O mês de junho já começou. Nas contas do mercado financeiro, o Federal Reserve deveria ter cortado a taxa de juros nos Estados Unidos em duas ou até três vezes antes do fim deste semestre. O primeiro corte teria sido em março e o mais recente seria no próximo dia 12. Mas nada disso aconteceu nem irá acontecer.
A dúvida, agora, é se haverá queda dos juros americanos em setembro. Os números dentro do esperado do índice de preços preferido do Fed, conhecidos na última sexta-feira (1º), mantiveram as apostas divididas, com cerca de 50% de chance de manutenção e de queda de 0,25 ponto, cada, ao final do terceiro trimestre.
A exceção ficou para o núcleo do PCE, que mostrou uma desaceleração lenta no dado mensal, assim como os gastos com consumo, que foram menores. Trata-se de algo bem diferente das “várias leituras positivas” de inflação que o Fed espera ver para, então, iniciar o ciclo de cortes. Daí porque os mercados encerraram maio com pouca força.
Quem brilhou no mês passado foi o Bitcoin, com alta de quase 15%, recuperando-se totalmente do tombo em abril, quando registrou o maior recuo percentual desde novembro de 2022. O Ibovespa, por sua vez, amargou a segunda pior colocação no ranking mensal de aplicações, na contramão dos ganhos dos índices acionários em Nova York.
Ainda assim, a esperança de que o entusiasmo com a Inteligência Artificial (AI) iria se espalhar por vários setores, estimulando as ações tal qual aconteceu em março, foi frustrada. Para se ter uma ideia, a Nvidia (NASDAQ:NVDA) acumulou alta de 23,5% em maio e foi a grande responsável pela valorização de 6,9% e de 4,8% do Nasdaq e S&P 500 no período.
Mercado mira agenda
Com a perspectiva de juros mais altos por mais tempo na mente, os investidores recebem nesta semana dados sobre a atividade nos setores industrial e de serviços nos EUA, além de atualizações sobre o mercado de trabalho. O relatório oficial de emprego (payroll), na sexta-feira (7), está em primeiro plano.
Indicadores de atividade na China e na Europa também serão conhecidos. No Brasil, o destaque fica para os números do PIB do primeiro trimestre, amanhã (4). No dia seguinte, tem a produção industrial de abril. Na quinta-feira (6), o Banco Central Europeu (BCE) pode largar na frente do Fed dando início à tão esperada corrida de cortes nos juros.