Quinta-feira foi dia de Relatório Trimestral de Inflação (RTI), mas também de avanços no Congresso sobre algumas decisões do governo no tocante aos custos sociais da pandemia. Na CPI da Covid, tivemos dois médicos avaliando a situação da pandemia no Brasil. Não tivemos novidades a não ser o que todos já sabem, que o governo foi sim incompetente, diante da pandemia, defendendo o que é errado no “protocólo de cuidados e prevenção” e leniente com a necessidade e pressa pela vacinação.
No RTI, o BACEN reforçou que deve manter a sua política de "normalização da política monetária" (não mais parcial), até algo em torno de 6,0% a 6,5%, próxima da taxa neutra, talvez, no ano que vem. Na próxima reunião do Copom, em agosto, mais um ajuste da taxa de juro deve ser sancionada, havendo dúvidas se em 0,75 ponto percentual ou 1,0. Atualmente, a taxa Selic se encontra em 4,25% ao ano. Disse a instituição, no entanto, “que uma deterioração das expectativas da inflação pode exigir um aperto maior”. Aqui o receio se desloca para a inflação, mais pressionada, pela elevação dos preços de energia elétrica.
Sobre as projeções, o BACEN elevou o crescimento do PIB em 2021 de 3,6% para 4,6%, ainda abaixo da Focus (5,0%). Esta revisão da projeção acabou possível, principalmente, pela melhora do setor de serviços. O BACEN frisou, no entanto, que o ritmo de crescimento ainda enfrenta bastante incerteza e riscos como “a disseminação de novas variantes do coronavírus, custos elevados em algumas cadeias produtivas e eventuais implicações da crise hídrica”.
Até maio, o Banco Central falava em manter o processo de "normalização parcial" de estímulos à economia. Desde a semana passada, no entanto, depois da reunião do Copom, retirou este termo "parcial", indicando claramente a intenção de elevar a Selic até a “zona neutra - quando o o juro permite crescimento sem inflação - prevista em torno de 6,5%”.
Para completar o dia, o CMN fixou a meta de inflação para 2024 em 3,0%. As metas para 2022 e 2023 foram mantidas em 3,5% e 3,25%, respectivamente, e também o intervalo da meta de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2021, a meta é de 3,75%.
Nesta sexta-feira, teremos o IPCA-15, com certeza "absorvendo" o "tarifaço" de energia em curso. A taxa mensal deve ficar próxima a 1,0%, em 12 meses passando de 8,0%. Segundo o BACEN, “os riscos de contaminação da inflação futura, em decorrência da pressão atual, seguem no radar”. É dia também de dados externos, com o saldo em conta corrente e os investimentos externos. O BACEN mantém a projeção para o saldo das contas externas neste ano de 0,2% do PIB. Temos também no dia dados do CAGED.
O IPCA, em 12 meses, deve atingir 8,5% até agosto e a conta de luz, mais cara em julho. Com a revisão para cima da “bandeira vermelha 2” - ainda a ser definida pela Aneel -, a tarifa como um todo deve subir entre 5% e 6% a partir do mês que vem. Esta projeção leva em consideração o avanço de 15% a 20% na bandeira vermelha 2.
Nos EUA, teremos o PCE e seu núcleo, mais um elemento do Fed na sua decisão de manter (ou não) a atual política acomodatícia. Parece já haver o consenso de que, por ora, esta decisão do Fed, considerando a inflação atual como algo transitório, é acertada.
Hoje é dia também do ministro Paulo Guedes levar ao Congresso a portaria que define a isenção do Imposto de Renda Pessoa Física, de R$ 1,9 mil para algo em torno de R$ 2,3 mil a R$ 2,5 mil. É mais uma etapa da “fatiada” reforma tributária.
Na CPI, a expectativa nessa sexta feira se volta para os depoimentos dos irmãos Luis Miranda, deputado federal pelo DEM, e Luis Ricardo Miranda, servidor do ministério da Saúde, que denunciou um contrato irregular, visando a compra de um lote da vacina indiana Covaxin. Este depoimento acontece num momento em que o presidente segue muito pressionado, com sua popularidade “derretendo”. Pesquisa recents indica isso. A rejeição foi a 49% e a popularidade no seguinte patamar: os que acham Bolsonaro regular (26%), os que acham ótimo ou bom (23%) e os que acham péssimo (49%). E isso tudo acontece com o “fantasma da candidatura Lula” como irreversível, depois da "decisão" do ministro Gilmar Mendes, nessa quinta, de estender a suspeição do ex juíz Sérgio Moro para todos os casos do petista nos quais atuou.
Nos mercados, na quinta-feira o Ibovespa registrou alta de 0,85%, a 129.513 pontos com volume financeiro negociado de R$ 27,675 bilhões. Já o dólar fechou em queda de 1,17% a R$ 4,905. Foi o menor patamar do câmbio desde 9 de junho do ano passado, quando o dólar encerrou a sessão cotado a R$ 4,8885. Esta foi a quarta baixa consecutiva.
Nesta sexta os mercados asiáticos subiram, depois que os mercados dos EUA bateram máximas históricas, após um acordo bipartidário de US $ 579 bilhões em infraestrutura, que alimentou o otimismo econômico. Já o dólar recuou.
As ações subiram no Japão, China e Hong Kong. Já as ações australianas resistiram à imposições de lockdown em Sydney. Pelo indicador MSCI Inc. de ações globais estão em direção à sua melhor semana desde abril, sustentadas pela reabertura econômica.
Os mercados europeus subiam, depois que os índices americanos (S&P 500 e Nasdaq) atingiram novas máximas. Setores vistos como beneficiários da recuperação na pandemia, como energia, lideraram os ganhos nos EUA, e os bancos subiram no pós-mercado após a compensação dos “Stress Tests”.
O presidente Joe Biden comemorou o plano bipartidário, que deve ser aprovado no Congresso junto com um projeto de lei separado que gastaria trilhões a mais no que ele chamou de “infraestrutura humana”. Já o yield do Treasury de 10 anos oscilou em torno de 1,50%, reagindo à recentes comentários dos membros do Federal Reserve.
O petróleo West Texas Intermediate ficou acima de US$ 73 o barril. O mercado aguarda as próximas deliberações entre os produtores da OPEP+ que podem levar a um aumento na oferta. O Bitcoin se estabilizou após fortes quedas no início da semana.
Bons negócios a todos!