Muito se fala em diversificar internacionalmente a carteira, não deixando todo seu patrimônio exposto somente ao Brasil. O mais comum é ouvir recomendações para comprar ações americanas, ou algum ETF relacionado ao S&P 500.
Afinal, se o Brasil entrar em alguma crise interna (o que a história nos mostra não ser nada incomum) e as ações brasileiras caírem, teremos parte do nosso patrimônio ancorado em um porto seguro chamado Estados Unidos.
Mas a pergunta que quase ninguém faz é a seguinte: e se os Estados Unidos entrarem em crise? O que acontece? Qual é o “porto seguro do porto seguro”? “Como diversificar internacionalmente minha carteira de forma segura?”
Obviamente sabemos que, se os EUA entrar em crise, ela provavelmente levará todas as outras consigo, tal qual ocorreu em 2008. Acontece que hoje existem alguns países que já possuem um dinamismo que não mais depende tanto do Tio Sam para seguir crescendo.
Além disso, não existem empresas fortes ou promissoras somente na América. Ao redor do mundo podemos encontrar empresas com grandes números, excelentes perspectivas, e futuras responsáveis por rupturas quase tão inovadoras quanto às que as empresas de tecnologia americanas fizeram.
E nos dias de hoje é muito mais fácil ter acesso a essas empresas. Primeiramente porque hoje existem corretoras que permitem que qualquer investidor (mesmo os que investem pouco) abra uma conta no exterior, e sem custos.
Em segundo lugar porque existem diversos ETFS (Exchange Traded Funds) que dão acesso ao investidor a literalmente todos os mercados do mundo. Hoje irei falar sobre 3 diferentes ETFS internacionais “ex-Estados Unidos” (exceto empresas americanas), para que possa te ajudar a abrir ainda mais sua cabeça como investidor e diversificar internacionalmente sua carteira.
VXUS: Acompanhe o de desempenho das principais bolsas do mundo!
Esse ETF, chamado Vanguard Total Internacional Stock (NASDAQ:VXUS), é um dos maiores fundos de índice do mercado, com quase US$ 372 bilhões sob gestão. O fundo é gerido de forma passiva, e visa replicar a composição do FTSE Global Index All Cap x-US.
A carteira do VXUS é composta por nada menos do que 7468 ações de todas as partes do mundo, dos mais diferentes setores e segmentos.
Se observarmos por regiões, veremos que a carteira está alocada da seguinte forma: 39,8% Europa, 28,9% na Ásia-Pacífico, 6,3% na América do Norte, 3% na América Latina, 0,4% no Oriente Médio e 23,5% em outros Mercados Emergentes.
Os 10 principais países nos quais a VXUS está investida incluem Japão, China, Reino Unido, Suíça, Canadá, França, Alemanha, Austrália, Taiwan e Coreia.
Esse é o ETF mais buscado para aqueles que querem investir globalmente, porém em ações de empresas fora dos EUA.
VYMI: para aqueles que gostam apenas de empresas de Valor
O Vanguard International High Dividend Yield Index Fund (NASDAQ:VYMI) possui um foco mais específico: investir em ações deempresas maduras e boas pagadoras de dividendos ao redor do mundo. Dessa forma, esse ETF consegue atingir um ponto de equilíbrio entre o risco de se posicionar em ações e a previsibilidade no recebimento de proventos.
O fundo acompanha o FTSE All-World ex US High Dividend Yield Index, que conta com empresas de capitalização média e alta no índice FTSE All-World ex US, e classificadas conforme os dividendos esperados nos próximos 12 meses (menos os REITs). Assim, seu risco de investir em ações é mitigado, pois com esse ETF você dificilmente está posicionado em empresas com dificuldades.
É importante trazer aqui um contraponto sobre a concentração exclusivamente em ações de dividendos. Empresas que pagam dividendos altos estão abrindo mão de uma alta porcentagem de seus lucros, reduzindo assim sua capacidade de reinvestimento para o crescimento de seus negócios. Portanto é altamente recomendável que esse ETF seja apenas parte do seu portfolio global. Mesmo assim, o ETF VYMI possibilita ao investidor se expor a empresas que são reconhecidamente gigantes globais e que se encontram fora dos Estados Unidos. Abaixo segue a lista das 10 principais posições do fundo.
SCHC: garimpe facilmente as empresas com maior potencial no mundo
O Schwab International Small-Cap Equity (NYSE:SCHC) é um ETF composto por ações de empresas ainda pequenas, mas com alto potencial de valorização ao redor do mundo. O fundo segue o índice FTSE Developed Small Cap ex US.
Esse ETF é ideal para os investidores que querem buscar um retorno acima da média dos índices de mercado, e que estão propensos a enfrentar maior volatilidade. Assim, trata-se de uma grande ferramenta de diversificação. O fundo possui ações de pequena capitalização (as chamadas small caps) de mais de 20 mercados desenvolvidos fora dos Estados Unidos. Como fator de mitigação de riscos, essa carteira exclui ações de mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Note que a maior participação regional do ETF se encontra na América do Norte. Isso se dá pelo fato de um fundo possuir relevante posição em empresas canadenses. Esse fato é considerado positivo pelos analistas, pois o mercado canadense possui uma predisposição por empresas de setores de materiais e energia, por exemplo, que possuem alto potencial de retorno no contexto mundial.
HORA DE INVESTIR SEM FRONTEIRAS
O principal objetivo desse artigo era trazer para você, investidor, alguns exemplos de ETFs que podem ajudá-lo facilmente a investir em todas as partes do mundo e diversificar internacionalmente, de forma simples e prática.
É importante que o investidor dessa geração saiba aproveitar essa queda de barreiras que o mundo digital proporcionou para investir fora do Brasil, pois os investidores de outras gerações não tinham essa facilidade.
Muitas vezes nos atemos somente em analisar empresas brasileiras, quando na verdade poderíamos nos posicionar em ações de empresas muito mais estáveis, avançadas e em mercados mais desenvolvidos.
Investir no Brasil deve fazer parte do seu portfolio, pois nosso prêmio pelo risco sempre será mais alto que o de países desenvolvidos. Mas comece também a construir uma carteira global, e ela será cada vez mais resistente a turbulências e crises.
O que você achou? Prefere investir somente no Brasil ou cogita diversificar globalmente seus investimentos? Comenta aqui embaixo! Te espero no próximo artigo!