by Jason Martin
Julho começará lento nas bolsas dos EUA com Wall Street operando só metade do dia na segunda-feira e fechada na terça-feira com o feriado de Independência. Mas o ritmo do mês se acelerará rapidamente com a expectativa por eventos, balanços e com o olhar especial para o Federal Reserve.
Fed no centro das atenções
Quarta-feira, logo após o final de semana prolongado em Wall Street, o mercado abre já com a publicação da ata da última reunião do FOMC.
Em junho, o Fed decidiu elevar em 25 pontos-base a taxa-alvo dos juros para o intervalo entre 1% e 1,25% e reforçou sua previsão de que aumentará os juros novamente ainda neste ano.
O mercado segue desconfiando das projeções de nova elevação em 2017 e mantêm as apostas em juros maiores em dezembro em 45%, de acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com.
O foco dos investidores ao analisar a ata, porém, será na redução do balanço dos ativos do Fed, cuja sistemática foi anunciada ao final da última reunião do FOMC, mas sem revelar o cronograma. O mercado aposta que o banco central vai esperar até setembro para dar início ao maciço processo de venda de ativos.
Em 7 de julho, dois indicadores do mercado de trabalho vão mexer com o mercado. O consenso aposta em uma manutenção do desemprego em 4,3%, com a criação de 177 mil novas vagas com a publicação do payroll não-agrícola.
Perto do pleno emprego, o Fed deverá permanecer de olho no salário médio do trabalhador. O aumento do valor pago por horas ainda é um indicador cuja recuperação estra atrasada em relação aos demais e o Fed acredita que seja o principal responsável pela inflação não estar caminhando para a meta de 2%.
De qualquer modo, também na próxima sexta-feira dia 7, o Fed vai publicar o seu relatório semestral de política monetária. O movimento surpreendeu o mercado pela antecipação da divulgação. O Fed explicou que a decisão permite que os parlamentares e público possam analisar o documento antes do depoimento de Janet Yellen ao Congresso.
Até então, o documento era publicado junto com o depoimento semestral do presidente do Fed ao Congresso.
Janet Yellen falará ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA às 11h do dia 12 de julho, cinco dias depois do relatório ser publicado. O Fed informou ainda que os apontamentos de abertura do discurso de Yellen serão publicados às 9h30.
O depoimento dela deverá ser a última chance de os mercados ajustarem suas expectativas antes da próxima reunião do FOMC nos dias 25 e 26 de julho.
Os fundos futuros do Fed precificam em zero as chances de uma alta de juros nesse encontro. A reunião também não inclui mudanças de projeções econômicas ou será seguida de coletiva de Yellen, então os investidores ficarão presos em analisar o comunicado após o encontro em busca de pistas das intenções do Fed, com foco na visão sobre inflação, cuja previsão foi reduzida em junho.
Temporada de resultados começa
Deixando o Fed de lado, o mercado terá outro ponto de grande interesse em julho que poderá indicar se o rali das ações continua, uma correção começa ou teremos uma consolidação.
Os balanços do segundo trimestre começam a ser publicados na semana do dia 10, com o início não-oficial com a publicação dos resultados do JPMorgan em 14 de julho, por volta das 8h.
Com apenas 23 das companhias listadas no S&P 500 tendo publicado seus balanços até agora, 78% superaram as projeções de lucro, com alta de 16,4%, enquanto 87% ficaram acima do consenso de vendas, graças ao aumento de receita de 8,5%, segundo o The Earnings Scout.
No entanto, os especialistas alertam que esse aumento não deverá ser tão forte quando o do primeiro trimestre.
O consenso prevê alta nos lucros de 7,9% na comparação anual, bem abaixo dos 15% registrados no primeiro trimestre.
Esperança de avanço na reforma tributária
O mercado também fica de olho ao longo se o Congresso fará algum movimento de avanço na reforma trabalhista até o início de seu recesso no dia 28 de julho, que se estende até 5 de setembro.
Os investidores estão ansiosos para ver se haverá uma decisão na reforma do sistema de saúde, que vem enfrentando restrição dentro do próprio partido Republicano. O tema é essencial para fechar o Orçamento de 2018.
Outro ponto importante é o teto da dívida, em outro ponto que divide os conservadores e centristas republicanos.
O começo lento da próxima semana pode ser um engano. Julho será um mês agitado para os mercados, apesar do histórico de férias dos traders, que poderão perder grandes volatilidades.