Neste momento, diversos investidores que querem aproveitar as oportunidades de crescimento geradas pela crise sanitária mundial estão alterando suas posições em ações.
Vários deles estão vendendo papéis da Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34), uma das apostas de maior sucesso entre as fabricantes de vacinas, e comprando Merck & Company (NYSE:MRK) (SA:MRCK34), uma ação farmacêutica que, até recentemente, estava ficando para trás.
Apresentamos abaixo o que está por trás desse movimento e qual dessas ações de saúde oferece maior potencial de retorno.
Pílula Merck contra a Covid
As ações da gigante farmacêutica Merck dispararam 15% nos últimos cinco pregões, após a companhia anunciar que seu novo medicamento molnupiravir, desenvolvido em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics LP, reduziu o risco de hospitalizações ou mortes causadas pela Covid-19 em 50% no último estágio do seu ensaio clínico.
Se for bem-sucedido, o molnupiravir seria a primeira pílula antiviral desenvolvida especificamente para combater a Covid-19 no mercado. Os outros medicamentos disponíveis devem ser administrados em um hospital ou centro de tratamento, fazendo com que fiquem, em grande medida, fora do alcance do público, a não dos pacientes mais graves.
Sediada em Nova Jersey, a Merck pretende solicitar uma autorização de uso emergencial à FDA, agência sanitária dos EUA, nas próximas semanas. A Merck espera produzir medicamentos suficientes para tratar 10 milhões de pacientes até o fim deste ano e muito mais em 2022.
Esse resultado positivo para a Merck e sua empresa parceira ocorreu depois de várias tentativas fracassadas de encontrar uma cura para essa doença mundial. A MRK fracassou duas vezes no último ano em sua busca de uma vacina. Também descartou um medicamento que havia adquirido por 425 milhões de dólares alguns meses antes.
Mais de um terço da receita de US$11,4 bilhões auferida pela Merck no segundo trimestre veio do seu medicamento contra o câncer Keytruda, um sucesso de vendas, mas os investidores se mostram reticentes em relação a empresas que dependem demais das receitas de apenas um medicamento.
O governo americano concordou em pagar US$1,2 bilhão à Merck por 1,7 milhão de pílulas de tratamento, ou cerca de US$700 cada, se a empresa obtiver uma autorização da FDA. Antes dos dados desse ensaio, Mara Goldstein, analista da Mizuho Securities Co., disse que o molnupiravir poderia gerar uma receita entre US$1 e 10 bilhões, dependendo da sua eficiência e efeitos colaterais causados.
Negociadas a cerca de 15 vezes a previsão de lucro ajustado para este ano, as ações da Merck não estão caras em comparação com outras ações do setor de saúde. Os papéis da empresa encerraram o pregão de ontem cotados a US$83,75, depois de subirem cerca de 3%.
Queda da Moderna
O possível sucesso da Merck está sendo encerado como uma grande revés para a Moderna, uma das ações “queridinhas” deste ano. A mudança ocorreu devido a especulações de que a pílula para tratar pacientes contra a Covid reduzirá a demanda por vacinas. Analistas de Wall Street haviam previsto que as vacinas da Moderna contra a Covid-19 faturariam mais de US$20 bilhões em vendas neste ano, antes de cair para US$6,1 bilhões até 2025.
As ações da Moderna afundaram cerca de 20% desde o anúncio da Merck. O papel fechou a US$316,36 ontem, o que concede à empresa de biotecnologia um valor de mercado de quase US$133 bilhões.
Antes mesmo do anúncio da Merck, a Moderna estava em ciclo de queda por causa de preocupações de que suas ações haviam ficado caras após um rali de 1500% desde o início de 2020. A Moderna está no topo da lista de ações do S&P 500 com maior expectativa de queda pelos analistas neste ano, segundo uma análise do CNBC.com.
Sua lógica é que, para consolidar sua posição, a Moderna precisa mostrar que sua tecnologia de mRNA, com a qual desenvolveu sua vacina contra a Covid, pode ser usada para tratar outras doenças, o que poderia abrir outras fontes de receita para a empresa sediada em Cambridge, Massachusetts. Em nota recente, analistas da Oppenheimer disseram:
“Continuamos gostando da história subjacente do mRNA, da tecnologia e da execução da gerência. No entanto, o valuation da empresa superou nossas visões atuais em relação à amplitude e profundidade dessa história promissora”.
Conclusão
Em vista do valuation mais atraente da Merck e da sua possível pílula contra a Covid, suas ações apresentam maior potencial de retorno neste momento. Após a incrível valorização de 1500% das ações da Moderna, o papel sem dúvida está caro, principalmente quando todas as boas notícias já foram precificadas na sua cotação, sem falar no aumento da concorrência.