Esta semana marca uma virada importante de política nos EUA.
Já no primeiro dia de mandato, logo após sua posse, Joe Biden começou sua política de cancelamento – para usar o termo da moda nas redes sociais - das diversas medidas tomadas pelo seu antecessor.
Nas primeiras horas na cadeira, Biden anunciou a volta dos EUA ao Acordo de Paris, estabelecendo a sua posição no que provavelmente será uma gestão mais preocupada com o meio ambiente.
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Também assinou ordem executiva revertendo a saída do país da OMS, no que marca sua posição de maior colaboração com outros países – complementada pela suspensão da construção do mudo com o Mexico e com o fim à restrição de viajantes de países de maioria muçulmana.
Importante monitorarmos os passos da maior economia do mundo para entendermos como podemos melhor investir. E sua relação com a segunda maior economia, a China, também.
É racional esperar que Biden possa regulamentar mais as empresas de tecnologia e informação, como as redes sociais, e aumentar a carga tributária que foi reduzida por Trump – até porque a conta dos estímulos tem que ser paga, e nada mais obvio do que cobrar quem tem poder de pagar.
Tais medidas podem fazer volatilidade para as empresas tech aumentar este ano, mas nada que mude a tendência estrutural de crescimento do setor pelo que dizem a maioria dos analistas.
Por outro lado, nessa semana, os investidores dos EUA ficaram animados com o cenário de estímulos defendido por Janet Yellen, ex-presidente do Federal Reserve e indicada pelo presidente eleito Joe Biden para a Secretaria do Tesouro dos EUA, em sua sabatina no Senado.
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Yellen defendeu fortemente o pacote de estímulos US$ 1,9 trilhão, disse que os benefícios superavam os riscos e que, com juro baixo, o melhor é agir com grandeza na área fiscal, mesmo que seja preciso aumentar o endividamento do país.
“É essencial pôr o orçamento público em trajetória sustentável, mas... Responsabilidade fiscal neste momento de crise é oferecer estímulo” , foram suas palavras, seguidas de "Os EUA não vão lutar por dólar fraco para ganhar vantagem competitiva”
O resultado é que as falas impulsionaram as bolsas dos EUA, as commodities – com a esperada recuperação econômica - e o dólar caiu, mesmo com a declaração de que o mercado que definirá o câmbio - com tanta gastança pela frente.
A política inevitavelmente influencia nos nossos investimentos, seja a dos EUA ou a do Brasil, e deve ditar o tom da bolsa esse ano, junto com a vacinação ao redor do mundo e por aqui.
Por enquanto, parece que as commodities tendem a ser as grandes vencedoras de 2021 em minha opinião, afinal, com tantos estímulos, investimentos em infraestrutura – não só nos EUA, mas na China e em outros locais que buscam recuperar suas economias - em meio a juros reais negativos não teria como ser diferente. Essa é a minha grande aposta para 2021. E a sua?