Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 05/02/2021
O Índice Dólar vem subindo lentamente nas últimas semanas.
Tudo indica que a moeda americana está prestes a registrar um grande salto, com base na análise técnica.
Esse movimento ocorre ao mesmo tempo em que o euro começa a dar sinais de um significativo rompimento para baixo.
Os ventos favoráveis no dólar se devem à perspectiva de crescimento nos EUA e ao menor temor em relação ao aumento do endividamento do país às vésperas de outro grande estímulo.
Isso está ajudando os rendimentos dos títulos de 10 e 30 anos do Tesouro americano, inclinando a curva de juros e aumentando os spreads em relação aos vencimentos mais curtos em níveis que não eram vistos desde 2017.
Além disso, o spread entre os títulos americanos e europeus se acentuou, o que pode acabar ajudando a impulsionar o dólar contra o euro.
O índice dólar registrou um forte rompimento de um possível padrão altista de reversão conhecido como OCOI (ombro-cabeça-ombro invertido).
Isso fez com que o índice dólar subisse rapidamente até o nível de resistência a cerca de 91,80. No entanto, se o índice ultrapassar esse patamar, pode disparar até 94,10.
É bastante possível que o dólar suba forte em razão do intenso enfraquecimento do euro. O euro perdeu o patamar de 1,20 contra a moeda americana em 4 de fevereiro pela primeira vez desde 1 de dezembro.
Isso pode fazer a moeda única cair para o patamar de 1,16 contra a divisa dos EUA, voltando para a tendência de baixa de longo prazo rompida em outubro.
A força do dólar surge no momento em que o rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA sobe cerca de 1,15%, podendo inclusive atingir níveis mais altos. Os últimos dados de manufatura do ISM sugerem que a economia americana está melhorando. Simultaneamente, os preços do relatório subiram até os níveis mais altos desde 2011. Em conjunto com mais estímulos, o rendimento de 10 anos pode ir testar a resistência técnica a 1,35%. O rendimento de 30 anos também subiu forte e pode alcançar 2,15% com base em uma análise similar.
A ascensão dos rendimentos ajudou a ampliar o spread entre as notas de 10 e 2 anos ao maior nível desde julho de 2017. Da mesma forma, o spread entre os títulos de 10 anos dos EUA e Alemanha também cresceu, passando de 1% na primavera para os 1,6% atualmente.
A disparada nos rendimentos ajudou a dar vida novamente ao dólar, assim como a perspectiva de crescimento adicional. Mas a alta do dólar não é bom para todos. Os mercados emergentes e suas ações devem sofrer consequências negativas, assim como as commodities, como o ouro.
Isso também pode prejudicar o apetite para o risco, interrompendo o grande rali que estamos vendo nos mercados emergentes e nos preços das matérias-primas, como o cobre.
Além disso, esse movimento pode ser problemático para o mercado acionário mais amplo dos EUA. O dólar mais forte pode gerar dificuldades para as empresas multinacionais, ao reduzir sua receita e lucros pela variação cambial.
No entanto, esse problema só se aplica ao curto prazo. Assim que o dólar começar a se estabilizar, os ventos contrários pressionando os resultados dessas empresas podem se normalizar.
Caso isso aconteça e a economia americana de fato melhore mais rápido do que o resto do mundo, o atual rali no dólar pode estar apenas no começo de um movimento de longo prazo de volta aos níveis pré-pandemia.