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Dois Anos do Governo Bolsonaro: Queimando Pontes

Publicado 11.12.2020, 08:37
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Prestes a completar dois anos de mandato, é importante que traçemos um painel sobre o que foi o governo Bolsonaro até o momento. Primeiro, faremos uma análise dos movimentos do presidente na política, depois, tentaremos encontrar elos da gestão Paulo Guedes na área econômica.

Na política, são variados os "fios desencapados". A começar pelas várias movimentações erráticas do presidente em busca de apoio, sua saída intempestiva do PSL, seu esforço fracassado de fundar um novo partido, o "Aliança pelo Brasil", enfim, sua total inapetência para a construção de pontes, para uma maioria "folgada" e poder tocar sua agenda de reformas ou projetos. Acabou ele totalmente refém do deputado Rodrigo Maia, do DEM, presidente da Câmara dos Deputados. Muito se comenta que se trava aqui uma "luta surda", visando 2022, já que são correntes as opiniões dos que acham que Maia também tem pretensões ao Palácio do Planalto.

Vários foram os embates e desencontros, com boa parte da agenda do Paulo Guedes, meio que obstruída por Maia. Claro que com a pandemia as prioridades se tornaram outras, mas hoje estão paradas nos escaninhos do Parlamento, as Reformas Tributária e a Administrativa do ministro Guedes, já sabendo que acabarão descaracterizadas pelos deputados, assim como tudo enviado pelo ministro ao Congresso.

LEIA MAIS: Espírito das reformas continua, mas crise exigiu pausa na agenda, diz economista

Isso, aliás, causa desconforto. Ao longo destes dois anos, tanto Guedes, como Sergio Moro, ex-ministro da Segurança e Justiça, em pesadas agendas, antes com pretensão, medidas essenciais, acabaram frustradas pelo caminho.

Eram "constantes" as batalhas nas Comissões do Senado e da Câmara, e estes dois ministros (Guedes, teimosamente, continua), acabavam pelo caminho, "massacrados" por Deputados e Senadores de esquerda (ou nem tanto, dada a timidez dos situacionistas).

Afinal, onde estava o PSL, então partido de sustentação do governo, nestes momentos cruciais? Por que os deputados se omitiam em situações tão cruciais? Em temas tão delicados?

Lembremos que Jair Bolsonaro foi eleito e obteve ampla maioria na Câmara, onde o PSL obteve maior número de deputados, e boa margem no Senado. Tanto o "Pacote contra o Crime", de Sergio Moro, como a extensa agenda de reformas do ministro Guedes, acabaram praticamente desidratados, ora pelo comportamento errático do Bolsonaro, ora pelo baixo apoio da troupe, ora pela sanha destruidora dos oposicionistas.

A reforma da Previdência, por exemplo, foi muito descaracterizada, se tornando uma "caricatura" do que se pretendia. O regime de capitalização acabou abandonado, assim como variadas medidas, como a transição e mudanças nos regimes previdenciários dos servidores públicos e dos militares.

E o que dizer da Reforma Tributária, não saindo do lugar, embora já nas gavetas do Congresso?

Claro que aqui observamos um embate entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cioso dos seus interesses, pouco claros, e o Executivo, do capitão.

Todas as reformas, ou acabaram aprovadas numa "meia bomba", ou foram ficando pelo caminho.

Claro que a Pandemia representou uma ruptura com o que precisava avançar, mas o fiasco no avanço destas nos parece fato. Guedes vem se renovando em paciência e temperança. Moro não aguentou.

E não poderíamos esquecer dos "ataques" do presidente ao "teto dos gastos", já pensando neste ano de Pandemia e sua resistência ao terminar com o subsídio emergencial. Será que em 2021 ainda teremos este subsídio e o teto "rompido"?

Poderíamos ainda enumerar a atuação do presidente, em confrontação à pandemia.

Por que negar o que o mundo observa como fato científico? A prevenção terá que vir pela vacina e esta não tem nacionalidade. Pode ser chinesa, inglesa, russa, americana. Não interessa. Será aceita a mais eficaz e imediata. Ponto final.

Além disso, num primeiro momento, diante da falta de vacinas, do desconhecido sobre o virus, não restava aos governos outra saída a não ser o isolamento social.

Em Portugal, por exemplo, chama atenção a coordenação do primeiro ministro, António Costa, junto ao presidente, Marcelo Rebelo e o Parlamento da República, no combate ao Covid-19. Há, de fato, uma simbiose entre estes atores pelo interesse nacional, no preservar de vidas e combate ao vírus. Não há outra alternativa, a não ser o distanciamento possível, a higiene e o uso de máscaras. assim como o evitar de conglomerações, e os recolhimentos, depois de certo horário. Não podemos brigar ou negar os fatos e o risco aí embutido. Bolsonaro, no seu delírio permanente, nunca deu maiores atenções a isso. Sempre considerou este vírus a ser enfrentado, uma "gripezinha", segundo o próprio.

Importante destacar seu comportamento temerário, até porque ele é uma espécie de "farol da República". Seus atos e decisões reverberam, ganham destaque, positiva ou negativa. É inegável o alcance das suas palavras, considerações, decisões. Nada passa incólume. Mas não. Bolsonaro sempre tratou de testar os limites e "esticar as cordas". Deu no que deu.

Seus dois anos foram uma sucessão de "pontes queimadas", perdas de oportunidade, brigas inúteis. O que dizer das desastradas saídas do general Santos Cruz, do Gustavo Bebbiano, do Rêgo Bastos, dos ministros da Saúde?? A bateção de cabeça na Educação!! Dizem que boa parte das desavenças partiram dos assessores ligados ao filho, Carlos.

Por mais que outros ministros tenham feito um belo trabalho, suas movimentações e declarações intempestivas logo trataram de anular estes avanços, estes esforços...

Na Pandemia, já chegamos a mais de 178 mil mortos pelo Covid-19 e acreditem, isso ainda não acabou!

Vamos observando a cena...

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