As ações da Qualcomm (NASDAQ:QCOM) dispararam 30% desde o final de maio nos EUA, depois de terem despencado mais de 16% nos cinco meses anteriores. Essa forte recuperação sugere que os investidores estão otimistas com a fabricante de chips e mantêm a fé de que o pior do atual ciclo de baixa já passou para a empresa, e a próxima fase será a retomada da demanda. Se a companhia sediada em San Diego de fato será capaz de satisfazer essas expectativas, ainda não se sabe com certeza.
Em seu balanço do quarto trimestre fiscal, agendado para amanhã, o CEO da companhia, Steve Mollenkopf, já alertou que houve uma drástica desaceleração nas vendas, prejudicadas pela redução na demanda das fabricantes de celulares, que são os maiores clientes da companhia.
As fabricantes de celulares estão evitando lançar novos telefones de ponta com base na atual tecnologia, e os consumidores estão atrasando suas compras até a estreia dos serviços de celulares de quinta geração (5G), declarou Mollenkopf em julho, complementando que essa calmaria temporária prejudicará a perspectiva de receita da companhia no curto prazo.
Para o trimestre encerrado em 30 de setembro, a Qualcomm espera vendas na faixa de US$ 4,3 a 5,1 bilhões. Essa previsão projeta um declínio de 12% a 26% nas vendas em comparação com o mesmo período do ano passado.
Mas a ação dos preços nas ações da Qualcomm durante os últimos meses indica que os investidores estão olhando além do quarto trimestre e focando nos desenvolvimentos positivos que favorecem a compra dos papéis da empresa quando negociados com desconto. As ações subiram 1,8% ontem, fechando a US$ 85,09, depois de terem despencado 3,5% no pregão de sexta-feira.
Problemas jurídicos
A resolução de diversas batalhas jurídicas da companhia nos últimos meses aliviou os investidores e contribuiu bastante para a disparada das suas ações. Em agosto, uma corte de apelações concedeu à Qualcomm uma liminar cancelando uma ordem judicial anterior que exigia que a fabricante de chips refizesse seus contratos em todo o mundo, além de mudar a forma como ela licenciava sua propriedade intelectual a concorrentes, como a Huawei Technologies, da China.
E, antes dessa vitória, a Apple (NASDAQ:AAPL) (NASDAQ:AAPL) também encerrou seus dois anos de disputa judicial contra a Qualcomm, em um acordo de bilhões de dólares envolvendo taxas de licenciamento de tecnologia que haviam ameaçado a receita futura da fabricante de chips. Como parte do acordo, a Apple também firmou um contrato plurianual em que a Qualcomm fornecerá chips e licenciará sua tecnologia para a fabricante do iPhone em troca de pagamentos de royalties.
A remoção desses obstáculos mais uma vez colocou a Qualcomm à frente da concorrência, quando o assunto é fornecer chips desenvolvidos para a chamada tecnologia 5G. A Qualcomm é líder de mercado em 5G, que permite que celulares e tablets baixem vídeos e músicas a uma velocidade muito maior do que o atual padrão 4G LTE. A tecnologia também dará suporte a uma gama de novos aparelhos e serviços, como casas automatizadas e carros autônomos.
Outro fator positivo para companhia são os sinais de que os EUA e a China estão cada vez mais perto de resolver seu conflito comercial. O Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, declarou neste fim de semana que as licenças para empresas norte-americanas fazerem negócios com a gigante de telecomunicações chinesa Huawei Technologies podem sair em breve.
Qualcomm interrompeu seus negócios com a Huawei em maio, quando os EUA proibiram as entregas à empresa chinesa, que respondia por cerca de 3% da receita da Qualcomm antes dessa proibição.
Conclusão
Com a melhora no ambiente comercial das fabricantes de chips e a resolução de alguns problemas jurídicos, o entusiasmo dos investidores com os papéis da Qualcomm é justificado. Mas, para que suas ações sustentem esse rali, a companhia precisa entregar uma perspectiva melhor amanhã para seu próximo ano fiscal, quando a demanda da tecnologia 5G deve impulsionar suas vendas e lucratividade.