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Inflação e PEC em Segundo Turno

Publicado 08.11.2021, 13:16
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Semana carregada, com a PEC dos precatórios em segundo turno na terça-feira e uma série de indicadores de inflação, no Brasil (IPCA e IGP-DI) e nos EUA (CPI e PPI). Por lá, os investidores digerem a decisão do Fed de reduzir a compra de ativos (tapering). Vários diretores regionais do Fed falam nesta semana. Temos ainda uma temporada de balanços pesada ao fim, enquanto no Brasil, à plena carga. O Reino Unido divulga dados de crescimento, e o Partido Comunista da China (PCC) deve aprovar um terceiro mandato para o Presidente Xi Jinping. Por fim, a Câmara dos Deputados vota, em segundo turno a PEC dos Precatórios. A suspensão dos repasses das emendas, pela ministra Rosa Weber, deve embolar o meio de campo. Desconfiança aqui se desloca para o tal “orçamento secreto”.

Inflação e juro no Brasil

A convergência do IPCA para o centro da meta, ano que vem, deve levar o Copom a um choque de juro poucas vezes visto na nossa história recente. Isso, por certo, nos jogará numa “estagnação ou recessão”. No mercado, já se fala na Selic entre 13% e 15%, o que pode derrubar o PIB em até 1%. Mantendo-se o ajuste de 1,5 ponto percentual até o Copom de março, a Selic irá a 12,25%, o que pode derrubar a inflação a 4% e o PIB em 0,4%, segundo cálculos de variados modelos. Para chegar a 3,5% a Selic teria q subir ainda mais, a 13,5%, ao custo de um PIB recessivo de 1%. O Bacen trabalha com o IPCA a 4,1% no ano que vem, enquanto a Focus prevê 4,55% e Selic a 9,75%. Isso não parece crível. A Selic teria que ser elevara a 14% ou 15%.

Nesta semana, os investidores estarão atentos ao IPCA de outubro na quarta-feira (10). A expectativa é de uma alta de 1,06% na base mensal, uma leve desaceleração em relação a 1,16% em setembro. Na base anual, a projeção é de uma alta de 10,48%, aceleração em relação ao avanço de 10,25% de setembro.

PEC dos precatórios

Arthur Lira pretende forçar a votação em segundo turno na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, mas o imbróglio da ministra Rosa Weber, suspendendo os repasses para melhor averiguar o teor das tais emendas de orçamento paralelo, deve embolar tudo. O plenário do STF avalia e vota esta decisão de Weber, na terça-feira, antes da votação da PEC. Esta deve vir, mais uma vez, com resultado aperto. Partidos como PDT, PSB e PSDB, nos quais alguns parlamentares votaram a favor da PEC, podem rever suas posições.

Nos EUA

Câmara dos Representantes nos EUA aprovou, no apagar das luzes de sexta-feira, o pacote de infraestrutura de Joe Biden. São cerca de US$ 1,2 trilhão para obras diversas, em estradas, pontos, ferrovias. Nada mais keynesiano, para estimular a demanda. Soma-se a isso, são mais US$ 500 bi em projetos de água, maior acesso da internet banda larga, reforma da rede elétrica, dentre tantas medidas. Na Câmara, foram 228 votos favoráveis contra 206 contrários, 13 republicanos se aliando aos democratas. Nestes, seis votaram contra. Para Biden objetivo deste pacote é reduzir os gargalos nas cadeias produtivas “agora e nas próximas décadas”. Este descompasso entre oferta e demanda, com portos congestionados, tem sido a principal causa da inflação neste momento (5,4% em 12 meses até setembro).

Na terça-feira temos o PPI de outubro, no dia seguinte, o CPI. Expectativas de mercado indicam 0,6% mensal para o CPI, patamar mais elevado desde o início da pandemia, indo a 5,8% pela taxa anualizada. O Fed, embora considerando transitória, aceita esta inflação mais elevada e fala em mexer no juro só no ano que vem. Tudo, no entanto, terá que ser muito cauteloso, até porque a formação de bolhas nestes tempos de QE é uma preocupação latente.

