Os mercados americanos apresentaram alta no índice geral, embora os desempenhos individuais tenham sido mistos: 319 ações recuaram no S&P 500, enquanto 180 subiram. Apesar de um dia relativamente tranquilo para o mercado acionário, os movimentos no mercado de câmbio foram expressivos, com destaque para o par EUR/USD.
O euro registrou queda de aproximadamente 80 pontos-base frente ao dólar após a convocação de um voto de desconfiança contra o recém-nomeado primeiro-ministro francês, Michel Barnier. O par EUR/USD segue em terreno negativo, com perspectiva de novas perdas, possivelmente abaixo de 1,04 ou até 1,03, segundo análises técnicas. A tendência de baixa persiste, sem sinais claros de estabilização.A deterioração fiscal da França elevou os swaps de crédito de cinco anos do país ao nível mais alto desde 2020.
O spread entre os títulos de 10 anos franceses e alemães atingiu seu maior valor desde 2012, reforçando a percepção de risco ao euro enquanto os problemas orçamentários franceses não forem resolvidos.
A volatilidade implícita de um mês do S&P 500 e do Stoxx 50 ampliou-se para 4,5 pontos, um diferencial relevante. Essa ampliação só foi superada uma vez, durante o início da crise parlamentar francesa em maio e junho. Caso a situação se prolongue, pode haver impacto nos mercados americanos, dependendo da severidade dos desdobramentos.
O spread entre os rendimentos de 10 anos dos EUA e da Alemanha, atualmente em 2,16%, é outro indicador a observar. Se ultrapassar 2,2%, o euro pode sofrer uma queda mais acentuada.
Em contrapartida, no Japão, a contração do spread de 10 anos entre os EUA e o Japão está fortalecendo o iene. Isso pode fazer com que o USD/JPY recue ainda mais de seu nível atual. Esse movimento reflete um fortalecimento do dólar americano em relação a outras moedas do G10, exceto o iene, colocando pares como EUR/JPY, AUD/JPY, MXN/JPY, CAD/JPY, GBP/JPY e CHF/JPY próximos de suas mínimas de agosto.A dúvida permanece sobre quando o mercado de ações dos EUA começará a reagir aos desdobramentos cambiais globais. A resposta parece depender da evolução e gravidade das incertezas econômicas e políticas em curso.
Essa dinâmica ilustra a sensibilidade do mercado cambial global às tensões políticas e fiscais, destacando o iene como um ativo de refúgio em um ambiente de volatilidade crescente.