Publicado originalmente em inglês em 04/12/2020
Comprar ações de empresas que estão desenvolvendo vacinas contra a covid-19 tem sido uma grande aposta neste ano. Algumas das principais candidatas na corrida para combater o vírus viram suas ações mais do que dobrarem de valor em apenas algumas semanas.
A Moderna (NASDAQ:MRNA), por exemplo, subiu 631% neste ano, ao divulgar que obteve uma taxa de sucesso de 90% em seus ensaios clínicos. Da mesma forma, a empresa alemã BioNTech (NASDAQ:BNTX), que firmou parceria com a Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) no desenvolvimento do imunizante, disparou mais de 250% neste ano. Essa vacina obteve autorização de uso emergencial no Reino Unido na quinta-feira, antes das decisões nos EUA e União Europeia.
Apesar desses fortes ralis, é importante determinar se a compra das ações de uma desenvolvedora de vacinas pode ser uma estratégia de sucesso no longo prazo. Neste momento, essas empresas de biotecnologia estão atraindo grande interesse de day traders, que estão promovendo a volatilidade nesses papéis.
Os preços das ações da Moderna, por exemplo, saltaram 17% na terça-feira pela manhã, antes de afundar 10% na sessão da tarde. O papel disparou 55% e ganhou mais de US$ 21 bilhões em valor de mercado nos últimos três pregões, após a companhia divulgar dados positivos e planos para solicitar aprovação de sua vacina.
As ações da Moderna fecharam na quinta-feira a US$ 157,26, abaixo da máxima histórica de US$ 178,50 atingira em 1 de dezembro.
“O perigo para os investidores está na avaliação da importância desses medicamentos no combate à pandemia com a atratividade das oportunidades de negócios no longo prazo”, escreveu Charley Grant em uma recente análise no Wall Street Journal. “Os medicamentos usados com menos frequência pelos pacientes tendem a ser menos valiosos aos investidores, não importa sua necessidade ou quanto vendam no curto prazo”.
Uma aposta arriscada
Essa talvez seja a razão pela qual as ações da Pfizer, primeira grande farmacêutica a anunciar a eficácia da sua vacina, não se moveram muito por causa dessa conquista. O papel subiu 8% neste ano em comparação com a alta de 13% do S&P 500.
Um perigo que pode afetar essas pioneiras na corrida pela vacina é que muitos outros imunizantes estão prestes a encerrar seu estágio final de desenvolvimento e, se obtiverem sucesso, podem baixar o preço das vacinas. Essa possibilidade faz com que a compra de uma ação ligada à vacina seja uma aposta arriscada.
As vacinas na liderança, como as da Moderna e da Pfizer-BioNTech, usam uma tecnologia conhecida como RNA mensageiro, enquanto a vacina experimental da AstraZeneca (NASDAQ:AZN) (SA:A1ZN34) usa o vírus inativo para gerar uma resposta imunológica.
“Os investidores agora acreditam que as vacinas mRNA ganharão a maior parte do mercado americano, elevando as preocupações dos investidores com as vacinas adenovírus e, em particular, os recentes dados da AstraZeneca”, declarou o analista Matthew Harrison, do Morgan Stanley (NYSE:MS), em uma nota citada pela Bloomberg.
A expectativa é que as vendas das inoculações da Moderna atinjam US$ 15 bilhões nos próximos dois anos.
Resumo
No caso do investimento em empresas que desenvolvem vacinas para a covid-19, a real oportunidade de fazer dinheiro foi prever corretamente o timing dos resultados positivos dos ensaios e comprar as ações das que estavam na frente, como Moderna e BioNTech. Agora que o movimento já passou, apostar nesses players pode não ser tão rentável como muitos no mercado acreditam.