Iniciamos a primeira semana de 2022 refletindo sobre como deve evoluir o Covid, já considerado uma endemia, algo mais controlado e com menos óbitos. A nova cepa Ômicron impressiona pela sua disseminação, mas o bom ritmo de vacinação em muitos países, de certa forma, neutraliza o aumento no número de óbitos. Mesmo assim, tivemos uma virada de ano em “anticlímax”, com muitos adotando isolamento social e cancelando eventos com aglomerações. As vacinações para crianças, entre 5 a 11 anos, seguem ocorrendo, assim como a necessidade de passaporte vacinal para os que se deslocam pelo mundo.
No Brasil, pelo negacionismo do governo, há atrasos injustificáveis, com a perspectiva na vacinação de crianças só a partir da primeira quinzena de janeiro. Embora o presidente tenha negado o passaporte vacinal para quem ingressa no país, o STF rejeitou esta decisão e autorizou-a. Isso, aliás, tem sido uma rotina. Bolsonaro nega algo, o STF vai lá e autoriza.
No mercado doméstico teremos um ano de muita volatilidade, diante de uma eleição polarizada, talvez, entre Lula e Bolsonaro (a confirmar). No mundo, a retirada de estímulos monetários, nos desenvolvidos, deve alterar o fluxo de capitais pelos mercados, impactando nas cotações das moedas, em especial, entre os emergentes.
No Brasil, em “picos de estresse”, o real deve passar de R$ 6,00, ainda mais quando se sabe do clima de tensão na disputa eleitoral deste ano, confrontando dois candidatos de extremos, um de direita, na “bacia das almas”, derretendo nas pesquisas eleitorais mais recentes, outro, de esquerda, sempre o Lula, despontando como franco favorito.
Nesta primeira semana do ano, dentre os destaques na agenda internacional a atividade da China na quarta-feira, dia também da ata do Fed e os dados de mercado de trabalho nos EUA, com o payroll e a taxa de desemprego na sexta-feira, devendo melhorar mesmo com a Covid. No Brasil, estejamos atentos ao desempenho fiscal, já sabendo que o Congresso e o STF estarão nos seus laudos recessos.
Nos mercados, alguns não abrem nesta segunda-feira, com feriados prolongados em Tóquio e Londres. Na bolsa de Hong Kong as negociações com ações da Evergrande Group estarão suspensas.
Cenário de turbulência na bolsa de valores em 2022
Inevitável. Teremos um ano de muitas turbulências na nossa bolsa de valores em 2022. Foi um dos piores desempenhos globais em 2021, na sua primeira queda anual desde 2015. Na média, as previsões indicam um ganho médio ao redor de 20% em 2022. Juro mais elevado, em torno de 11,5%, crescimento mais fraco, não devendo passar de 1%, e uma eleição muito polarizada, ajudam a explicar este cenário. Estimativas indicam o Ibovespa fechando o ano em torno de 127 mil pontos.
Reformas paradas
As reformas estruturais, como a administrativa e a tributária não devem evoluir em 2022. Acreditamos que a agenda do Congresso se limite aos costumes com discussões como a da legalização dos jogos, liberação da maconha para uso medicinal e ensino domiciliar. A partir de abril se define o quadro eleitoral, teremos Copa do Mundo e muitos deputados em disputa pela reeleição.
Desempenho das Commodities pelo mundo
Num mundo em transe com a pandemia, a retomada de algumas economias não acontece de forma tranquila ou sem turbulências. Depois da paralisia de alguns meses, quando se retoma a produção, nem sempre a disponibilidade de insumos se mostra, e muitos acabam se confrontando com gargalos, o que impacta no fornecimento do produto final. O grande desafio que se tem para 2022 será a inflação galopante em muitos países, antes considerada transitória, hoje nem tanto, pela persistência em patamar elevado. Nos EUA, o CPI em 12 meses se encontra em 6,8%, no Brasil, passa de 10%, e isso irá demandar uma ação mais incisiva dos bancos centrais pelo mundo.
Reforma ministerial
Bolsonaro deve trocar 40% do seu ministério em abril, com a proximidade das eleições. As previsões indicam que 10 dos 23 ministérios devem deixar o cargo.
