Na comemoração pelos “mil dias de governo”, mais uma declaração desastrada do presidente. Na Petrobras (SA:PETR4), uma entrevista coletiva do presidente Silva e Luna, lúcida e transparente, mas que agitou os mercados nesta segunda-feira (dia 27). Juro futuro operou em alta, dólar se valorizou e bolsa de valores oscilando ao sabor do desempenho da Petrobras. Ao fim, nada de negativo foi dito. Foi um alívio. Nesta terça-feira, toda atenção para a ata do Copom, ainda mais com os desencontros diários em declarações de autoridades.
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No “Balanço dos mil dias”, Paulo Guedes disse que num ciclo de dez anos no poder (quem acredita?) ele conseguiria privatizar a Petrobras e o Banco do brasil. Para ele, este é um dos vetores “muito claros para o futuro”, assim como alterações no regime previdenciário. Seu objetivo seria alterá-lo para capitalização, na qual, cada qual será responsável pela gestão do seu acúmulo de poupança. Disse ainda Guedes que a economia está rodando em torno de 5,3% neste ano, a formar um “V”. Disse também que “precisaremos sempre do Congresso e, futuramente, da interpretação do STF, para avançar em novas pautas”.
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Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, no entanto, acabou se destacando por mais uma declaração desastrada, ao afirmar “nada é tão ruim que não possa piorar”, ao se referir à trajetória do câmbio e da inflação. Para ele, o preço do combustível é uma realidade mundial e não acontece por “maldade”. Foi mais uma declaração desastrada e despropositadas para um presidente da República. Seu papel não é exercer este “sincericídio” diário, mas sim passar à “sociedade” uma mensagem de esperança, que o governo está trabalhando para superar as dificuldades. Tentar unir o país, afirmar (e reafirmar), que, juntos, poderemos superar as dificuldades. Não dá para, à todo momento, soltar um petardo e tumultuar os mercados. Seu papel é dar um norte ao País, tranquilizar os agentes e mostrar liderança de fato, e não ficar batendo boca e levantando falsas polêmicas diariamente.
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Ao contrário, em entrevista coletiva, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, acalmou os mercados e reforçou que não haverá mudanças na política de preços da empresa, que trabalha “o tempo todo” avaliando os mercados e analisando se a política é adequada ou não. Ou seja, nada mudou em relação ao presidente anterior, Castelo Branco, o que reforça a desastrada (mais uma) intervenção do presidente naquela ocasião. Disse então que Castello Branco ganhava muito para ficar em casa, em home-office. De fato, um presidente de uma empresa como a Petrobras, ganha muito bem, dizem R$ 260 mil mensais, mas nada muda. Ficar em casa ou no escritório da Rua Chile, realmente, não muda em nada seu desempenho como presidente. E o Guedes teve que aceitar.
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No Congresso, o relator Juscelino Filho (DEM) conseguiu a aprovação do projeto de lei que autoriza o governo a usar a reforma do Imposto de Renda, na compensação da criação do Auxílio Brasil. Proposta foi aprovada na Câmara, recebeu o “aceite” no Senado e deve ir para sanção presidencial. Mesmo assim, pelo atraso, é possível que o presidente prorrogue o auxílio emergencial por mais um mês.
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No projeto de lei aprovado, o Centrão deu seu recado. Correu na sua aprovação e usará todos os seus “poderes” para agilizar a agenda de reformas e pavimentar sua estratégia de “toma lá dá cá”. Pelas medidas aprovadas, praticamente, abriu espaço para mais verbas em obras e iniciativas regionais, de interesse dos parlamentares, ameaçando inclusive, o teto dos gastos. Isso porque deu aos parlamentares o poder de incluir “aditivos” em obras do seu interesse, que estejam paradas.
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Sobre a ata do Copom, em debate nesta terça-feira, bem provável que confirme os sinais de novos aumentos da Selic, em torno de 1 ponto percentual por reunião do Copom (ainda faltam duas neste ano), e um olhar mais atento para a retirada dos estímulos monetários nos EUA, depois de novembro (FOMC). Por lá, o Senado ainda não conseguiu votos suficientes para avançar no projeto de lei para suspender o limite de endividamento e evita o lockout (paralisação da máquina pública).
