadas. Embora desta vez possa ser diferente em razão da reabertura da economia após os bloqueios causados pelo coronavírus, é preciso considerar se esse será o caso de 2022 e 2023.
Os anos de 2010 e 2011 podem ser os mais comparáveis, em termos de resultados, com o que estamos vendo agora, por conta da recessão de 2008 e 2009. As estimativas de lucro naquele biênio começaram baixas e depois começaram a subir. Mas, de 2012 a 2016, o que ocorreu foi o contrário: as expectativas de lucro iniciaram elevadas e terminaram o ano em níveis muito menores.
Uma exceção recente foi em 2018, quando as estimativas de resultado iniciaram altas e continuaram elevadas com a redução de impostos corporativos e a melhora da economia americana. No entanto, essa é uma anomalia de um ano, pois, em 2019, o cenário voltou a apresentar o mesmo padrão de antes e durante o resto da década, ou seja, as expectativas caíram ao longo do ano.
História se repetirá?
Mesmo com as estimativas de lucro em níveis drasticamente elevados para este ano e o próximo, ainda estão muito abaixo do que os investidores esperavam. Antes da pandemia, as previsões de analistas para os lucros em 2021 eram de US$ 205 por ação, enquanto, em 2022, as projeções superavam US$ 214 por ação. Portanto, embora as estimativas tenham caído muito em relação ao período anterior à crise sanitária, voltaram a subir desde então.
Valuations elevados
Contudo, quanto mais sobem as estimativas de resultados, maiores são as expectativas de crescimento. Isso significa que ainda haverá pressão constante para que os resultados sejam ainda melhores para que as estimativas continuem subindo.
Isso pode ser ainda mais crítico neste ano, levando-se em conta que o S&P 500 está sendo negociado a 20,7 vezes as estimativas de lucro futuro de um ano. Esse é o maior índice P/L do S&P 500 desde o fim da década de 1990. Ou seja, o espaço para erros é muito reduzido neste período de divulgação de balanços.
Por isso, os resultados do primeiro trimestre podem ser mais críticos do que no passado, principalmente se os investidores querem evitar o rápido desvanecimento do ímpeto altista no mercado acionário.