Não tem jeito. Por enquanto, o mercado é de volatilidade, no Brasil, dadas as incertezas com a PEC dos Precatórios, no mundo, com a nova variante Ômicron. A PEC passou pela comissão do Senado e agora deve ir para votação em plenário nesta quinta-feira (dia 02), ou só na semana que vem. São muitas as arestas a serem aparadas. Fernando Bezerra pretende desidratar ainda mais o texto do governo, em resposta às demandas políticas. No mundo, tudo azedou com o primeiro caso de contágio pela nova variante. No Fed, Powell reafirmou sua intenção de acelerar o tapering, no objetivo de manter a inflação sob controle. Neste ambiente, o VIX, indicador de volatilidade, chegou a valorizar 17% no dia, a 31,84 pontos. Hoje, mais volatilidade nos espera.
Sobre a nova variante
O mundo segue em suspense, dados os riscos de espalhamento e incrível quantidade de mutações da variante Ômicron. A Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34)já anunciou que uma nova vacina específica deve ser lançada em março. Já o Dr. Fauci acha muito cedo qualquer conclusão sobre o que acontecerá com a variante. Para ele, “o perfil molecular implica que ele pode ser mais transmissível e escapar da proteção das vacinas”. Por enquanto, a OMS diz não serem necessárias novas vacinas, mas sim pequenos ajustes sobre as atuais.
PEC dos Precatórios
Não tem jeito 2. Fernando Bezerra, relator da PEC, terá que negociar com os partidos críticos ao projeto do governo. Terá que pensar numa “versão aprimorada”. Uma das medidas mais importantes em debate é a que coloca um prazo, até 2026, para a revisão ou extinção do subteto dos precatórios. Outras medidas são a retirada do FUNDEF do teto, abrindo espaço para precatórios alimentícios, e a derrubada da securitização da dívida judicial.
Movimentações do Bacen
Tudo leva a crer que o Bacen terá que elevar a taxa Selic ainda mais, a 11% até o Copom de março, depois aguardando a “resposta da economia e do mercado”. Teremos mais uma elevação da taxa em 1,5 ponto percentual, na próxima reunião, quarta-feira que vem, e depois mais uma ou duas, até março. Mas será 11% o teto? Não sabemos. Tudo dependerá da inflação e dos ambientes político e externo, incluindo aqui a evolução do Covid.
André Mendonça, aceito para o STF
Depois de meses na “geladeira”, finalmente o pastor, “terrivelmente evangélico”, e ex-ministro da Justiça, André Mendonça, foi aprovado no Senado. Foram 47 votos a favor, 32 contra no plenário, e na CCJ, 18 a 9.
Jerome Powell do Fed: acabou o “transitório”
Powell reafirmou estar aberto ao tapering mais rápido. Disse que a economia aprendeu a lidar com as ondas de Covid, que o risco de inflação persistente aumentou e os salários aumentaram forte. Ou seja, inflação e emprego estão sob tensão. Para o presidente do Fed de NY, John Williams, a variante Ômicron pode prorrogar os gargalos e a escassez que causam inflação. Aguardemos a próxima reunião do FOMC, agora em dezembro, para maiores considerações sobre a antecipação no ciclo do tapering. Estejamos atentos, também, nesta semana e na próxima, sobre as negociações do Congresso, em torno das limitações do teto de gastos, em vencimento agora e ameaça de shutdown. Os democratas já trabalham em torno do tema.
No gráfico a seguir, perspectiva de inflação nos próximos 5 anos recua, diante da perspectiva de ação mais incisiva da política monetária do Fed.
Enquanto isso na Turquia...
Um país emergente problemático, por ter um líder, Tayyip Erdogan, ainda mais polêmico, desta vez, mais uma, demitindo o ministro do Tesouro e da Fazenda, Elvan. Erdogan defende um “experimento complicado”, uma “política monetária ainda mais frouxa”, reduzindo juro, mesmo num ambiente de inflação e câmbio disparando. O CDS de cinco anos do país disparou nesta quarta, a 531 bps, MAIOR VALOR em um ano, e a lira turca despencou mais de 8% contra o dólar. No ano, a perda chega a mais de 47%, 31% em novembro.
