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Ibovespa: Falando de Fluxo

Publicado 08.12.2020, 11:23
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Tem um dito popular que diz que “quando há milho, há pipoca”. Isso acontece também com o mercado de capitais: quando existem recursos direcionados para o segmento, os mercados sobem e viabilizam também os IPOs e Follow-Ons.

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Todos sabem que quando a pandemia começou a grassar no mundo, aqui, logo na quarta-feira de cinzas, os mercados reverteram tendência e passaram a cair da faixa de 118 mil pontos do Ibovespa, inaugurando grande sequência de “circuit breakers”, vindo quase sem escala até a faixa de 60 mil pontos. Depois disso, o segmento Bovespa passou por duro processo de recuperação, de onde podemos tirar duas conclusões.

A recuperação progressiva foi feita pelos investidores locais, fazendo face à saída dos investidores estrangeiros, naquele momento com enorme aversão ao risco e correndo atrás de proteção, e precisando manter a liquidez em suas bases. Já os investidores domésticos anteviram um bom momento para assunção de risco em renda variável, já que o rendimento da renda fixa mal cobria a inflação.

Assim, o fluxo local basicamente sustentou o demorado processo de recuperação, enquanto os estrangeiros sacavam recursos. Esse movimento se perpetuou por meses seguidos e até setembro de 2020, sempre com o balanço mensal mostrando saques líquidos na Bovespa. Bem verdade que uma parcela desses saques foi para cobrir a participação dos estrangeiros em IPOs e Follow-Ons, mas ainda assim, na Bovespa, as retiradas quase chegaram a atingir R$ 90 bilhões, pouco mais do dobro dos saques líquidos de 2019, de R$ 44,5 bilhões.

Nesse meio do caminho, ficava claro os saques dos não-residentes. O fluxo cambial coletado pelo Bacen chegou a mostrar saídas líquidas pelo canal financeiro de US$ 56 bilhões, enquanto o fluxo cambial total permanecia negativo em mais de US$ 23 bilhões e ainda mostrava saídas líquidas em 2020 (até 27/11) de US$ 19,7 bilhões. O câmbio pressionado atingiu R$ 6, e o real esteve sempre entre as moedas mais desvalorizadas, considerando os países emergentes. Temos que lembrar ainda que nosso mercado é um dos mais líquidos entre os emergentes, e sempre há opção de fazer liquidez mais rapidamente.   

Essa postura dos estrangeiros passou a mudar mais para o final do mês de setembro, melhorou em outubro e fortaleceu em novembro. Dólar forte deixou as ações brasileiras baratas, e temos que considerar que, por aqui, há boas empresas e muito bem administradas. Dólar valorizado e a proximidade de distribuição e aplicação de vacinas mudaram o humor dos investidores estrangeiros, que foram as compras com maior apetite para o risco.

Outubro marcou o segundo mês de fluxo positivo na Bovespa dos estrangeiros, alocando liquidamente R$ 3,3 bilhões. Mas a força veio mesmo em novembro, seguindo aquele conceito de “manada”, com o ingresso de R$ 33,3 bilhões, continuado nesses dias iniciais de dezembro. Outros dados coletados reforçam esse movimento. Até o dia 27/11, pelo canal financeiro, o Bacen registrou fluxo positivo de US$ 6 bilhões. Mais ainda, o IIF-Institute of International Finance registrou que durante o mês de novembro, os países emergentes receberam US$ 76,5 bilhões, volume recorde, sendo que US$ 41 bilhões direcionados para a China. Porém, US$ 39,8 bilhões alocados em ações de empresas.

Isso explica algumas coisas. A busca por ações de empresas mais líquidas, tradicionais e com boa governança (exemplo de bancos e exportadoras de porte), a forte valorização de novembro do Ibovespa de 15,9% e também a recuperação do real frente ao dólar pelo fluxo de recursos entrante. 

Bom, até aqui quase engolimos as perdas do ano. Em 4/12, faltava ainda 1,64%% para zerar a conta de 2020, com o Ibovespa retornando aos 113.750 pontos, enquanto os três principais indicadores do mercado americano batiam novamente recordes de pontuação.

Os investidores locais continuaram a fazer sua parte, já que os saques nos fundos de renda fixa em novembro atingiram R$ 18,9 bilhões, com direcionamento voltado para fundos imobiliários e multimercados. Mas para que esse movimento prossiga no mercado secundário, será preciso a continuidade do movimento dos estrangeiros alocando recursos para levar o índice novamente ao patamar de 120 mil pontos. Ou seja, "será preciso haver milho para que possa haver pipocas".

Alvaro Bandeira é sócio e economista-chefe do banco digital modalmais

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