Vejam só: não foi surpresa alguma, em se tratando de Brasil, o dólar fechar a terça-feira em alta, enquanto muitos economistas, se não a grande maioria levanta a bandeira de dólar para baixo nos próximos dias.
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Por ser um país com problemas internos próprios, vacinação em ritmo lento, CPI de Covid a todo vapor, não podemos contar com o ânimo do mercado externo para nos contagiar 100%. É claro e evidente que a recuperação das economias dos Estados Unidos e Europa devem refletir aqui, mas não é nem de longe o fator principal que altera nossa taxa de câmbio.
Quando o processo de alta de juros estiver de fato consolidado, e conforme a Selic for subindo, é claro que impactará na apreciação do real, mas isso é movimento pontual, até que se afaste o perigo de uma terceira onda com a Cepa indiana e que a vacinação avance.
Estamos com um alto grau de desemprego, divida pública muito alta, e risco-país alto. Todos esses fatores fazem com que medos e incertezas assombrem os investidores. E dólar valorize.
O primeiro trimestre já demonstrou como o Brasil é imprevisível para se traçar cenários.
Quando a vacinação ganhar força haverá certamente um boom de consumo e uma euforia nos mercados, mas por enquanto vamos ficar de olho no curto prazo mesmo, para hoje teremos a votação na CPI da Covid para convocar governadores, prefeitos e ex-prefeitos de cidades e estados onde houve operação da Polícia Federal para investigar uso de recursos destinados ao combate da pandemia. No calendário, temos pedidos de refinanciamento de hipotecas nos EUA, e aqui o investimento estrangeiro direto em dólar de abril.