Mercados Globais
Ontem os índices americanos fecharam em seus recordes históricos mais uma vez. Os múltiplos do mercado só apresentam um padrão razoável se consideradas hipóteses bem otimistas para o futuro próximo do comportamento dos balanços das empresas e da macroeconomia do país. Eles refletem, portanto, um estado de confiança que poucas vezes foi visto após uma eleição que suscitou tantas dúvidas e surpresas como essa.
A crença na capacidade da política de estímulos, prometida por Trump, em gerar resultados para o setor privado, sem produzir um grande problema fiscal, que traria consequências nefastas para as taxas de juros mais longas, é o grande impulso que fez o S&P500 e o Dow Jones quebrarem todas as barreiras.
Veja o gráfico do S&P500:
Um dos destaques vem da reunião a ser realizada amanhã, em Viena, entre membros da OPEP e não membros, como Rússia e México, para um acerto sobre a limitação da produção. Em mercados centralizados, as decisões de um cartel em reduzir a sua oferta para segurar preços podem ser anuladas pela expansão da produção dos outros competidores.
A OPEP precisa convencer seus concorrentes a não aumentarem sua oferta em decorrência do recente aumento dos preços, pois isso levará seus membros a reagirem rompendo o acordo. Eles têm prejuízo caso o preço do petróleo caia e sua produção esteja menor. Essa reunião é importante mas não resolve o problema como um todo. Com preços superiores a US$ 40 e US$ 50, boa parte dos campos de xisto dos EUA pode voltar a produzir e levar a produção global a um novo e importante excesso.
Some-se a isso, a forte disposição de Trump e seus secretários em estimular essa fonte de energia. Portanto, a reunião tem um caráter suplementar importante à da semana passada e influenciará os preços na semana que vem. Por conta do otimismo em relação a ela, os preços do petróleo WTI estão em alta, sendo cotados a US$ 51,20 o Barril.
Na Europa, os mercados sentiram alívio ao verem o BCE reduzir as quantidades de compra de títulos, que injetam moeda e reduzem os juros da economia, ao mesmo tempo em que o prazo do programa foi estendido. A partir de março de 2017, o BCE promoverá compras mensais de 60 bilhões de euros até dezembro de 2017. As taxas ficaram mantidas em 0% e -0,4%.
Os mercados de moedas estão mais pressionados hoje do que estavam ontem. O yen voltou a superar a barreira dos 114 yens/dólar e o euro está cotado a 1,061 dólar/euro. Os juros das treasuries de dez anos saíram de 2,33% para 2,45% e os da Itália (que tem a maior dívida da UE) de 1,95% para 2,05%
Brasil
O governo Temer tem conseguido manter sua sustentação de forma favorável, na percepção dos mercados que vêm reduzindo os prêmios de risco político desde a “tacada” feita com o STF para manter Renan Calheiros na presidência do Senado. Com o caminho livre, o governo espera emplacar na semana que vem e PEC do teto e acordos com os estados.
A reforma da previdência ainda enseja algumas modificações e vai mesmo ficar para o ano que vem. Não é demais lembrar que na semana que vem os executivos da Odebrecht fazem duas delações e isso poderá pesar no cenário político, pois há boatos segundo os quais alguns membros do governo podem ser citados.
Hoje foram divulgados a primeira quadrissemana de dezembro do IPC-Fipe e o primeiro decêndio do IGP-M. A primeira mostra a manutenção de uma tendência de queda em quase todos os itens e um final de ano menos pesado para o bolso dos consumidores. No IGP-M, a dissonância vem do IPA industrial, que saiu de 0,01% no mês passado para 0,8% nesse mês.
Os culpados são o minério de ferro associado e a alta do dólar. Os itens ao consumidor ainda mostram trajetória benigna. Às 9:00 hs o IBGE divulga o IPCA, principal índice de inflação, e a expectativa do mercado é de um índice de 0,27% para novembro. Nossa expectativa é de 0,22%.
De qualquer forma, a semana termina com um quadro mais favorável para a redução dos juros por parte do BC na próxima reunião do Copom e uma percepção de risco em relação à trajetória fiscal melhor do que na semana anterior.