No Brasil, o mercado de investimento coletivo surgiu junto com a normativa 588 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2017. Se considerarmos um prazo de maturação e dos processos de autorização, em pouco tempo, começou a nascer, efetivamente, as plataformas de crowdfunding que possuem um papel fundamental que vem fortalecendo e fomentando esse segmento.
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Com o passar dos anos, o mundo pôde perceber um forte amadurecimento do setor financeiro e principalmente no que diz respeito ao mercado primário e secundário nele inserido. Vale lembrar que esses dos modelos operam de forma distinta, porém são complementares e é muito importante entendê-los para que seja possível traçar boas estratégias e investir melhor.
Enquanto o mercado primário são as ofertas abertas para os investidores, o secundário é uma parte do setor financeiro que se destina à movimentação de ativos dessas ofertas que são repassadas pelo investidor que a adquiriu por achar que aquela aquisição não é mais uma boa opção na sua carteira, mesmo que continue com bons rendimentos. Em outras palavras, o secundário é um grande incentivo para o primário.
Atualmente, a Bolsa de Valores oferece inúmeras opções desse produto, mas é possível encontrar esse modelo de investimento também em ativos (imobiliários, energia, agronegócios, negócios, etc), e outros exemplos de renda variável e renda fixa, que podem facilmente ser negociados no mercado secundário. A melhor forma em realizar esse tipo de investimento é com certeza com o auxílio de especialistas e plataformas de crowdfunding reguladas pela CVM, em que oferecem um serviço totalmente democratizado, desbancarizado, de forma 100% online, além de proporcionar todo suporte necessário o que corrobora com uma gama maior de investidores interessados em imergir também com você as melhores ofertas.
De olho nesse movimento, no ano passado a legislação da 588 da CVM foi alvo de uma audiência pública que mostrou uma disposição do órgão aqui no Brasil. Durante o processo, vários participantes se manifestaram, de forma individual e em conjunto com associações que fazem parte, mostrando vários pontos negativos dessa normativa, dentre eles algumas informações sobre o mercado secundário. De modo geral, o segmento entende que é fundamental para a sua evolução e exposição, criar ambientes – ainda que seja controlado e dentro da estrutura individual de cada plataforma - onde possa ser provido meios e tecnologias que beneficiem as ações de empreendedores com os investidores durante as negociações de suas cotas e sua participação em projetos e empresas, o que hoje é o principal gargalo.
Porém, recentemente tivemos uma notícia muito bacana em relação a esse assunto, a fintech SMU pleiteou, junto à CVM, sua participação no Sandbox - ambiente regulado de testes de projetos aprovados com condições especiais e limitadas - onde propôs a criação de um mercado secundário de ativos para startups, contemplando áreas como "crowdfunding", bolsas de investimentos, investidores anjos, associações de investimento, dentre outras. A ideia veio a calhar com o momento, trazendo diversas iniciativas que garantem para o investidor mais segurança e transparência em suas negociações e transições.
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Mesmo que a passos lentos, vejo uma movimentação muito positiva acontecendo. Aos poucos, será mais fácil encontrar estrutura segura e regulada. Nesse ano, está previsto ser publicada a legislação final da normativa 588 e tudo indica que serão tratados alguns pontos sensíveis do investimento alternativo. Pode ser que tenhamos um aumento do limite de captação, assim como nos Estados Unidos, ampliação do faturamento mínimo do exercício anterior da empresa ofertante e, ainda, novidades em relação ao mercado secundário. Por isso, é bom ficar bem-informado, pois grandes coisas irão acontecer e beneficiar todo setor financeiro brasileiro.
*Felipe Souto é CEO da Bloxs Investimentos, plataforma pioneira em investimentos alternativos no Brasil