Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
O Nasdaq 100 recuou cerca de 30% em 2022 e ainda não há sinais de fundo à vista. Os declínios ocorreram por uma boa razão: a intenção do Federal Reserve de realizar várias elevações de juros em 2022 e 2023, o que provocou uma significativa alta nas taxas e nas estimativas de queda de resultados.
Além disso, as tendências técnicas no Nasdaq demonstraram bastante fraqueza, com poucos sinais de melhora até o momento. A combinação de uma perspectiva de fundamentos fracos com a deterioração das tendências técnicas ajuda a explicar a debilidade geral do mercado e por que podemos não ver as máximas históricas por um bom tempo.
As taxas dos títulos americanos, como o TIPS de 10 anos, subiram forte em 2022, o que ajudou a reduzir a relação de P/L do Nasdaq 100 e, com isso, a puxar para baixo o valor do índice. Isso se deve ao fato de que os juros em ascensão prejudicam a taxa de retorno dos resultados (earnings yield) do Nasdaq 100. A taxa de retorno é o inverso da relação P/L, portanto a alta da primeira leva a uma queda da segunda.
Fonte: Bloomberg
Além da alta dos juros, as estimativas de resultados do Nasdaq 100 caíram drasticamente desde o início de 2022. Em janeiro, houve um salto nas previsões de lucro do Nasdaq 100 para quase US$ 571 por ação. Desde então, as projeções de resultados recuaram para US$ 560, uma queda de cerca de 2%. Não é muito, considerando o atual contexto, mas quando os múltiplos P/L estão em queda, um declínio nas estimativas dos resultados pode reduzir o valuation do índice.
Fonte: Bloomberg
A queda dos resultados no índice mais amplo e da relação P/L também se reflete no nível das ações individuais, o que se evidencia no número de novas máximas menos o número de novas mínimas no Nasdaq no período diário. A quantidade de novas mínimas vem superando a de novas máximas há vários meses, sem mostrar sinais de desaceleração. Uma visão cumulativa da diferença ilustra a queda bastante acentuada desde o pico de novembro.
O mais importante é que esse número cumulativo de novas máximas menos novas mínimas não dá indicativos de que esteja parando de cair. No passado, quando esse indicador parava de recuar, coincidia com a formação de fundo no Nasdaq 100.
O mais notável é que a porcentagem de ações acima da sua média móvel de 200 dias no Nasdaq está abaixo de 10%. Historicamente, trata-se de um nível baixo e raro. Nos últimos 20 anos, só ficou abaixo de 10% poucas vezes, um sinal de como muitas ações estão deprimidas.
A grande questão para o Nasdaq e para sua direção a partir de agora é saber qual será a intensidade da alta dos juros e se as estimativas de resultados ainda podem cair mais. Isso depende do que o Fed pretende fazer, isto é, da sua disposição de elevar os juros e de qual será o impacto disso na economia.
Estamos vivendo períodos perigosos e, em vista do caminho que o Fed está tomando, tudo leva a crer que a relação P/L do Nasdaq retornará para suas antigas máximas em breve, o que significa que o índice pode não voltar para a máxima histórica por um longo período.