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Na China, além do desafio de sanear a incorporadora China Evergrande Group (HK:3333) (OTC:EGRNY), e da regulação em vários mercados, como de educação e tecnologia, outro problema na mesa é a crise energética, o que tem derrubado várias ações de empresas com “filiais” na China, como Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) e Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34). Isso tem tornado o mercado de ativos na China mais volátil, contribuindo para sua perda de retorno. Mesmo assim, a tese estrutural deste mega mercado não muda. A China ainda oferece bons retornos no longo prazo com baixa correlação em relação ao resto do mundo. Não se esqueçam que no ano que vem teremos mais uma plenária quinquenal do PCC e a Olímpiada de Inverno.
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Dívida pública brasileira encerrou agosto em R$ 5,48 trilhões, alta de 1,57% sobre julho. Já a Dívida Mobiliária somou R$ 5,23 trilhões, +1,59% sobre julho. Tivemos R$ 45,52 bilhões em emissões líquidas, R$ 72,0 bi em emissões de fato, em sua maioria, títulos atrelados à Selic (R$ 47,7 bi),e R$ 26,5 bi em resgates. Segundo o IPEA, o desemprego recuou a 13,7% da PEA em julho, último mês do trimestre móvel iniciado em abril, segundo a PNAD Contínua. Em março foi a 15,1%.
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Sobre a pandemia, relativo controle se observa, mas toda atenção é pouca sobre a variante Delta, havendo risco elevado, por exemplo, em Cingapura.
Mercados
O Ibovespa fechou segunda-feira, em suave alta, refletindo o desempenho da Petrobrás, depois da entrevista coletiva do seu presidente. O índice paulistano avançou 0,27%, a 113.583 pontos. Já o dólar engatou o quarto pregão em alta, ao final do dia valorizando 0,65%, a R$ 5,37895.
Nesta madrugada (09h05), dia 28/09, na Ásia, os mercados operaram entre altas e baixas. Nikkei -0,19%, a 30.183 pontos; KOSPI, na Coréia do Sul, -1,14%, a 3.097 pontos; Shanghai Composite, +0,54%, a 3.602 pontos, e Hang Seng,+1,17%, a 24.469 pontos.
Nesta madrugada do dia 28/09, na Europa (04h05), nos futuros os mercados operavam em queda. DAX (Alemanha) recuando 0,39%, a 15.513 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,16%, a 7.051 pontos; CAC 40 (França), -0,29%, a 6.631 pontos, e EuroStoxx50 -0,34%, a 4.151 pontos.
Nos EUA, os índices americanos fecharam sem uma tendência com o petróleo puxando o Dow Jones e os Yelds de 10 anos superando 1,5%, derrubando a Nasdaq. Com isso, S&P500 recuou 0,28% e Nasdaq -0,81%. Já o Dow Jones avançou 0,21%, diante da alta dos preços do petróleo. Novos estímulos na China deram um gás às commodities e alguma cautela é necessária sobre o teto da dívida e o debate sobre o orçamento.
Nos futuros, as bolsas de NY operavam às 05h45, dia 28/09, da seguinte forma: Dow Jones recuando 0,30%, a 34.639 pontos, S&P 500, -0,61%, a 4.405 pontos, e Nasdaq -1,32%, a 15.004 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 2,49%, a 0,3167, US 10Y -3,83%, a 1,541 e US 30Y, +3,14%, a 2,058. No DXY, o dólar +0,15%, a 93,523. Petróleo WTI, a US$ 76,31 (1,14%) e Petróleo Brent US$ 70,50 (+0,99%).
Na agenda desta terça-feira (dia 28), destaque para os dados de Lucros Totais da Indústria da China; no Brasil, a ata do Copom, e o resultado primário do governo central de agosto. Nos EUA, o Conference Board anuncia a Confiança do Consumidor de setembro e o Fed de Richmond a Sondagem Industrial, assim como os preços de residências S&P Case Shiller. Jerome Powell do Fed e Janet Yellen do Tesouro falam no Senado.