O conceito de "risk parity", ou “paridade de riscos”, em investimentos é uma abordagem de alocação estratégica de ativos financeiros que busca equilibrar o risco em uma carteira de investimentos, atribuindo pesos aos ativos com base na sua contribuição para o risco total da carteira, em vez de ponderá-los com base no valor nominal dos ativos. Em outras palavras, o objetivo é distribuir o risco de forma mais equitativa entre os diferentes componentes da carteira.
Tradicionalmente, as carteiras de investimentos são ponderadas com base no valor de mercado dos ativos ou de seus retornos esperados, o que significa que ativos com valores mais altos têm uma ponderação maior na carteira. No entanto, esse método pode levar a uma concentração de risco em determinados ativos, especialmente aqueles com maior volatilidade.
Por outro lado, em uma carteira de "risk parity", os ativos são ponderados com base em sua contribuição para a volatilidade geral da carteira. Isso significa que ativos mais voláteis receberão pesos menores, enquanto ativos menos voláteis receberão pesos maiores, de modo a equilibrar o impacto de cada ativo no risco total da carteira.
Para implementar uma estratégia de "risk parity", os investidores geralmente usam modelos matemáticos e técnicas de otimização para calcular os pesos ideais para cada ativo com base em sua volatilidade histórica, correlação com outros ativos na carteira e outras métricas de risco.
Uma das principais vantagens do "risk parity" é a diversificação eficaz do risco. Ao atribuir pesos com base na volatilidade, a estratégia reduz a exposição a ativos mais voláteis, o que pode ajudar a mitigar os impactos de eventos extremos no mercado. Além disso, ao equilibrar o risco entre os diferentes ativos, o "risk parity" pode potencialmente melhorar o perfil de retorno da carteira ao longo do tempo.
Porém, para o investidor pessoa física adotar o modelo de “risk parity” é mais difícil por três motivos. Primeiramente, a fim de aumentar a contribuição do risco da renda fixa para o portfólio, os investidores institucionais se utilizam de alavancagem, gerando assim um aumento do risco dos títulos públicos de forma a ficar “pareado” com o risco de ações ou commodities.
Em segundo lugar, o rebalanceamento deve ser constante a fim de evitar que possíveis aumentos de volatilidade de certos ativos causem um desbalanço na carteira. E, em terceiro lugar, ter os modelos para se calcular a contribuição de um ativo para o risco geral do portfólio para uma carteira com muitos ativos é bastante complexo, tornando inviável a sua aplicação pelo pequeno investidor.
Porém, é possível aplicar princípios de “risk parity” em uma carteira de investimentos para o pequeno investidor. Primeiramente, o conceito de aumentar o risco da carteira de renda fixa a fim de parear a contribuição desses ativos com a contribuição dos ativos de renda variável pode ser conseguido através do uso de títulos pré-fixados ou atrelados ao IPCA, que possuem o potencial de aumentar a volatilidade de uma carteira de renda fixa, ao invés do uso de alavancagem ou derivativos.
Em segundo lugar, o uso de ETFs de renda variável alocados em portfólios internacionais (exemplo para o VOO (NYSE:VOO) para ativos americanos e VEU (NYSE:VEU) para ativos globais) consegue também gerar uma paridade de risco com baixa correlação à renda fixa e variável brasileira. E, finalmente, investimentos em outras classes de ativos como FIIs, FI-Infras, etc., também pode ser uma fonte de ativos que podem ser colocados na renda variável a fim de ajustar a volatilidade com o objetivo de mantê-la “pareada” com outras classes de ativos (renda fixa, ativos internacionais, commodities, criptoativos, etc.).
No entanto, o modelo de "risk parity" vem enfrentando muitas críticas recentemente. Os principais fundos de “risk parity” globais administrados pela Bridgewater (cujo fundador Ray Dalio criou a estratégia) e AQR não vem conseguido retornos superiores ao benchmark do S&P 500, devido ao grande retorno das empresas de tecnologia e ao baixo retorno da renda fixa global.
Além disso, uma carteir de “risk parity” tende a ter retornos menores durante períodos de crescimento econômico, porém retornos maiores em períodos de recessão ou estagnação, justamente pelo seu caráter mais diversificado. Portanto, essa estratégia possui uma característica de geração de ganhos menores em períodos bullish em troca de ganhos maiores (ou perdas menores) em períodos bearish. Sendo assim, uma alternativa com melhor risco-retorno a portfólios mais conservadores que possuem alocação maior em renda fixa, por exemplo.
Assim sendo, o conceito de "risk parity" é uma estratégia de alocação de portfólio que busca equilibrar o risco em uma carteira atribuindo pesos aos ativos com base em sua volatilidade. Embora tenha vantagens potenciais em termos de diversificação de risco, também enfrenta desafios e críticas, e sua eficácia pode variar dependendo das condições de mercado e da capacidade do investidor de implementar a estratégia de forma eficaz.
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