Indicadores
No Brasil
Fluxo cambial total em novembro, até o dia 26, é negativo em US$ 4,25 bilhões. No financeiro é positivo em US$ 2,85 bilhões, no comercial, negativo em US$ 7,10 bilhões. No ano, fluxo total é de US$ 15,22 bilhões. Bacen tem ganho líquido de R$ 5,14 bilhões com swap cambial em novembro até o dia 26. Posição líquida é de US$ 267,89 bilhões. O saldo negativo no comercial em novembro se explica pela volatilidade da taxa de câmbio, o que vai levando os exportadores a aguardar o melhor momento para escoar seus produtos. No financeiro, o saldo positivo forte se explica pela arbitragem de juros.
Índice de confiança empresarial (ICE) caiu 3,3 pontos em novembro, a 97,0.
PMI Industrial caiu a 49,8 em novembro, contra 51,7 em outubro.
IPP chegou a 2,16% em outubro contra setembro. No ano atingem 26,57% e em 12 meses 28,83%. Em outubro, 22 das 24 atividades registraram aumento de preços.
Vendas de carros. Recuaram 23,4% em novembro contra o mesmo mês do ano passado, pior novembro em cinco anos, em decorrência da falta de chips. No mensal, avanço foi de 10 mil contra outubro, no total de 172,3 mil. Esta alta mensal foi de 6,2%, mas em queda de 23,4% contra novembro do ano passado. No ano, vendas somam 1,91 milhão, 5,4% a mais do que no mesmo período de 2020.
Vendas de diesel somaram 5,6 bilhões de litros em outubro, alta de 1% contra o mesmo mês do ano passado. No ano, vendas acumulam alta de 8,7%.
Balança comercial veio com déficit de US$ 1,30 bi em novembro, primeiro em dez meses. Por outro lado, corrente de comércio somou US$ 41,89 bi, crescendo 37% contra novembro de 2020.
CNI. Faturamento da indústria recuou 2% em outubro contra setembro, menor nível desde junho de 2020. Contra outubro de 2020, queda é de 12,8%.
Nos EUA
Livro Bege. Sobre os seus pontos principais: emprego cresce em ritmo modesto e moderado na maioria dos distritos; atividade segue contida pela oferta de mão de obra escassa e gastos crescem modestamente; e baixos estoques derrubam as vendas em alguns setores, como veículos leves.
Índice de Atividade industrial de novembro em Chicago (ISM) subiu a 61,1, dentro do previsto.
PMI Industrial caiu a 58,3 em novembro contra 59,1 em outubro.
Geração de empregos privados (ADP). Setor privado criou 534 mil empregos em novembro, contra previsão de 506 mil.
Mercados
Na terça-feira (dia 01), Ibovespa recuou 1,12%, a 100.774 pontos, no mercado cambial, dólar em alta de 0,61%, a R$ 5,716.
Na madrugada do dia 02/12, na Europa (05h12), os mercados futuros operavam em queda: DAX (Alemanha) -1,36%, a 15.261 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,99%, a 7.097 pontos; CAC 40 -1,19%, a 6.800 pontos, e Euro Stoxx 50 -1,59%, a 4.112 pontos.
Na madrugada do dia 02/12, na Ásia (05h11), os mercados operaram com sinais mistos: S&P/ASX (Austrália), -0,15%, a 7.225 pontos; Nikkei (Japão) -0,65%, a 27.753 pontos; KOSPI (Coréia), +1,57%, a 2.945 pontos; Shanghai -0,09%, a 3.573, e Hang Seng, +0,37%, a 23.746 pontos.
No futuro nos EUA, as bolsas de NY, no mercado futuro, operavam em alta neste dia 02/12 (05h10): Dow Jones, +0,72%, 34.247 pontos; S&P500 +0,62%, 4.536 pontos, e Nasdaq +0,25%, a 15.916 pontos. No VIX S&P500, 25,82 pontos, -7,22%. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 6,00%, a 0,5968, US 10Y +0,96%, a 1,448, e US 30Y, -0,20%, a 1,774. No DXY, o dólar +0,06%, a 96,080, e risco país, CDS 5 anos, a 255,8 pontos. Petróleo WTI, a US$ 66,47 (+1,37%) e Petróleo Brent US$ 69,89 (+1,48%). Gás Natural recuando 0,52%, a US$ 4,24 e Minério de Ferro, -3,1%, a US$ 609.
Na agenda desta quinta-feira (02), o PIB do terceiro trimestre, sendo negativo, teremos uma “recessão técnica”. Crescemos 1,2% no primeiro tri, recuamos 0,1% no segundo.