No Brasil, o risco fiscal e político estão impactando os investimentos no país e obviamente na taxa de câmbio também. Estes riscos junto com um cenário global de avanço da variante delta do coronavírus assombrando o mundo e criam um panorama adverso para investimentos locais, já que os investidores optam por mais segurança, com a inflação e o dólar elevados. A instabilidade local faz com que empresas exportadoras escolham manter o dólar no exterior, assim como motiva a saída de investidores estrangeiros, que nos últimos 12 meses retiraram quase US$ 70 bilhões do país. O dólar mais alto afeta diretamente no aumento da inflação via a importação de produtos e as commodities cotadas em dólar, como petróleo, trigo e proteína animal. Os preços mais elevados obrigam o Banco Central a subir os juros, encarecendo a dívida nacional, e para atrair investidores dispostos a financiá-la, é preciso encarecer ainda mais a taxa dos juros, criando um ciclo vicioso.
A posição mais dura do BC tende a elevar o fluxo estrangeiro para cá, mas o cenário fiscal atrapalha. O atraso na agenda de reformas do governo e a pressão pelo parcelamento do pagamento de precatórios têm sido a pedra no sapato dos mercados brasileiros, em meio ainda ao conflito constante entre o presidente e o STF. Autonomia do Banco Central será julgada nesta quarta feira no STF. Jornais dão como mais provável manutenção do status da autoridade.
A economia da zona do euro enfraqueceu mais do que o esperado, mas continuou a se expandir em um ritmo rápido em agosto.
Nos EUA, o simpósio anual de Jackson Hole será virtual pelo segundo ano seguido e mostra que a pandemia está tendo um impacto maior do que as autoridades do Federal Reserve esperavam. O banco central dos EUA considera quando começar a reduzir seu apoio econômico emergencial, com a maioria das autoridades ansiosas para começar a reduzir seu programa de compra de ativos até o final deste ano, de acordo com a ata da reunião de política monetária do Fed. O crescimento econômico dos Estados Unidos ultrapassou os níveis pré-pandemia no segundo trimestre e deve ser revisado para cima no nesta semana. A maior cautela do consumidor enfraqueceu a demanda e a mobilidade, que caíram para mínimas em várias semanas. O emprego piorou, a produção diminuiu e o indicador da saúde caiu com aumento do contágio pela variante delta. A conferência anual de banqueiros centrais de Jackson Hole pode oferecer pistas sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos. A certeza é que haverá tom de cautela, afinal a variante delta pode reduzir o ímpeto da retirada de estímulos.
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Dados que saíram ontem no boletim Focus, que é divulgado todas as segundas-feiras mostram a continuidade de deterioração das expectativas de inflação para 2021 e no próximo ano, enquanto a perspectiva para o crescimento econômico teve uma pequena piora para este ano e em 2022. A projeção do IPCA neste ano subiu para 7,11%, enquanto as estimativas para a o PIB no fim do ano caíram de 5,28% para 5,27%. Já a previsão da taxa Selic foi mantida em 7,50%. O dólar também foi mantido em R$ 5,10.
O bom humor de ontem nos mercados internacionais segurou o dólar, que devido às tensões políticas poderia ter subido bem mais. O radar ainda está na piora fiscal e na crise político-institucional.
Amanhã sai o IPCA -15 que é um dos principais pontos na agenda desta semana.