Fevereiro foi um mês marcado pela alta volatilidade dos mercados de renda varável. O IFIX apresentou mais uma valorização tímida, porém manteve a sequência de meses com rentabilidade positiva, sendo esse último o quarto mês consecutivo de ganhos para o índice de Fundos Imobiliários da B3 (SA:B3SA3). Já o Ibovespa, os títulos públicos pré-fixados e indexados à inflação e ao real, em comparação com o dólar, começaram fevereiro no terreno positivo, mas acabaram apresentando mais um mês de desvalorização.
A volatilidade não foi exclusividade para os investidores brasileiros, sendo que, nos mercados internacionais, fevereiro também começou muito positivo para os principais índices de ações, com destaque para o S&P 500 que alcançou nova marca histórica.
Dados econômicos na Zona do Euro melhores do que o esperado, otimismo em relação ao novo pacote de estímulos à economia americana no valor estimado de U$ 1,9 trilhão de dólares e a expansão da campanha de vacinação contra a Covid-19 ao redor do mundo, com grande destaque para os Estados Unidos, que já demonstram recorrentemente números menores de internações pelo coronavírus, ajudam a explicar o otimismo dos investidores na primeira metade do mês.
Porém, a expectativa positiva com o programa de vacinação e a retomada das economias parecem também ter sido o combustível para as desvalorizações que aconteceram no final do mês, já que os títulos públicos americanos (Treasuries) de 10 anos atingiram as maiores remunerações em mais de 3 anos, com os investidores preocupados com a alta das commodities e a volta da inflação, fazendo com que os ativos de renda fixa voltem a ter alguma atratividade quando comparados aos ativos de renda variável.
Como investidores brasileiros, muitas vezes damos atenção apenas a questões internas, mas é importante perceber como não vivemos numa bolha e as questões dos mercados internacionais influenciam no mercado local, que teve uma dinâmica semelhante em fevereiro, com o otimismo do começo do mês, exemplificado pelo Ibovespa que voltava ao patamar de 120 mil pontos, dando lugar ao pessimismo, desvalorização do real e das ações e a forte abertura dos juros futuros no final de fevereiro.
A maior remuneração dos títulos americanos faz com que, no curto prazo, os investidores internacionais migrem para aquele país, valorizando o dólar, principalmente em relação a moedas de países emergentes e com sérias desconfianças sobre o controle fiscal, como é o nosso caso.
Para o investidor de Fundos Imobiliários, é importante estar atento a essas questões alinhadas ao ciclo imobiliário, principalmente para decisões de curto prazo sobre comprar, manter ou vender algum ativo, porém no longo prazo entendemos que o grande diferencial no retorno estará mais ligado a qualidade dos imóveis investidos e a capacidade da gestão, do que a questões macroeconômicas.