Cenário de greve dos servidores em janeiro
Diante dos movimentos erráticos do governo, pensando em autorizar reajuste de salário para uma categoria, a Polícia Federal, e deixando de fora outras, o que se prenuncia para janeiro poderá ser algo explosivo politicamente. Muitos sindicatos de categorias do serviço público, como Receita e Banco Central, anunciam que devem entrar em greve por reajustes salariais. Paulo Guedes considera haver caixa, em torno de R$ 1,7 bilhões, apenas para alguns bônus. Segundo ele, se autorizássemos um reajuste geral, seria uma explosão, o rompimento de uma barreira, tal qual Brumadinho.
INDICADORES
No Brasil
IGP-M registrou 0,87% em dezembro, acumulando 17,78% no ano. Importante considerar que este índice é um importante indexador de contratos, como aluguéis. Não acreditamos, no entanto, que este reajuste venha a ser sancionado, até porque muitos acordos devem ser negociados. Será caso a caso.
Em novembro, o superávit primário do governo consolidado fechou em R$ 15,03 bilhões, em 12 meses chegando a R$ 12,76 bilhões, 0,15% do PIB, melhor resultado desde outubro de 2014. Desde então o resultado era deficitário em 12 meses. Lembremos que ao fim de 2020 o rombo foi de R$ 702,95 bilhões, num momento de adoção de variados estímulos fiscais num contexto de agudização da pandemia. A justificar esta virada em 2021, a recuperação da economia em “V”, embora não sabendo se sustentável, e a forte reação da arrecadação federal, essencial neste desempenho fiscal de 2021. Expectativas de mercado indicam um crescimento da economia, em 2021, em torno de 4,5%, algo que não deve se repetir neste ano de 2022. Não deve passar de 1%.
Assim, segundo o Tesouro, em 2021 o superávit primário deve fechar em R$ 5 bilhões e em 2022 ajustes do Orçamento acabarão inevitáveis para acomodar as novas fontes de pressão de gastos, com os precatórios, os programas sociais e desonerações (17 setores). Para cobrir estas últimas, é bem provável que o IOF seja prorrogado.
Pelo clima existente, a confiança empresarial perdeu tração neste final de ano. Segundo a FGV, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu 1,8 ponto em dezembro, a 95,2. Na média do quarto trimestre, o índice recuou 3,9 pontos em relação ao trimestre anterior. Isso é um forte indício de desaceleração da economia neste período.
Indicador de Incerteza da FGV em queda pelo terceiro mês seguido. Este indicador, o IIE-Br, da FGV, cedeu 7 pontos em dezembro, a 122,3 pontos. Isso demonstra que mesmo com o clima político açodado, o horizonte turvo com a pandemia deu uma acalmada por estes tempos.
MERCADOS
Bolsas de valores abrindo a semana “sem direção definida”, diante do avanço da Ômicron, mas importante pela sinalização de que estamos ingressando no ciclo de uma endemia, não mais pandemia. Os índices futuros americanos operavam em ALTA, assim como as bolsas europeias. As bolsas na Ásia operavam meio sem rumo, algumas em alta, outras recuando.
Na madrugada do dia 03/01, na Europa (05h12), os mercados futuros operavam EM ALTA: DAX (Alemanha) +0,52%, a 15.967 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,25%, a 7.384 pontos; CAC 40 +0,70%, a 7.202 pontos, e EuroStoxx50 +0,45%, a 4.325 pontos.
Na madrugada do dia 03/01, na Ásia (05h11), os mercados operaram MISTOS: S&P/ASX (Austrália), -0,92%, a 7.444 pontos; Nikkei (Japão) -0,40%, a 28.791 pontos; KOSPI (Coréia), +0,37%, a 2.988 pontos; Shanghai +0,00%, a 3.639, e Hang Seng, -0,66%, a 23.242 pontos.
No futuro nos EUA, as bolsas de NY, NO MERCADO FUTURO, operavam EM ALTA neste dia 03/01 (05h10): Dow Jones, +0,34%, 36.349 pontos; S&P500 +0,39%, 4.777 pontos, e Nasdaq +0,47%, a 16.396 pontos. No VIX S&P500, 19,30 pontos, -1,90%.
No mercado de Treasuries, US 2Y AVANÇANDO 0,29%, a 0,7341, US 10Y +0,92%, a 1,512, e US 30Y, +0,68%, a 1,902. No DXY, o dólar +0,33%, a 95,905, e risco país, CDS 5 ANOS, a 202,8 pontos. Petróleo WTI, a US$ 76,16 (+1,26%) e Petróleo Brent US$ 78,75 (+1,25%). Gás Natural +0,05%, a US$ 3,73 e Minério de Ferro, +0,89%, a US$ 680.