O relatório de emprego Payroll do Departamento de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Stastistics – BLS) é o dado de maior relevância divulgado mensalmente pelo governo americano. É reportado, via de regra, na primeira sexta-feira do mês.
Como está diretamente relacionado à empregabilidade da maior economia do mundo, o Payroll tem a capacidade de fazer preço nas ações e índices tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Os operadores do mercado sabem da provável volatilidade no momento da sua divulgação — que depende do resultado acima ou abaixo do esperado. Uma grande disparidade em relação ao consenso tende a gerar movimentos mais intensos.
O BLS faz dois levantamentos diferentes para avaliar a situação do emprego no país, um com a finalidade de mensurar o emprego e o outro visa estimar o desemprego.
Diferença entre a folha de pagamento e a taxa de desemprego
A folha de pagamento leva em conta o número de empregos criados em aproximadamente 400 mil empresas e em órgãos do governo. O levantamento abrange quase 50 milhões de funcionários e corresponde a quase 40% da força de trabalho total. A folha de pagamento não-agrícola excluí os trabalhadores rurais pela maior volatilidade do setor. Esta tem maior atenção por parte dos operadores de curto prazo.
Já a taxa de desemprego é um levantamento domiciliar que aufere o número de pessoas que estão empregadas ou em busca de trabalho. Os dados são coletados em cerca de 60 mil domicílios no país. Os desalentados — indivíduos capazes de trabalhar, mas que não procuram emprego — não entram no cálculo da taxa de desemprego.
Os autônomos não são considerados na folha de pagamento e são no levantamento domiciliar. Os trabalhadores com dois empregos são considerados duas vezes no levantamento de folha de pagamento, mas uma única vez para a taxa de desemprego.
Os dados possuem formas distintas para mensurar o nível de emprego. Por isso, eles podem ser divergentes. É possível o aumento da folha de pagamento e da taxa de desemprego, bem como também o oposto.
Em momentos de recuperação econômica, o número de pessoas procurando emprego pode ampliar e elevar a taxa de desemprego, diante do aumento da população desocupada em relação à força total de trabalho.
Indicadores locais similares
No Brasil, os principais indicadores de emprego são o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia e a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE. O Caged fornece o número de vagas formais e contabiliza admissões e demissões de trabalhadores. A Pnad Contínua é uma pesquisa domiciliar para avaliar a população desocupada sobre a disponibilidade total de trabalhadores e registra dados do mercado de trabalho formal e informal.
Payroll de novembro
O relatório Payroll apontou a criação de 263 mil postos de trabalho não-agrícolas nos EUA no mês passado, ante expectativa de 200 mil. A taxa de desemprego ficou estável em 3,7% no período, como esperado pelo mercado. Houve o aumento da geração de vagas ao passo que a taxa de desemprego se manteve no mesmo patamar, como visto, isso pode acontecer.
Volatilidade
O último relatório foi divulgado às 10h30 do dia 02 de dezembro e gerou aumento de volatilidade no horário. A redução da liquidez favorece esse tipo de movimentação. Abaixo o gráfico intradiário (15 min) do índice futuro Ibovespa e do índice futuro do S&P 500 no momento.
Gráfico futuro do Ibovespa. Fonte: Investing.com
Gráfico futuro do S&P 500. Fonte: Investing.com
A compreensão com maior grau de detalhamento a respeito do indicador de alta relevância no mercado financeiro contribui aos operadores. Para os que operam no intraday, a divulgação do relatório tem a possibilidade de ampliar a oscilação dos ativos e saber sobre se ele pode auxiliar na tomada de decisão — inclusive de “ficar de fora”, pois grande parte dos traders preferem não operar no horário. Para os que montam posições de curto e médio prazo, o Payroll dá sustentação em conjunto com outros dados acerca da dinâmica atual da economia e do momento do ciclo econômico dos Estados Unidos.