Um dos motivos que leva investidores a optarem por indexar seus investimentos ao Ibovespa, por exemplo, é que muitos deles acreditam na hipótese do mercado eficiente.
Essa teoria contempla que todas as informações sobre as ações negociadas em bolsa estão disseminadas e são públicas, portanto são refletidas nos preços dos ativos instantaneamente. Consequentemente, é uma futilidade tentar alcançar uma performance melhor que a do mercado.
Um corolário dessa hipótese é que não se agrega valor ao realizar uma pesquisa diligente, uma vez que o preço correto está cotado para cada papel, e em virtude disso um indivíduo tem uma decisão assertiva ao comprar centenas de ações ao invés de escolher algumas especificamente.
Em contraste, o investimento em valor é baseado na crença de que o mercado não é eficiente. Investidores que compartilham essa ideia acreditam que o preço de uma ação pode divergir do valor real do negócio, portanto podem atingir retornos superiores aos do mercado ao comprarem ativos subvalorizados.
O viés acadêmico é muito bem observado por Warren Buffett: “Em qualquer tipo de disputa, sendo ela financeira, mental ou física, é uma vantagem enorme quando seus oponentes foram ensinados que até mesmo a tentativa é inútil”.
Para quem não acredita que é possível bater o mercado, como pode ser explicada a performance de conhecidos de Warren Buffett, que partilham das mesmas crenças, e que se deram o trabalho de aprender como estimar o valor intrínseco por trás de uma ação?
- Walter J. Schloss – durante 28 anos: 21.3% ao ano. S&P500 no mesmo período: 8,4%.
- Tweedy, Browne – período de 15 anos: 20% a.a. S&P500: 7%.
- Buffett Partnership – período de 12 anos: 29,5% a.a. Dow Jones: 7,4%.
- Charlie Munger – período de 13 anos: 19,8% a.a. Dow Jones: 5%.
Seria fruto do acaso que pessoas diferentes, mas com pensamento semelhante, tiveram resultados expressivos consistentemente ao longo do tempo?
Alguém poderia dizer que para bater o mercado você deve se expor a muito risco. Um verdadeiro value investor sabe que isso não condiz com a realidade. Barganhas no mercado de capitais geralmente surgem em situações de alta incerteza e baixo risco.
Alta incerteza pois não há como prever em qual direção o preço da ação vai caminhar dentro do curto-médio prazo. O preço é regido pela oferta e procura, e as pessoas compram e vendem seus ativos por motivos diferentes e imprevisíveis. As pessoas não reagem bem perante a incertezas.
Baixo risco pois o investidor realmente entendeu o valor intrínseco daquilo que está comprando e não é afetado pela volatilidade que vai existir. Ele se aproveita da mal precificação de uma ação, possibilitada apela incerteza, para pagar menos por algo que vale mais.
Empresas que eram exatamente as mesmas antes, durante, e depois da greve dos caminhoneiros sofreram alta desvalorização durante o evento. Se nada mudou nas perspectivas futuras de geração de caixa de um negócio, o que mais, além da aversão à incerteza, permitiu comprar empresas com preços descontados?
Esses exemplos foram expostos com um intuito. Não acho que as pessoas estejam erradas ao seguir um caminho de escolha individual na vida.
Prezo apenas por um mundo onde as pessoas são incentivadas a buscar as melhores alternativas, sem ter medo de tentar e de aprender novas lições.
Por que não começar pela filosofia partilhada por tantos investidores multimilionários e bilionários, o investimento em valor?