O investidores da Rivian Automotive (NASDAQ:RIVN) estão enfrentando uma abrupta interrupção do impressionante rali que começou após a fabricante de veículos elétricos (VEs) abrir seu capital na semana passada.
Suas ações afundaram mais de 20% nos últimos dois pregões, depois de uma disparada de cinco dias que fez o papel subir 121% desde o preço inicial de US$78 do seu IPO.
Em determinado momento, a euforia pós-IPO da Rivian fez com que a companhia valesse mais do que quase 90% das empresas do S&P 500, como Boeing (NYSE:BA) BOEI34), Starbucks Corp. (NASDAQ:SBUX) (SA:SBUB34) e Caterpillar (NYSE:CAT) (SA:CATP34).
Esse tipo de volatilidade em ações de veículos elétricos não é novidade. A líder de mercado, Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), vem registrando diversos períodos de ascensão e queda nos últimos cinco anos. Os papéis da Tesla estão sofrendo extrema pressão desde que Elon Musk fez uma pesquisa no Twitter no início deste mês, perguntando aos seus seguidores se ele deveria vender 10% da sua participação na companhia, o que acabou se concretizando logo em seguida.
A maior incerteza em torno das empresas de veículos elétricos são seus elevadíssimos valuations, difíceis de justificar sob qualquer aspecto. A Rivian, que conta com o apoio de alguns investidores de alto calibre, como Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34), Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) e a gestora financeira T. Rowe Price (NASDAQ:TROW) (SA:T1RO34), precisa provar logo que consegue satisfazer as expectativas dos investidores.
A Rivian pretende usar os US$12 bilhões levantados com o IPO para expandir sua produção industrial e acelerar o desenvolvimento de modelos de veículos futuros. Em julho, a Reuters informou que a Reuters planejava investir US$5 bilhões em uma segunda planta de montagem. A empresa declarou que sua atual fábrica em Ilinóis tem capacidade para produzir 150.000 veículos por ano.
Participação de 20% da Amazon
A Amazon, que em 2019 garantiu uma participação de 20% na companhia, tornou-se a maior compradora de veículos da Rivian, quando seu fundador e CEO Jeff Bezos reservou 100.000 vans elétricas para sua frota logística.
A Rivian está desenvolvendo uma picape elétrica, a R1T, além de um SUV, o R1S. Ela começou a entregar algumas picapes em setembro, em sua maioria para seus próprios colaboradores. A companhia estima que sua produção anual atingirá 150.000 veículos em sua fábrica principal até o fim de 2023.
“Construímos uma plataforma que é incrivelmente escalável”, ressaltou o CEO da Rivian, R.J. Scaringe, neste mês em uma entrevista à Bloomberg Television. “A “plataforma tem nos permitido avançar bastante rápido na construção da nossa unidade comercial, e o nosso primeiro cliente no segmento é bastante representativo, a Amazon, que já fez seu pedido inicial de vans".
A demanda por veículos elétricos deve continuar forte, graças aos subsídios governamentais para promover tecnologias limpas. O presidente americano Joseph Biden pretende gastar bilhões de dólares para construir uma rede de estações de carga de veículos elétricos como parte do seu programa de infraestrutura.
Além disso, a Rivian afirma que esse mercado valerá pelo menos US$1 trilhão até 2025, crescendo de forma exponencial em uma década.
Existe a forte possibilidade de que a Rivian possa se tornar um player de sucesso no mercado de VEs, graças à sua considerável liderança no mercado de picapes movidas a baterias. Mas os investidores não podem perder de vista que será longa a jornada da empresa até conseguir fechar a lacuna existente entre as expectativas e seus fundamentos.
A escalada de produção é historicamente a parte mais arriscada do ciclo de vida de uma companhia, e a Rivian levará vários anos até atingir esse estágio. Para fins de comparação, a Tesla levou uma década para aumentar sua escala e registrar seu primeiro ano de lucro.
Conclusão
Os investidores terão um ponto de entrada muito melhor para comprar as ações da Rivian e fazer parte dessa promissora história de crescimento de VEs. Neste momento, é grande o risco de perder dinheiro após a euforia inicial com seu IPO. Em nossa visão, portanto, a melhor estratégia para investidores de longo prazo é ficar de fora.