A partir de sexta-feira, tudo muda no mercado com o grande discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em Jackson Hole, possivelmente estabelecendo as bases para a política monetária dos EUA nos próximos seis a nove meses. Minha expectativa é que Powell deixe claro que o ritmo das elevações futuras de juros pode desacelerar, mas elas ainda precisam subir mais e continuar elevadas por algum tempo. Ele precisa afirmar que não serão feitos cortes de juros no futuro até que se constate uma trajetória evidente de queda da inflação.
Novamente, como já ressaltei diversas vezes, os mercados de contratos futuros, títulos e moedas já entenderam o recado. Já faz algumas semanas que eles veem se ajustando a uma trajetória de alta duradoura da política monetária norte-americana. As ações ficaram alheias a isso e é a única parte do mercado que parece ter um comportamento mais incerto. Se as taxas estivessem caindo, com os futuros dos fundos do Fed ainda mostrando grandes cortes de juros e o dólar recuando, seria mais fácil dizer que o mercado acionário se comportou bem. Infelizmente, para as ações, não é isso o que está acontecendo. As ações estão vivendo em um mundo de fantasia neste momento.
Portanto, nesta sexta-feira, teremos Powell, a divulgação do gasto com consumo pessoal e as expectativas para a inflação pela Universidade de Michigan. Na semana seguinte, teremos o índice ISM de atividade industrial e o relatório de emprego. Esses dados ajudarão a direcionar a reunião do Fed de setembro e a dar aos mercados uma ideia melhor do cenário.
Com base nos dados que venho rastreando até agora, a economia americana desacelerou, mas não se estagnou e não atingiu a velocidade de recessão. O crescimento nominal ainda é muito elevado, e o principal obstáculo para a economia neste momento são os preços elevados, e não a destruição da demanda. Sim, as empresas estão reduzindo suas taxas de contratações e até mesmo demitindo uma parte da sua mão de obra, mas isso não é o mesmo que anunciar quantidades maciças de cortes de postos de trabalho devido a uma significativa desaceleração econômica.
Os pedidos iniciais de seguro-desemprego, em bases históricas, estão muito, muito baixos nos EUA e, lembrem-se, o tamanho da força de trabalho hoje no país é muito maior do que nas décadas de 1960, 70, 80 e 90. Portanto, apesar da recente alta, é essencial manter as coisas em perspectiva.
Na década de 1960, o mercado de trabalho era composto por cerca de 65 a 70 milhões de pessoas. Hoje seu tamanho é de quase 165 milhões. Portanto, historicamente falando, o nível de pedidos de seguro-desemprego hoje, como percentual do tamanho do mercado de trabalho, é bastante pequeno.
S&P 500
Partindo para o S&P 500, o índice recuou na sexta-feira, com o desaparecimento dos fluxos de fundos sistêmicos. Além disso, houve um rompimento de uma grande linha de tendência de alta em vigor desde o fim de julho, o mesmo acontecendo com o IFR. Acredito que esses dois grandes desdobramentos técnicos devem fazer o mercado cair e revisitar o nível de 3950.
Nasdaq
O mesmo vale para o QQQ, o que pode ser pior, pois ele superou uma linha de tendência da baixa de longo prazo. Portanto, não apenas o QQQ ficou abaixo de uma linha de tendência de alta de curto prazo nos preços e no IFR, como também corre o perigo de registrar uma falha de rompimento para cima no cruzamento da linha de tendência de baixa de longo prazo. Por fim, acredito que o QQQ deve ir em direção a US$ 300.
Taiwan Semi
É fundamental ficar de olho na Taiwan Semiconductor Manufacturing (NYSE:TSM) nesta semana, já que a ação está se aproximando bastante de um rompimento para baixo e pode perder um suporte importante. Há um gap a US$ 75,50, o que pode servir como um alvo potencial caso o papel rompa para baixo.
Twilio
Eu mencionei na quinta-feira que a Twilio (NYSE:TWLO) era um papel a ser observado e que, se ela perdesse o suporte a US$ 80, poderia sinalizar um problema para todo o mercado. Bem, a Twilio perdeu esse suporte na sexta-feira e agora parece estar indo em direção a US$ 63, sinalizando mais uma grande pernada de baixa nesta semana.
ETF ARKK
Eu disse isso em relação à Twilio porque há um grupo enorme de ações em posições similares e investimentos do tipo “ARKK”. O fundo ARKK fez um rompimento para baixo na sexta-feira, perdendo uma linha de tendência de alta crítica tanto nos preços quanto no IFR. O próximo nível de suporte está em US$ 43,50, mas, depois dele, as mínimas de junho podem voltar à cena.
Tesla
Vamos terminar com a Tesla (NASDAQ:TSLA), pois acredito que o topo duplo continua em vigor, e tudo o que precisamos neste momento é a confirmação de um rompimento da linha de pescoço a US$ 840. Assim que esse nível de suporte for rompido, o mais provável é que haja um retorno para cerca de US$ 745.