Na última quarta-feira, o Fed sobiu a taxa de juros dos EUA para 4,00%, conforme as expectativas do mercado. De acordo com o comunicado do comitê, ficou entendido que haveria uma desaceleração na alta para a próxima reunião ficando em 0,50 pontos porcentuais, já que é a quarta vez seguida que se elevam os juros em 0,75 pontos.
Após a divulgação do dado e da ata, Jerome Powell responde a entrevista. Ele foi perguntado ao menos 3 vezes sobre as expectativas de elevação para a próxima reunião, e o presidente do FED não respondeu de forma clara a essa pergunta.
Em algumas de suas falas ele cita que é muito prematuro pensar em uma diminuição na taxa de juros, não há definição “de pivô”, trazendo um tom mais duro para o mercado, e também disse que a inflação vai impactar o salário dos trabalhadores daqui pra frente, ou seja, o poder de compra do cidadão norte-americano será reduzido de forma mais efetiva. Essas informações trouxeram mau humor para o mercado fazendo o S&P500 fechar no negativo pelo quarta dia seguido na semana.
Como os dados do ADP vieram fortes, era esperado a mesma força para os dados do Payroll. Na sexta-feira da divulgação tivemos um aumento de 0,1% no ganho médio por hora trabalhada e 0,2% na elevação da taxa de desemprego. Já no relatório de empregos privado e não agrícola houve uma redução significativa na geração de empregos, comparados ao mês anterior, o que acabou animando o mercado no último pregão da semana.
Muito se especula para o aumento na próxima taxa de juros, os analistas estão divididos entre 0,50 a 0,75 pontos, porém ao meu ver a diferença fica para a velocidade de deslocamento da curva de juros. Sendo assim, a taxa de juro ainda não ultrapassa a inflação ou o juro neutro, ou seja, ainda estamos longe de chegar em um juro real positivo. Só nos resta aguardar se Powell irá manter suas promessas.
Não vejo outros drivers que possam impactar de forma positiva para a subida da bolsa americana no curto prazo, inclusive podemos observar que o setor imobiliário norte-americano começa a mostrar sinais de uma continuação em sua movimentação de queda.
Outro aspecto importante para se observar são as eleições legislativas de meio de mandato “midterms”, que irão ocorrer no dia 8, em que o presidente Joe Biden está com a popularidade muito baixa e provavelmente vai impactar seu apoio no legislativo.
Dito isso, ainda vejo o SP500 abaixo de 3.600 pontos.