No último artigo que escrevi, comentei acerca da volatilidade que era esperada pelo mercado e que acabou ocorrendo na última semana do final do mês de outubro. O fato é que dada a baixa atratividade dos investimentos, o baixo custo de capital mundial, as eleições americanas e a chegada do inverno no hemisfério norte, aumentando os casos de Covid (tivemos também um aumento na quantidade de testes), faz com que tenhamos uma série de acontecimentos que trazem incertezas para o investidor e essa incerteza é sinal de oportunidade tanto para o investidor quanto para o especulador, muitas vezes colocado à margem do mercado, mas que é necessário, no mínimo, para um aumento de liquidez no mercado.
É na incerteza que os preços dos ativos ficam mais voláteis, onde muitos players preferem sair do mercado dada a falta de clareza no cenário de investimento é da natureza do ser humano preferir ambientes mais seguros dada a composição da parte do nosso cérebro reptiliano, onde desde os primórdios procuramos segurança, andar com a “manada” e com um grupo de pessoas para nos trazer segurança. Nos investimentos quem segue isso, tende a ter um retorno abaixo ou no máximo na média comparado com outros investidores. Sendo assim, precisamos “lutar” contra nossos instintos e contra nossa composição humana, agindo diferentemente da média porém com motivos e razões para determinados movimentos do mercado, não apenas sendo um “do contra”, por ser.
Não vai ser nem a primeira e nem a última correção do mercado, onde esses movimentos são necessários e devem ser bem-recebidos para o investidor que ainda está em momento de acúmulo de capital. Abaixo podemos ver um compilado das últimas crises, onde podemos ver que elas têm incidência quase que anual, no nosso mundo:
É nesse cenário atual, com a bolsa brasileira em dólares no nível de maio de 2020 e com alguns ativos negociados a valores de 2005 (Banco Bradesco (SA:BBDC4) em dólar, por exemplo, tem um lucro 4x maior hoje do que tinha em 2005, porém com preços em dólar a valores de 2005). O fato é que temos oportunidades retornando, balanços vindo bem, acima das projeções do mercado e recuperação nos lucros de 2019, como mostrarei adiante, fazendo um apanhando dos acontecimentos e oportunidades ao meu ver.
Aumento no número de casos de Covid
Quem olha friamente as manchetes do jornais e da televisão, prestando atenção apenas no aumento no número de casos de Covid, pode esquecer de outros detalhes fundamentais. Com a chegada do inverno no hemisfério norte é normal esse aumento de casos, além disso, temos a questão de nos Estados Unidos, por exemplo, há um aumento no número de testes, o que naturalmente já aumenta a quantidade de casos. A parte positiva, ao contrário de março passado, é que estamos cada vez mais perto de uma vacina, o que aumenta a chance de uma retomada na normalização econômica.
Abaixo, podemos notar que a quantidade de testes aumentou quase 20x, então é natural o aumento de casos, pois a amostra está maior. Um dos pontos positivos é que a quantidade de mortes vêm diminuindo, estamos sabendo tratar melhor a doença e isso traz mais esperanças para uma saída mais rápida. Na China, a economia está crescendo a pleno vapor e a expectativa que seria em 2030 de que a economia chinesa poderia tornar-se a maior do mundo, foi antecipada para 2024. Conversando com dois médicos próximos, que tomaram a vacina Chinesa, eles comentaram da imunização, então pode ser que dado o baixo nível de casos na China (alguns podem desconfiar dos dados), aparentemente eles estariam com alguma vacina efetiva.
Crescimento acima do esperado da economia
Um dos pilares em investimentos é o retorno pelo lucro ou pela geração de caixa por parte das companhias. Investir possui uma lógica e a lógica é que, no médio e longo prazo, o percentual de aumento ou queda nos lucros ou geração de caixa (o principal ao meu ver), acompanhará a flutuação do preço das ações. Começamos o período de divulgação de resultados do terceiro trimestre e nos Estados Unidos, esses resultados estão superando em cerca de 85% o compilado e esperado pelos analistas. Comparando com o ano passado, o S&P500 teve lucros que estão até o momento 5% abaixo, porém notamos que grandes empresas vêm trazendo resultados muito acima do esperado, como Google (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34), Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) e outras.
Já na Europa, analisando o cenário macro, estamos com crescimento no PIB muito acima do que era esperado, mesmo com o lock down seletivo nesses países…
No Brasil idem, tivemos o começo da temporada de resultados e resultados como Tupy (SA:TUPY3), Romi (SA:ROMI3) e Vale (SA:VALE3) (isso não é uma indicação de compra ou venda) chamaram a atenção, vindo muito bem, tanto que aumentei posição nesses ativos no último dia útil de outubro. Vale, por exemplo, negocia a 2,9x Ebitda contra 5x de BHP e Rio Tinto (LON:RIO) e cerca de 5x lucros para 2021..
E o grand finale… eleições americanas…
Essa é a segunda eleição presidencial que passo aqui nos EUA. A primeira trazia pesquisas dando ampla vantagem para Hillary Clinton e acabou dando Trump. Aqui nos EUA, os meios de comunicação tem um lado bem definido na hora de dar a notícia.. a Fox, Canal de Televisão é Pró-Trump e a CNN, pró-Biden e contra o Trump. É algo engraçado, porque na CNN, por exemplo, a emissora fica o dia inteiro “batendo” em Trump. O fato é que as pesquisas aqui têm um forte viés e não podem ser consideradas 100% como fonte de credibilidade..
Como em 2016, estamos notando um crescimento de Trump nas pesquisas nesses últimos dias, inclusive o percentual está muito similar ao mesmo ponto das últimas eleições…
Acredito que o cenário ainda continua muito aberto, com possibilidade de ganho para ambos os presidenciáveis, mas independentemente desse resultado, acredito que o foco principal deva ser na análise dos ativos em carteira, seu preço e valor visto, boa administração, pois como mencionei anteriormente, essa volatilidade traz oportunidades para ativos com ótimos resultados e ótimos preços. Com juros baixos, trazendo poucos retornos, temos pouca escolha de alocação de capital e o mercado de ações é onde temos as melhores oportunidades no momento.
Independentemente do resultado dessa eleição presidencial americana, podemos ver que a média de retorno em ano de escolha de presidente, no S&P500, é uma média de 11,3% para qualquer presidente, 9,3% para a entrada de um novo presidente e 13,4% para o presidente que está no poder vencer. Quem for o presidente, desde 1928 temos a probabilidade ao lado nosso lado e temos como investidores, focar naquilo que temos controle: nosso emocional para controlar a volatilidade e a queda momentânea no preço das ações e o controle daquilo que vamos investir!
Em resumo:
- a quantidade de crises, assim como a volatilidade vem aumentando no mercado. Volatilidade = oportunidade;
- número de casos de Covid aumentando, porém aumentou-se a quantidade de testes. Taxa de mortalidade está menor que o pico de março, estamos sabendo lidar melhor com a situação;
- resultados nos EUA e Brasil vindo muito bem e surpreendendo positivamente. PIB dos maiores países europeus, idem;
- eleições americanas ainda “abertas”, porém isso não pode ser o principal foco do investidor;
- independentemente do resultado das eleições americanas, o fato é que o mercado de ações sobe em períodos como esse;
- foque naquilo que pode controlar: seu mindset ao investir, seu temperamento de investidor, as oportunidades que surgem, o estudo dos ativos que gosta e quer investir.
Fico por aqui!
Era isso!!
Um grande abraço