Jerome Powell fará duas aparições ao longo da semana, a primeira em uma conferência online na segunda-feira sobre gênero e economia realizada pelo Fed. Na terça-feira, a palestra acontece numa conferência online sobre diversidade e inclusão na economia e no banco central, organizada em conjunto pelo Conselho do Federal Reserve, Banco do Canadá, Banco da Inglaterra e Banco Central Europeu. Outros funcionários da Fed que deverão falar durante a semana, como Ricard Clarida, vice-presidente do Fed, John Williams, Presidente do Fed de Nova York, Michelle Bowman, governadora do Fed, Patrick Harker, presidente do Fed da Filadélfia, Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, e Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco.

No Reino Unido

Depois de o Banco de Inglaterra ter driblado os mercados com sua decisão de manter a taxa de juros estável na semana passada, o Reino Unido divulga na semana dados de crescimento da economia no terceiro trimestre na quinta-feira. A expectativa é de que o PIB recue para 1,5% contra o trimestre anterior. Os investidores haviam antecipado que o BoE seria o primeiro dos principais bancos centrais do mundo a elevar as taxas de juros após a pandemia da Covid-19. O BoE manteve viva a perspectiva de uma movimentação em breve, dizendo que provavelmente teria de aumentar as taxas a partir dos níveis mínimos de 0,1% “ao longo dos próximos meses”, se a economia tiver o desempenho esperado, mas considerou que “havia valor em esperar” os dados sobre o mercado de trabalho. Foi uma “ducha de água fria” para os mercados, que esperavam o início do ciclo de juro entre os ingleses.

Na China

Os principais líderes do Partido Comunista Chinês se reúnem em Pequim de segunda a quinta-feira, quando o Comitê Central pode decidir conceder um inédito terceiro mandato para o Presidente Xi Jinping.

Mercados

No Brasil, o Ibovespa apresentou alta de 1,37% na sexta-feira, a 104.824 pontos e o dólar queda forte, de -1,53%, R$ 5,5225, mesma direção da inclinação da curva de juros.

Uma novidade na semana passada foi o leilão da 5G, movimentando R$ 46,7 bilhões, já incluindo a outorga, cobrada pelo direito no uso da faixa, compromissos de investimento e ágio de alguns lotes. Foram 43 lotes arrematados. Este valor ficou 250% acima do valor mínimo previsto. Um sucesso retumbante.

Na madrugada do dia 08/11, na Europa (04h05), os mercados futuros operavam em alta DAX (Alemanha) avançando 0,15%, a 16.054 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,33%, a 7.303 pontos; CAC 40 +0,76%, a 7.040 pontos, e EuroStoxx50 +0,69%, a 4.363 pontos.

Na madrugada do dia 08/11, na Ásia (05h05), os mercados operaram em maioria em queda: S&P/ASX (Austrália), -0,06%, a 7.452 pontos; Nikkei (Japão) -0,35%, a 29.507 pontos; KOSPI (Coréia), -0,31%, a 2.960 pontos; Shanghai +0,20%, a 3.498, e Hang Seng, -0,46%, a 24.754 pontos.

No futuro nos EUA, as bolsas de NY, no mercado futuro, operavam mistos neste dia 08/11 (05h05): Dow Jones, -0,07%, 36.189 pontos; S&P 500, -0,17%, a 4.682 pontos, e Nasdaq -0,23%, a 16.321 pontos. No VIX S&P500, 18,32 pontos, recuando 0,65%. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 7,44%, a 0,4287, US 10Y +1,57%, a 1,476 e US 30Y, +0,85%, a 1,902. No DXY, o dólar -0,05%, a 94,270, e risco país, CDS 5 anos, a 233,7 pontos. Petróleo WTI, a US$ 82,17 (+1,11%) e Petróleo Brent US$ 83,53 (+0,95%). Gás Natural em avançando 1,21%, a US$ 5,58 e Minério de Ferro, +1,42%, a US$ 570,50.

Na agenda desta semana, muitos indicadores de inflação, EUA (CPI e PPI) e no Brasil (IPCA e IGP-DI). Estejamos atentos também aos dados de comércio varejista, da PMC do IBGE, de setembro, conhecidos na quinta-feira, projetando queda de 1,0% na base mensal, diminuindo a intensidade da queda registrada em agosto (-3,1%). Já o crescimento do setor de serviços, também de setembro, será divulgado na sexta-feira, com expectativa de alta de 0,5% contra o mês anterior, mantendo o ritmo de crescimento registrado em agosto.

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