O mercado financeiro encerra a semana dando sinais de que a realização de lucros dos últimos dias já acabou. Os futuros dos índices das bolsas de Nova York sobem nesta manhã, após o S&P 500 registrar a pior sequência de três dias em nove meses. O Ibovespa também enfileirou ontem a terceira queda consecutiva.
Já o dólar mostrou que não será tão fácil firmar-se na marca de R$ 5,70 - ainda que o mercado queira comparar o real ao iene. Aliás, o Banco do Japão (BoJ) deve considerar subir a taxa de juros na semana que vem, em mais uma medida para diminuir o enorme estímulo monetário por lá.
O anúncio abre a “Super Quarta” deste mês, que também terá reuniões do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom). Depois do IPCA-15 e dos números do PIB dos Estados Unidos, divulgados ontem, os investidores seguem convencidos de que a taxa Selic não volta a cair tão cedo e que os juros americanos cedem em setembro.
O índice de preços preferido do Fed, o PCE, deve pavimentar essa aposta. A previsão é de leve aumento mensal, enquanto a taxa anual deve desacelerar pelo segundo mês seguido, a 2,5% em ambas as leituras, cravando uma nova mínima desde março de 2021. O resultado sai às 9h30. Se confirmado, deve firmar a direção dos ativos de risco para o dia.
Vale (BVMF:VALE3) ainda vale?
Mas o sinal positivo que chama atenção vem dos ADRs da Vale (NYSE:VALE). Os recibos de ações da mineradora sobem mais de 1% no pré-mercado americano, reagindo ao lucro que mais que triplicou entre abril e junho deste ano. Porém, a cifra de US$ 2,77 bilhões na última linha de balanço deve-se mais a desinvestimentos e benefícios tributários do que à produção.
Ou seja, a Vale mostrou-se mais eficiente no período. Ainda assim, houve um forte desempenho operacional, com a produção e o volume de vendas de minério de ferro sendo recorde para um segundo trimestre desde 2018. Porém, o preço da commodity segue mais baixo, em meio a frustração com a economia chinesa.
Aliás, quem esperava alguma novidade ou grande anúncio ao final da reunião de líderes do Partido Comunista, na semana passada, também se frustrou. O anúncio-surpresa de cortes nas taxas de juros sinaliza apenas uma boa intenção, mas não uma mudança de rota. Até porque os chineses pensam a longo prazo.
Com isso, o radar se desloca de Pequim para Washington, onde cresce a pressão de empresários sobre a provável candidata Kamala Harris a eliminar as políticas protecionistas dos últimos cinco anos ou mais. Ela, aliás, recebeu o importante apoio dos Obama, selando seu nome na corrida presidencial. Resta saber, quem será o vice na chapa.