- A inflação nos EUA, apesar de ter vindo abaixo da registrada no mês anterior, ficou um pouco acima das expectativas.
- A reação inicial do mercado foi mista.
- No entanto, é provável que a inflação caia forte nos próximos dois meses, devido ao efeito-base.
- Variação do IPC de março a/a= 6,4% + 0,4% -0,8% = +6%.
- Variação do IPC A/A de abril= 6% + 0,4% - 1,2% = +5,2%.
O tão esperado dado de inflação de janeiro nos EUA saiu ontem, com os números ficando abaixo dos registrados no mês anterior, mas levemente acima das expectativas.
Fonte: Investing.com
Os mercados reagiram inicialmente de forma positiva à notícia, com o índice composto da Nasdaq fechando com uma alta de 0,57%, e o S&P 500 ficando praticamente estável.
Independe do que acontecer nas próximas semanas, gostaria de explicar nesta análise por que a inflação pode cair mais forte nos próximos dois meses e ficar na faixa de 5% nos EUA.
Para isso, precisamos levar em consideração o chamado “efeito-base” que, em termos simples, significa comparar os dados de diferentes períodos. A imagem abaixo mostra o índice de preços ao consumidor (IPC) ajustado sazonalmente. Os dados seguem esta ordem: data e horário, dado atual, mudança percentual e numero anterior.
Fonte: Investing.com
*Obs.: Esse cálculo, obviamente, não leva em consideração grandes imprevistos, como uma nova guerra e disparada das commodities.
Considere-o como se fosse um índice de inflação que, em vez de acompanhar as mudanças, rastreia diretamente o valor de referência do IPC ajustado sazonalmente.
Agora, na coluna do meio, adicionei alguns numerozinhos em branco e vermelho.
Sem entrar em muitos detalhes, o conceito é bastante simples. Para cada valor do índice, com base no mês de referência, adicionei uma nova variação do mês atual e removi a variação do mesmo mês do ano passado.
Para simplificar, se o último valor foi de +6,4% em fevereiro (referente a janeiro), no próximo mês, vamos somar a nova variação mensal de 2023 (março sobre fevereiro) e subtrair a variação do mesmo período de 2022.
Então, para entendermos melhor: +6,4% + variação mensal março (para fevereiro) 2023 - variação mensal março (para fevereiro) 2022. Com base nos números das colunas, podemos concluir que é provável uma nova queda da inflação nos próximos dois meses.
Em 2022, os aumentos em março e abril foram de +0,8% e +1,2%, respectivamente.
Como esses dois números devem ser removidos da equação acima, é fácil ver (intuitivamente) que, se as variações nos próximos dois meses estiverem na faixa de +0,4% ou +0,5%, então o valor geral deve necessariamente cair.
E quanto menores forem as mudanças nos próximos dois meses, menor será o valor final.
Suponhamos, então, que as variações nos próximos dois meses seguirão a tendência observada em fevereiro (aumento de +0,4%). Em outras palavras, chegaríamos aos seguintes números:
Assim, dentro de alguns meses, ou pelo menos nas próximas duas pesquisas, podemos acabar ficando com um IPC de cerca de 5%. Isso acontecerá quando o Fed subir as taxas para 5% ou mais. Este é o famoso ponto de pivô sobre o qual sempre falo.
A inflação no ciclo econômico segue indicadores antecedentes e dados econômicos. Veja o gráfico abaixo (falta apenas a linha rosa na queda geral).
Fonte: Topdown Charts
Mais uma vez, ninguém consegue prever o futuro, mas pelo menos temos um cenário provável a considerar.
Aviso:Este artigo foi escrito apenas com fins informativos e não constitui qualquer solicitação, oferta, conselho ou recomendação de investimento, não tendo por objetivo incentivar a compra de ativos de nenhuma forma. Cabe lembrar que qualquer tipo de ativo é avaliado a partir de diversos pontos de vista e possui riscos; por isso, a decisão de investir e o risco associado são de sua inteira responsabilidade.