No universo do mercado financeiro, mais especificamente no campo de investimentos em renda variável, existem inúmeras abordagens que podem ser utilizadas e várias delas se provam efetivas quando olhamos o histórico de indivíduos que tiveram sucesso em sua jornada, como Benjamin Graham, Warren Buffett, Charlie Munger, Irving Kahn, Walter Schloss, dentre vários outros que poderia citar.
É verdade que não estamos isentos de cometer enganos em nossos investimentos. É, também, impossível se isentar desta possibilidade. No entanto, podemos – e devemos – recorrer à busca incessante pelo aprendizado, pois só desta maneira será possível adquirir o conhecimento necessário para maximizar nossas chances de sucesso.
Alguns dos pontos que considero como os mais importantes nesta caminhada rumo ao sucesso são a observação de padrões entre as abordagens que funcionaram historicamente, bem como o aprendizado baseado nos erros alheios.
Errar nos investimentos é bastante comum e deve ser encarado pelo investidor inteligente como uma oportunidade de aprendizado, buscando identificar o agente causador da falha. Só assim será possível estabelecer melhorias para refinar a abordagem que será utilizada no futuro. Dito isso, creio que seja bem claro o valor que devemos dar aos erros cometidos pelos grandes investidores, pois se estudados com sabedoria, configuram excelentes fontes de aprendizado.
Vale lembrar que já mencionei anteriormente a importância do aprendizado constante, bem como a importância de sermos “imitadores” das atitudes de pessoas que já obtiveram sucesso.
Sendo assim, afirmo que o estudo das abordagens de sucesso e o aprendizado com erros possuem várias intersecções, uma vez que no ciclo da aprendizagem os erros são os sensores responsáveis para que o investidor atue na melhoria de sua abordagem.
Portanto, visando contribuir com o aprendizado do investidor que está realizando esta leitura, gostaria de enfatizar um ponto importante no âmbito dos investimentos em renda variável: o foco na qualidade do negócio.
No dia 19 de outubro de 1987, durante o crash da bolsa americana ocorrido neste ano, o índice S&P 500 sofreu uma queda em torno de 20%. Diante de uma flutuação desta magnitude, ficou claro para muitos investidores que se um crash desses acontecesse novamente, eles desejariam estar confortáveis com os negócios que compusessem suas carteiras.
Em outras palavras, os investidores gostariam de ver suas ações como negócios que fossem duráveis no longo prazo, capazes de atravessar fortes oscilações na economia, bem como choques no mercado e crashes da bolsa.
Isso porque, as recessões são capazes de gerar danos permanentes nas companhias, sobretudo às que não são de boa qualidade. Em certos casos, os danos são irreparáveis, podendo levar a companhia à necessidade de reestruturações severas, ou até mesmo à falência.
Estes eventos do mercado são associados ao comportamento cíclico da máquina econômica, de modo que são considerados, de certa forma, normais, e por isso, esperados que aconteçam com certa regularidade. No entanto, embora exista a quase certeza de que aconteçam, o momento é imprevisível, de modo que os investidores devem estar preparados a todo momento.
Neste cenário, abro um parêntese para falar um pouco sobre investimentos de baixa probabilidade de excelentes retornos, como por exemplo, apostar em algo que tenha 25% de chance de dar certo, e pague 10 vezes o valor da aposta. Trata-se de uma aposta de baixa probabilidade que tem uma esperança alta. Matematicamente é uma aposta que se deve tomar em todas as vezes.
Explicarei, portanto, o motivo pelo qual eu não entro em apostas como essas no âmbito dos investimentos. Ao contrário de cartas, dados e outros jogos nos quais as chances podem ser mais ou menos estimadas, negócios e investimentos são dinâmicos, com probabilidades em constante mudança e de difícil estimativa. Não obstante, os investidores tendem superestimar as chances de sucesso de uma probabilidade baixa.
Dito isso, reforço que não gosto de investir em empresas ruins que darão excelentes retornos em caso de melhoria em seu cenário individual. Me atenho aos bons negócios.
Paralelamente a isso, cabe ressaltar a importância de se ter uma carteira diversificada, capaz de absorver as quedas de determinados ativos sem grandes prejuízos. Já que estamos suscetíveis a erros em quaisquer teses de investimento, não devemos arriscar de concentrar “os ovos na mesma cesta”, ou em poucas cestas, pois quanto mais concentrado, maior o impacto causado por um eventual erro.
Aproveito para finalizar a discussão trazendo algumas perguntas básicas que o investidor deve saber responder para decidir a respeito de um investimento.
-
Eu tenho um bom entendimento do negócio?
-
É um bom negócio? Isto é, apresenta fortes vantagens competitivas, altos retornos, etc?
-
A gestão é ética e competente?
-
O preço é atrativo?
Claro que uma análise detalhada deve ser realizada. No entanto, essas quatro perguntas são de suma importância, de modo que caso o investidor não saiba responder alguma delas, ou responda alguma com “não”, seria prudente se afastar do investimento.