Olá pessoal! O primeiro trimestre de 2021 terminou e, com isso, trago os melhores e piores papéis da bolsa nesta parte inicial do ano. Analiso o universo dos papéis (ações e units) que compõem o IBrX 100 atualmente. Este índice é mais abrangente do que o Ibovespa e escolhe seus 100 constituintes pelos maiores índices de negociabilidade, funcionando como um ótimo filtro de liquidez. Qualquer análise de ações que não estejam neste índice precisa ser feita com extrema atenção, pois a baixa liquidez esconde riscos que retornos diários não conseguem capturar.
É importante notar que utilizo retornos totais, ou seja, que incorporam eventuais dividendos, JSCP, splits, bonificações, aumentos de capital etc., tal como, por exemplo, o caso da cisão Pão de Açúcar (SA:PCAR3) e Assaí (SA:ASAI3). Com isso, alguns dos retornos apresentados abaixo não serão exatamente iguais à variação da cotação do papel no primeiro trimestre de 2021. Para aqueles que quiserem a planilha com a análise completa (todos os 100 papéis), basta acessar meu website (carlosheitorcampani.com) e me encaminhar um e-mail com esta solicitação. Espero que seja bacana e útil para todos vocês!
Como métrica de performance sempre utilizo a que desenvolvi, acredito e que, portanto, chamo de Índice Campani (IC). Como explicado em meus textos aqui de 8 e 15 de maio de 2020, este índice tem a mesma interpretação que o famoso índice Sharpe (retorno médio por unidade de risco), mas utiliza métricas de retorno e risco conceitualmente melhores (o Sharpe é fundamentalmente equivocado e pode, muitas vezes, melhorar artificialmente a performance de maus gestores, prejudicando os bons gestores - clique aqui e aqui para ler e compreender mais sobre a relação risco e retorno de um ativo).
OS 20 MELHORES PAPÉIS DO IBRX 100 NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2021
O papel do grupo Pão de Açúcar foi o grande vencedor no período. Isso se deve, em boa parte, à cisão do Assaí: este negócio foi muito bem-visto pelo mercado. Ressalto que, para chegar ao retorno de 122,9%, considerei que no dia da cisão o investidor tenha vendido a ação ASAI3 recebida ao preço de fechamento do pregão. Chama a atenção também a ótima arrancada dos papéis da Embraer (SA:EMBR3) e da Braskem (SA:BRKM5), que rentabilizaram 66,6% e 65,7% respectivamente. Note que a ação da Braskem entregou performance melhor que a da Embraer, por conta da menor volatilidade, destacada por um alto IC (2,40).
OS 20 PIORES PAPÉIS DO IBRX 100 NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2021
A pior performance dentre todos os papéis constituintes do IBrX 100 permanece com o papel que amargurou essa posição ao longo de todo o ano passado: IRB (SA:IRBR3) (IC = 0,69). A resseguradora, que um dia já foi estatal, continua sendo maltratada na bolsa, em que pese os problemas parecerem ter ficado no passado, com a atual gestão indicando que está colocando a empresa no rumo certo.
Com a maior perda de valor no primeiro trimestre do ano, aparece uma empresa que em 2020 chegou a figurar diversas vezes na parte de cima do ranking: Via Varejo (SA:VVAR3). Chama também a atenção que, dentre os papéis com piores rentabilidades, as ações ordinária (SA:PETR3)) e preferencial (SA:PETR4) da Petrobras se mostraram as mais voláteis. Isso se explica por tudo que a gigante estatal brasileira passou neste início de ano, em especial fruto de sua atual política de preços, que foi colocada sob amplo debate nacional.
OS ÍNDICES DA BOLSA NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2021
A B3 (SA:B3SA3) oferece quatro índices amplos, ou seja, representativos de todo o mercado acionário. Enquanto IBrX 50 e IBrX 100 possuem um número fixo de papéis (respectivamente, 50 e 100), Ibovespa e IBrA têm número variável de constituintes. Esses dois últimos incluem os papéis da bolsa que respondem por, respectivamente, 85% e 99% da liquidez no mercado. Todos os quatro índices são rebalanceados, ou seja, têm seus constituintes revisados em janeiro, maio e setembro, de forma que cada papel entra em proporção ao seu valor de mercado em circulação (free float).
Na tabela acima, apresento a performance de uma carteira fictícia igualmente ponderada (1/n) com todos os 100 papéis analisados (constituintes do IBrX 100), bem como o índice SMLL (small caps, ou seja, um índice representativo das empresas de menor porte na bolsa). A título de curiosidade, apenas 38 papéis terminaram o primeiro trimestre com retornos positivos dentre todos os constituintes do IBrX 100.
Podemos perceber que a carteira igualmente ponderada performou acima de todos os outros índices: esse é um resultado que costuma se repetir muitas vezes, não apenas no Brasil, mas mundo afora (com diversos estudos acadêmicos a respeito). Aliás, já escrevi sobre essa carteira por aqui, fazendo inclusive uma análise histórica: clique aqui se houver interesse em ler.
Como disse no início, espero que vocês tenham gostado. Escrevo para vocês! Comentem abaixo, repassem meus textos em suas redes sociais. Temos o desafio de construir um Brasil com muito mais educação financeira e com investidores mais bem informados e preparados. Sigam-me em minhas redes sociais @carlosheitorcampani.
Forte e respeitoso abraço a todos.
* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Professor Pesquisador do Coppead/UFRJ e especialista em investimentos, previdência e finanças pessoais, corporativas e públicas. Ele pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na sexta-feira.
** Carlos Heitor Campani agradece à Quantum Finance por esta ter gentilmente cedido os dados para a análise acima.