O colapso das ações da Evergrande (HK:3333) espalhou medo nos mercados e continuou pressionando o dólar ontem pela manhã (Importante destacar que o Brasil é muito suscetível a essa crise, pois dependemos fortemente das exportações das commodities que estão fortemente integradas ao sistema financeiro chinês). Claro que o pânico de segunda-feira deu uma pequena arrefecida pela realização de algumas posições, mas a coisa mudou após as falas dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), operando na casa de R$ 5,27 após ficar no R$ 5,33 pela manhã.
Dólar fechou ontem em queda a R$ 5,286 puxado por um clima exterior mais favorável. Internamente as falas de Lira e Pacheco deram um tom de otimismo no mercado sobre uma solução para o impasse dos precatórios. O presidente do Senado disse que a PEC para resolver o problema dos precatórios no Orçamento do ano que vem preverá uma limitação do crescimento dessas despesas pela mesma dinâmica da regra do teto de gastos. E o presidente da Câmara disse "que fique claro" que há o compromisso de respeito ao teto de gastos. Esse respeito ao teto de gastos deu o tom de calma aos investidores que ficam atentos aos riscos fiscais por aqui.
Lira promoveu a leitura de ato de criação da Comissão Especial que analisará o mérito da PEC dos Precatórios. A solução deve ser incorporada durante a discussão da PEC sobre o tema, que deve ser instalada hoje pela manhã, quando será eleito o presidente do colegiado e designado um relator. E segue a novela...
Hoje mercado opera na expectativa das taxas de juros aqui e nos EUA e algum sinal de quando ocorrerá o tapering por lá. Mercado não pode se esquecer das incertezas na economia americana geradas pelo teto da dívida por lá.
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Existe no mercado uma crescente percepção de que a desaceleração da economia mundial devido à variante Delta do coronavírus nos últimos meses atrasou o tempo em que os principais bancos centrais começariam a apertar a política monetária.
Qualquer anúncio antecipado de reversão de suporte do Federal Reserve (Fed) poderia prejudicar ativos de países emergentes, uma vez que a perspectiva de redução da liquidez global tenderia a redirecionar recursos para os EUA. O presidente da instituição, Jerome Powell, e os seus colegas mais seniores no banco central até agora deram declarações contraditórias sobre a redução do estímulo, sendo que o consenso geral do mercado é que qualquer redução não vai acontecer antes de novembro.
No Brasil, o consenso é de que o BC vai elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 6,25% ao ano, dando continuidade ao ciclo de aperto monetário mais intenso do mundo no momento. Vamos acompanhar.
Juros mais altos no Brasil tornam o mercado de renda fixa doméstico mais atraente para o investidor estrangeiro, o que pode elevar o ingresso de dólares no país e levar a valorização do real.
Se a Selic subir muito pode ter um impacto positivo para o real devido ao movimento de carry trade, mas creio que um ponto não vá mudar nada, pois o mercado já está precificando isso.
A decisão da política monetária do Fed será conhecida às 15 horas e explicada às 15h30 em coletiva de imprensa. Já por aqui, a decisão da taxa de juros será divulgada após fechamento do mercado, as 18h00.
As duas decisões de política monetária trarão impacto no câmbio, agora é ver se vão na mesma direção ou não.