Muitas vezes a literatura financeira acerta quando diz que o caos e o aleatório percorrem as altas e quedas do mercado financeiro. Por outro lado, inegável que padrões existem; e não são poucos. Basta descobri-los.
Abaixo, passeio num deles.
Desde o fundo do mercado americano durante a Crise de 2008, em março de 2009, há 3 quedas acentuadas quando o mercado se aproxima de sua "centena de duplicação", isto é, 100% e 200%.
Subiu próximo a 100% desde o fundo de 2009? Forte queda Subiu próximo a 200%? Forte queda
É isso que procuro detalhar abaixo.
Por que falei em 3 quedas quando estamos falando em 100% e 200%
Como ficará mais claro ao longo do texto, há 2 quedas fortes próximas a perna de 200%. uma quando crava 203%. e outra, com uma perna de 220%
Vejam abaixo:
1 -
Em maio-2011, o SP500 bate a máxima de 1.370 pontos, isto é, 105% de alta sobre o fundo em 666 pontos atingido em março-2009.
Depois, corrige forte até 1.074 pontos; portanto, uma queda de 22% aproximadamente após o toque em 105%
2-
Em set-2014, o SP500 bate a máxima de 2.019 pontos, isto é, 203% de alta sobre o fundo em 666 pontos atingido em março-2009.
Depois, corrige forte até 1.816 pontos; portanto, uma queda de 10% aproximadamente após o toque em 203%
3-
Aqui discutimos o momento em que o índice SP500 completa 220% de alta sobre o fundo de 2009.
Em maio-2015, o SP500 bate a máxima de 2.134 pontos, isto é, 220% de alta sobre o fundo em 666 pontos atingido em março-2009. Depois, corrige forte até 1.810 pontos; portanto, uma queda de 15% aproximadamente após o toque em 220%.
O SP500 bateu em 2.604 na máxima da semana passada. Isso significa uma alta de 291% desde o fundo de 2009.
Para bater 300%, bastam 9% de alta sobre o número de 666 pontos (fundo de 2009). Assim, para chegar aos 300% de alta desde o fundo de 2009, basta cerca de 60 pontos (9% de 666 pontos).
60 pontos significam cerca de 2,5% sobre o fechamento de sexta-feira passada. Coincidência ou não, isso colaria o índice numa marca para lá de "demoníaca". 2.666 pontos. Ou seja. 300% de alta sobre o fundo de 2009 e 2.000 pontos acima, numa numeração "similar" ao fundo de 666 pontos obtido lá em 2009.
Agora, observemos novamente o gráfico abaixo.
Se olhado mais detalhadamente, há um grande canal de alta, cuja base hoje passa ali por volta dos 2.300 pontos.
Há uma faixa de suporte bastante forte em 2.320-2.350 pontos. Assim, visto sob essa perspectiva, ou seja, quedas fortes próximas às pernas de alta de 100% e 200%, não é nada desprezível a probabilidade de uma forte queda à frente para os mercados americanos. Se a base do canal for suficiente para o balizamento, a forte queda será em torno de 10%, e o SP500 iniciaria uma nova e forte perna de alta rumo provavelmente à faixa de 2.850 pontos. Caso a base não segure, poderíamos estar finalmente diante do fim do insano Bull-Market americano visto desde 2009. Bull-Market que terminaria com 300% de alta sobre o fundo de 2009.
Interessante registrar também que hoje há uma LTA curta em curso que pode ser vista no segundo gráfico abaixo. Caso a percamos, o cenário acima discutido deve "entrar em ação"
SP500, semanal, 10 anos, escala logarítmica
SP500, diário, escala logarítmica
Podemos fazer algum tipo de comparação com o mercado brasileiro?
Sim. claro que podemos. Quedas acentuadas nos mercados americanos não ficam impunes em praticamente nenhum mercado ao redor do mundo.
No caso brasileiro, marquei no gráfico abaixo os mesmos momentos destacados acima do SP500. No entanto, há que se registrar que nos anos de 2014 e 2015, Brasil e Estados Unidos viviam situações distintas. Em 2011, nem tanto.
Assim, passemos a olhar o Bovespa nos 3 momentos destacados acima.
Em maio-2011, com o Bovespa já em queda, podemos estabelecer o ponto de 66.500 como máxima. Em outubro de 2011, quando o SP500 finaliza sua perna de baixa, o Bovespa vai a 49.432, depois de ter tocado 47.800 1 mês antes. Assim, enquanto o SP500 finaliza a queda em 22% nesse período, o Bovespa cai cerca de 25%.
Já no segundo período analisado, set-2014 a out-2014, temos para o Bovespa uma máxima de 62.300 e a queda para 52.480 pontos; uma queda, portanto de 16% frente a queda de 10% do SP500.
O último período, maio-2015 a fevereiro de 2016, foi a maior perna de baixa do Bovespa. O índice foi de 58.500 a 38.500, portanto, uma queda de 34%. Esse não foi o fundo da perna de baixa, pois 1 mês antes, em janeiro, o Bovespa chegou a tocar a mínima de 37.000 pontos, ponto do último grande fundo do Bovespa até aqui, o fundo do seu Bear-Market que começou em novembro de 2010, ou se formos mais precisos, em maio-2008.
Os mesmos períodos em relação ao SP500 foram marcados em 3 retângulos em azul abaixo. Fica então a pergunta. Se os mercados americanos armarem essa perna de baixa , depois de tocar os 300% ali por volta de 2.650 pontos, pra onde iria o Bovespa ?
Vejam o segundo gráfico abaixo.
Parece um canal de alta do Bovespa em curso. parece que a ida à faixa de 78.000 resvalou na base superior. e uma ida a base inferior ainda não aconteceu. Assim, poderíamos especular algum movimento e volatilidade fortes nessas 2 direções. do ponto de vista de queda, muita atenção a uma eventual ida na base do canal, faixa de 67.000 pontos, também por onde passa uma MA50 (linha azul) no tempo SEMANAL, nos próximos 45-60 dias
Bovespa, semanal, período 10 anos, escala logarítmica