- Resultados do 4T2018 serão divulgados na quarta-feira, 30 de janeiro, antes da abertura do mercado;
- Expectativa de receita: US$ 48,5 bilhões
- Expectativa de lucro por ação: US$ 0,86.
Depois de adquirir o equivalente a US$ 85 bilhões em ativos da Time Warner em junho passado, a AT&T (NYSE:T), maior operadora de telecomunicações dos EUA, não tem muito tempo para provar aos investidores desconfiados que valeu a pena apostar nesse negócio. O número de investidores céticos é maior do que o daqueles que acreditam que a estratégia de enfrentar empresas inovadoras na área de conteúdo de entretenimento, como a Netflix (NASDAQ:NFLX), estancará a hemorragia provocada pelos cancelamentos de assinaturas, que estão corroendo a fonte de receita da AT&T.
As ações se desvalorizaram 20% no último ano, um desempenho que ficou aquém dos seus dois rivais mais próximos, a Verizon (NYSE:VZ) e o setor de mídia e entretenimento mais amplo do S&P 500. Tudo isso faz com que a divulgação dos resultados do quarto trimestre da companhia, marcada para o final desta manhã, seja extremamente importante para os investidores.
O período encerrado em dezembro será o segundo trimestre em que a AT&T terá a oportunidade de comprovar os benefícios da inclusão os ativos da Time Warner em seu portfólio. Os analistas, em média, esperam um crescimento de 10% em seu lucro por ação, para US$ 0,86, e uma disparada de 16% nas vendas, alcançando US$ 48,5 bilhões.
Estratégia de crescimento apoiada em dívidas; mercado superconcorrido
Ainda assim, mesmo que a companhia supere as expectativas dos analistas para o último trimestre, não vemos suas ações retomando uma jornada de alta sustentada no curto prazo. Nosso pessimismo quanto a isso é bastante simples: os negócios mais antigos da AT&T estão perdendo seu brilho rapidamente, e sua estratégia de crescimento apoiada em dívidas apresenta muitos obstáculos a serem superados.
No terceiro trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) do seu grupo de entretenimento, um negócio-chave para melhorar o desempenho operacional da AT&T, continuou desapontando. O EBITDA da divisão encolheu cerca de 9%, para US$ 2,4 bilhões, já que a DirecTV perdeu centenas de milhares de assinantes via satélite.
O outro empecilho para o preço das ações da AT&T é sua enorme pilha de dívidas – cerca de US$ 175 bilhões – que a companhia acumulou nos últimos três anos, devido às aquisições da Time Warner e da DirecTV. Esses dois negócios alavancaram o balanço patrimonial da AT&T em 3,9 vezes em relação ao EBITDA, em um momento em que a receita operacional está encolhendo e a companhia está sofrendo uma imensa pressão tanto dos acionistas quanto dos órgãos reguladores. O Departamento de Justiça pretende tomar uma decisão rápida quanto à análise de um recurso de uma decisão judicial que permitiu que a AT&T comprasse a Time Warner (NYSE:TWX) no último verão.
Para aproveitar ao máximo os ativos de conteúdo da Time Warner, a AT&T anunciou que lançará um serviços de streaming direto ao consumidor no final de 2019, concorrendo diretamente com a Netflix, Hulu, Amazon.com (NASDAQ:AMZN) e o próprio serviço de streaming da Disney (NYSE:DIS), que deve ser lançado em breve.
Entretanto, em nossa visão, o cenário de streaming de vídeo está se tornando competitivo demais. As empresas com maior orçamento terão melhores chances de sucesso do que a AT&T, cuja prioridade, neste momento, deveria ser cortar suas dúvidas e salvar sua classificação de crédito.
Resumo
Apostar nas ações da AT&T, que fecharam o pregão de ontem cotadas a US$ 30,70, só porque a empresa quer se tornar um negócio de mídia moderno é arriscado. A companhia está enfrentando perigos demais que podem destruir suas ambições e forçar sua gerência a cortar seu rico dividendo de US$ 2,04 por ação, a fim de preservar o caixa.
O mundo corporativo está cheio de exemplos de planos ambiciosos de crescimento que rapidamente se tornam uma ilusão, principalmente quando são alimentados por dívidas enormes. Os papéis da AT&T, mesmo com seu dividend yield de 6,65%, não compensam os investidores do risco que estão correndo.