Tão importante quanto escolher as ações que irão compor sua carteira de investimentos é realizar uma boa alocação de portfólio, que consiga se beneficiar da diversificação e da descorrelação dos ativos, gerando retornos interessantes – com menos risco – para o investidor.
É importante ressaltar que a alocação de portfólio perfeita não existe, ela dependerá de seus objetivos, tolerância a volatilidade e horizonte de investimento. Meu objetivo aqui é proporcionar a vocês uma estratégia muito simples e que se mostrou extremamente vencedora, o Portfólio 60 – 40.
Esta talvez seja a estratégia mais conhecida entre os investidores, principalmente por conta de sua facilidade e de seus bons resultados - tanto em termos de rentabilidade quanto volatilidade. Foi popularizado por Jack Bogle, grande personalidade no mundo dos investimentos.
De forma simples, a estratégia consiste em dividir seu patrimônio em 60% renda variável e 40% em investimentos de renda fixa, sendo a primeira parte em um fundo passivo de baixo custo que siga a performance do mercado acionário norte-americano e a segunda um fundo passivo, também de baixo custo, que siga uma cesta de títulos de renda fixa de médio prazo – com vencimento em dez anos.
Caso queira seguir a estratégia adotada por Jack Bogle, o investidor pode investir em ETFs como o VTI, que segue todo o mercado acionário norte-americano, ou em proxys do mercado, como o QQQ e o VOO, que seguem os índices NASDAQ-100 e S&P 500, respectivamente.
Pelo lado da renda fixa, existem ETFs que seguem títulos de renda fixa de médio prazo, como o GOVT – que reúne títulos do tesouro dos EUA com vencimentos acima de um ano – e o IEF, que reúne títulos do tesouro americano com vencimentos entre e sete a dez anos.
O investidor que seguiu essa estratégia entre 1970 e 2010 reportou uma rentabilidade anual de 6,1% real, isto é, descontado da inflação. Não é uma estratégia “sexy”, mas como podemos ver, é efetiva.
Nos últimos doze meses, o Portfólio 60 – 40 (com os ETFs VOO e GOVT) teve uma rentabilidade de 12% com uma volatilidade de 18,93%, contra 9,17% e 33,91%, respectivamente, do S&P 500.
No entanto, é necessário ressaltar que os números estão influenciados pelo momento conturbado em que vivemos. Quando analisamos o longo prazo, vemos que o S&P 500 possui um desempenho melhor do que o Portfólio 60-40, mas com mais volatilidade.
O investidor deve, com base em seu perfil, ajustar os pesos de sua carteira entre aplicações de renda fixa e ativos de renda variável. Caso reaja bem às quedas do mercado, como a recente que presenciamos, dê uma preferência maior pelas ações, caso contrário, priorize a renda fixa.
Pelo fato de Jack Bogle ser um investidor americano, sua estratégia é voltada aos Estados Unidos. No entanto, isso não nos impede de tirar proveito da ideia central da mesma e aplicar aqui no Brasil: comprar fundos passivos de baixo custo e “segurá-los” para o longo prazo.
Uma solução aos investidores brasileiros é: 30% em ETF que siga o mercado norte-americano, 30% em algum ETF que siga o mercado brasileiro (ou alguma carteira de ações selecionadas por você ou algum profissional, já que nossas opções locais de ETFs para renda variável ainda não são ideais) e 40% em ETFs de renda fixa, como o IMAB11.
Para mim, o mais legal dessa estratégia é que ela mostra que a complexidade muitas vezes não é necessária, e que investidores podem atingir objetivos surpreendentes mantendo as coisas simples.
O Portfólio 60 – 40 é apenas uma das diversas estratégias de alocação de ativos que existem por aí. Faça uma pequena pesquisa e tenho certeza de que encontrará aquela com que mais se identifica.