A ideia do sonho americano parte da premissa de que todos os cidadãos usufruem de uma oportunidade igual de atingir sucesso e prosperidade, através de trabalho duro, determinação e iniciativa.
Um jovem bem-intencionado, enaltecido com as possibilidades que o futuro reserva para ele, normalmente busca caminhos tradicionais para demonstrar seu valor à sociedade e ascender profissionalmente.
A porta de entrada para o mercado de trabalho é a aquisição de um diploma universitário.
Um indivíduo portanto, ao se formar no ensino médio, tem a opção de ir para a faculdade, aprender sobre assuntos relacionados a uma área do mercado de trabalho, para então entregar valor a alguma empresa em troca de remuneração financeira.
Tudo de acordo. A pessoa, que aprendeu desde cedo que a trajetória convencional para o sucesso é frequentar uma boa faculdade, vai em busca de uma instituição que forneça um curso na área de preferência individual.
Nos Estados Unidos, as anuidades universitárias são caras. Um sujeito que mal alcançou a maioridade, na maioria das vezes não possui fonte de renda.
Nesse caso, para adentrar no mundo acadêmico, existem duas opções: ou alguém arca com as cobranças financeiras da faculdade (os pais por exemplo), ou a pessoa adquire uma dívida, ao realizar um financiamento estudantil com alguma instituição monetária.
O que está acontecendo com muitos estudantes estadunidenses é o direcionamento voluntário para uma cilada.
Desde criança, ouvem que gastar dinheiro com educação pessoal é um investimento. Frequentar uma universidade não é apenas bem visto publicamente, é considerado por muitos como o único caminho possível para o sucesso.
A realidade, no entanto, é outra. Está acontecendo um fenômeno de débito insustentável em massa, para fins estudantis.
O que inicialmente se configurava como um investimento, se revela como um desinvestimento. O jovem bem-intencionado não faz projeções do quanto de renda irá ter após se formar. Mesmo se fizesse, seria algo extremamente especulativo, dificilmente chegaria num valor que condiz com o futuro.
Educação pessoal é sim um investimento. Porém, sob as premissas vigentes nos Estados Unidos, o empréstimo estudantil pode se comportar como um parasita, que acompanha o sujeito por anos a fio.
Os juros que atuam sobre as dívidas nunca descansam. O valor presente do débito estudantil se mostra muito maior do que o da renda conquistada nos anos após a graduação.
A situação está alarmante, o valor do débito que será arcado pelos estudantes já está em US$ 1,5 trilhão, superior às dividas de cartão de crédito e de empréstimos automobilísticos. Para efeito ilustrativo, o PIB do Brasil em 2017 foi de US$2,05 trilhões.
Recentemente o S&P 500 bateu recorde histórico de valorização, denotando os bons resultados do mercado de capital americano.
Contudo, se analisarmos a evolução da renda média familiar nos Estados Unidos perante o crescimento do PIB americano dividido pelo total de casas, vemos uma discrepância.
O que se conclui a partir disso, é que a riqueza criada está indo para a mão de poucos indivíduos, que se beneficiam da evolução empresarial e do mercado de capitais.
Os indivíduos médios, que se endividam para frequentar universidades, acabam dando dinheiro para os bancos ao invés de experimentarem retornos pessoais.
O sonho americano, de igualdade de oportunidade, está sendo ofuscado pelas dívidas crescentes, que transformam jovens em reféns.
Com a disseminação massiva de informação na internet, onde alguém bem direcionado pode consumir informações de qualidade por um custo baixo, por quanto tempo o caminho tradicional de evolução profissional será aceito?