O consenso em finanças é o de que quando tudo vai bem, sobra dinheiro para todos os ativos de risco. Ou o contrário.
Em determinadas ocasiões os movimentos de efeito manada nestas direções eram bastante visíveis. Outras vezes não, ainda que não haja uma métrica.
Mas as bancas players que controlam os fluxos globais de recursos ficaram muito mais seletivas.
Os mercados trabalham com margens muito estreitas e riscos mais altos, em um mundo pós-pandemia sob pressão constante de crises geopolíticas, ameaças de recessão e inflação, a China mantendo o freio na sua economia e o Federal Reserve (Fed) sempre empurrando a frente o tal pouso suave dos juros.
Não que antes dispensassem fundamentos mínimos para investir ou desinvestir em determinadas classe de ativos, mas arriscavam muito mais. A cesta de investimentos era mais cheia.
Os derivativos agrícolas eram uns deles, ainda que nunca se conseguisse mensurar o tamanho do deslocamento de dinheiro entrando e saindo empurrado somente pelas expectativas econômicas gerais.
Trazido mais para o presente o caso dessas commodities, vimos o S&P 500 batendo recordes, ultrapassando os 5 mil pontos pela primeira vez na história desde começo de fevereiro, DOW e a Nasdaq não ficando muito trás, mas o máximo que se viu foi fundos cobrindo posições ou uma ou outra ocasião fazendo comprinhas sobre bagatelas.
Ainda por cima os Títulos dos Estados Unidos também não ficaram pelo caminho. Com alguns ajustes pontuais quando as bolsas, pontualmente, caiam (e caem), o T-Bonds de 10 anos, principal referência, deixou os 3,8 mil pontos de 1 de janeiro para se fixarem nos 4,1 a 4,3 mil atuais.
Com dois concorrentes como esses, nenhuma commodity em Chicago e Nova York viu sobra desde 2023, pelo menos. Na segunda praça, o açúcar subiu por conta própria, mas já perdeu fôlego.
Para a soja, a mais visível, nenhuma expectativa positiva para uma redução de oferta global e demanda crescente da China, que pudesse vir com o USDA se aliando às consultorias – inclusive as americanas, mais recentemente -, atraiu as cotações muito acima dos US$ 11 o bushel.
Os US$ 12 foram conquistados só agora, nem tanto porque a Conab deu 146 milhões de toneladas – contra o 155 milhões/t do USDA também de março -, mas porque a expectativa com China melhorou e o plantio nos EUA falta pouco para começar, então se testa o clima e se o pais mesmo vai plantar mais como se previu em fevereiro.
Já houve muitos cenários nos quais não haviam fundamentos de altas e as commodities agrícolas conseguiam parte dos recursos distribuídos em bolsas, títulos e câmbio. Mais uma vez: não há régua demarcando, apenas movimentos expressivos de cotações que indicam fatores exógenos.
Com isso, se chega a mais uma reunião do Federal Reserve (Fed), depois de amanhã, olhando só para a de julhi, e olhe lá, torcendo que haverá, então, o começo do corte dos fed funds em 0,25 pp.
Vai-se entrar em mais um período de indefinição e o dinheiro vai ficar circulando em ativos de maior e melhor liquidez, portanto que margeiem variáveis de tiro mais curto – reflexo da divulgação de determinado indicador, por exemplo -, o que não é o caso dos mercados futuros de commodities.