Semana de ata do Copom, indicadores de inflação (PCE) nos EUA, discussões sobre orçamento e novos sinais sobre a situação da mega incorporadora chinesa Evergrande Group (HK:3333) (OTC:EGRNY) No mercado cambial brasileiro, o BACEN resolveu antecipar os leilões de swap, visando o grande volume de remessas de final de ano e a volatilidade recente. Na agenda do Congresso, a reforma administrativa deve capitalizar as atenções. Sobre a Evergrande, não parece haver uma crise sistêmica no horizonte, isso porque tudo que passa pela economia chinesa, tem a “anuência” do partido comunista e do Banco Popular da China. Soma-se que o “Capitalismo de Estado Chinês” está passando por transformações estruturais, com maior regulação nos mercados e maior foco na renda e consumo.
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A China ruma, na próxima plenária do PPC, ano que vem, para uma nova estratégia, liderada por Xi Jinping. Esta deve se caracterizar por regulamentar mais os mercados, maior foco na renda das famílias e no consumo, e menos nos investimentos, com debate sobre redução de desigualdades. Isso, com certeza, deve trazer “novas tensões sociais” na sociedade chinesa e um crescimento econômico bem menor, atrás do pico de 10% ao ano no passado recente.
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Sobre a incorporadora Evergrande: Ela engloba o setor de construção civil, que representa mais de 25% do PIB da China. É um setor que possui uma “natureza de endividamento” elevada, tanto para as empresas envolvidas, porque as obras são sempre muito pesadas, quanto para os clientes, as famílias que compram os imóveis e pagam antecipadamente. O problema é que se a economia começa a rodar menos, desacelerar, como nos últimos anos, o “fluxo de caixa” destas poderosas empresas, começa a apresentar problemas. As empresas seguem com cronogramas pesados de obras, mas os pagamentos começam a se reduzir, as rendas mais limitadas, o que gera um descasamento entre os projetos de construção e capacidade de “gerar caixa”.
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No crescente endividamento da Evergrande, o que se vislumbra, é o que os especialistas chamam de “implosão controlada”, com o Estado assumindo parte dos passivos e o controlador saindo. Talvez tenhamos nas próximas semanas a “estatização” dos passivos da empresa, acima de US$ 300 bilhões. Na semana passada, não se confirmou o pagamento integral das dívidas que venceram dia 25. Mal sinal para os mercados.
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Nesta semana teremos a ata do Copom e possíveis esclarecimento sobre a trajetória da inflação no restante deste ano e no próximo. Em setembro, o IPCA-15 foi a 1,14%, acima do esperado, no ano em alta de 7,02% e em 12 meses 10,05%.
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Na sexta-feira (dia 26), com os mercados já fechados, o BACEN anunciou dois leilões extraordinários de swap cambial por semana, às segundas e quartas-feiras, até 14 mil contratos, a US$ 700 milhões, com vencimentos 01/06/22 e 01/09/22. Em 2020, o primeiro sinal do BACEN aconteceu no dia 16 de novembro, sobre as rolagens de swaps em janeiro de 2021, dizendo que “poderia recalibrar o montante ofertado conforme condições de mercado”. Agora, resolveu dar uma antecipada nesta operação no objetivo de “irrigar o mercado” e mantê-lo funcionando normalmente, suprindo a demanda dos bancos e de olho no overhedge de dezembro. Foi objetivo também reduzir a volatilidade do dólar, e seu risco inflacionário (foi a R$ 5,30 nesta semana).
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Sobre o imbróglio dos precatórios, o governo espera quitar R$ 65 bilhões em dívidas judiciais em 2022. Muitos consideram isso, no entanto, uma estratégia para “empurrar com a barriga” o problema. Falando do parecer da reforma do Imposto de Renda, na CAE do Senado, novas mudanças são previstas, o que deve atrasar ainda mais a sua versão final. Muitos acreditam que esta versão deve ficar para o ano que vem.
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Nos EUA, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, pretende votar até quinta-feira o plano de US$ 1 trilhão em infraestrutura, além do pacote social e climático, estimado em US$ 3,5 trilhões. Isso porque termina nesta semana o prazo para a votação do orçamento americano. Este pacote dos democratas, previsto para 10 anos, foi aprovado neste fim de semana em comissão. Fortalece a rede de segurança social e os programas ligados a mudanças climáticas. Acreditamos que o orçamento de 2022 deve vir com aumento de impostos robusto, mas aquém do que queria Joe Biden.
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Como resultado do “rega bofe” na viagem da mega delegação brasileira à plenária anual da ONU semana passada, sem o mínimo de cuidado e bom exemplo, mais um participante pegou Covid, desta vez, desta vez o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Eduardo Bolsonaro e Antônio Queiroga já haviam contraído. O presidente, por um “milagre da natureza”, foi poupado.
Mercados
O Ibovespa fechou a semana em queda, refletindo maiores temores com a incorporadora Evergrande, no risco de crise sistêmica. O índice paulistano recuou 0,69%, a 113.282 pontos. Na semana, no entanto, acumulou alta de 1,65%. Já o dólar engatou a terceira semana de alta, ao final do dia valorizando 0,66%, a R$ 5,3444, maior cotação desde 24/08.
Nesta madrugada (09h05), dia 27/09, na Ásia, os mercados operaram entre altas e baixas. Nikkei -0,12%, a 30.018 pontos; KOSPI, na Coréia do Sul, +0,35%, a 3.410 pontos; Shanghai Composite, -0,80%, a 3.613 pontos, e Hang Seng,-0,11%, a 24.127 pontos.
Nesta madrugada do dia 27/09, na Europa (09h05), nos futuros os mercados operavam em alta. DAX (Alemanha) avançando 0,96%, a 15.649 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,31%, a 7.048 pontos; CAC 40 (França), +0,62%, a 6.670 pontos, e EuroStoxx50 +0,73%, a 4.167 pontos.
Nos EUA, as bolsas de NY no mercado futuro, operavam às 22h45, dia 26/09, da seguinte forma: Dow Jones avançando 0,45%, a 34.830 pontos, S&P 500, +0,40%, a 4.463 pontos, e Nasdaq -0,45%, a 15.398 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y recuando 0,91%, a 0,2715, US 10Y -0,69%, a 1,451 e US 30Y, -0,12%, a 1,985. No DXY, o dólar -0,06%, a 93,218. Petróleo WTI, a US$ 75,19 (1,64%) e Petróleo Brent US$ 78,53 (+1,68%).
Na agenda da semana estará carregada. Teremos no Brasil a ata do Copom, quando saberemos maiores detalhes sobre a decisão da semana passada, dados de emprego do Caged na terça-feira, IGP-M na quarta-feira e PNAD Contínua de agosto na quinta-feira, com dados de desemprego no trimestre anterior. Nos EUA, estejamos de olho em mais um depoimento do enigmático Jerome Powell que segue negando a urgência da retirada de estímulos (tapering), embora o mercado já comece a ver esta possibilidade, a ser anunciada no FOMC de agora em novembro. Sobre os indicadores, estejamos de olho no deflator de gastos do Consumo Pessoal das famílias americanas de agosto na sexta-feira. Na semana termina o ano fiscal e o governo terá que aprovar o novo orçamento, sob o risco de um lockout.