Publicado originalmente em inglês em 14/01/2021
Com o início da temporada de balanços do 4º tri nesta semana, os resultados de alguns dos melhores bancos americanos mostram que eles estão enfrentando a crise econômica muito melhor do que se imaginava.
De fato, os relatórios podem até mesmo revelar que o fundo do ciclo de queda atual já ficou no espelho retrovisor.
A reversão ocorrerá de forma bastante diferente das perdas ocorridas durante o primeiro semestre do ano, quando os bancos separaram volumes enormes de recursos para lidar com empréstimos inadimplidos por causa da recessão gerada pela pandemia. Essas provisões prejudicaram seus lucros no momento em que era difícil prever como o futuro seria, principalmente quando havia incerteza sobre o sucesso das vacinas.
Mas, com a chegada de 2021, a perspectiva para os bancos melhorou consideravelmente, em especial diante da expectativa de uma disparada nos gastos federais após a vitória de Joe Biden, um aumento dos juros e um forte desempenho dos seus negócios de concessão de crédito e trading.
A reintrodução das recompras de ações bancárias no mês passado e a escolha de Janet Yellen por Biden como Secretária do Tesouro também ajudaram a alimentar o rali nos papéis do setor.
O Índice Bancário KBW saltou 16% no mês passado, superando em muito o avanço médio de 4% do S&P 500 no mesmo período. No ano passado, o índice bancário tombou 14%, enquanto o mercado mais amplo se valorizou 16%.
Três dos maiores bancos americanos — JPMorgan Chase & Co. (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Citigroup Inc. (NYSE:C) (SA:CTGP34) e Wells Fargo & Co. (NYSE:WFC) (SA:WFCO34)— devem divulgar seus resultados trimestrais na sexta-feira.
Tudo indica que o JPMorgan teve um dos melhores desempenhos e deve registrar lucros de US$ 2,42 por ação sobre vendas de US$ 28,02 bilhões, de acordo com estimativas dos analistas.
Crescimento da área de trading
O JPM registrou um surpreendente crescimento no lucro do 3º tri graças ao salto de 30% na receita proveniente dos mercados, já que a alta nos preços das ações impulsionou os volumes de negociação. Sua força nos segmentos de concessão de crédito e trading deve impulsionar novamente seus resultados no 4º tri.
Outro banco que se destacou na crise da Covid-19 foi o Goldman Sachs Group Inc. (NYSE: GS) (SA:GSGI34). Com um segmento menor de crédito e grande exposição ao mercado de trading, o Goldman está se beneficiando da pandemia enquanto os investidores correm para renovar seus portfólios.
No 3º tri, o lucro do Goldman praticamente dobrou, mostrando que, mesmo em meio a uma pandemia, Wall Street consegue fazer dinheiro. Esse desempenho desencadeou um vigoroso movimento nas ações do GS, que agora estão sendo negociadas na máxima histórica, valorizando-se mais de 40% no último trimestre. Suas ações fecharam na quarta-feira a US$ 302,94, uma queda de 0,24% no dia.
Os analistas preveem um lucro por ação de US$ 7,04 para o Goldman Sachs durante o último trimestre de 2020 sobre vendas de US$ 9,72 bilhões. A empresa divulgará seu balanço em 19 de janeiro.
As ações bancárias “voltaram à moda” graças ao otimismo com o estímulo fiscal, os gastos com infraestrutura, a alta nas taxas de juros e maiores retornos de capital, escreveu Richard Ramsden, analista do Goldman, em uma nota na semana passada publicada pela Bloomberg.
Ele destacou o bom desempenho das ações desde que o Fed divulgou os resultados do seu teste de solvência em dezembro, que ficaram em linha com sua visão de que os retornos dos bancos devem se recuperar do declínio de quase três trimestres de 2020 nos próximos dois anos.
Resumo
Os bancos com fortes unidades de trading estão se saindo melhor do que seus pares mesmo com uma economia sob pressão devido à pandemia. Essa tendência deve impulsionar seus resultados no 4º tri, justificando o grande salto nos valores dos seus papéis.