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CPI da Covid em Destaque

Publicado 25.05.2021, 08:54
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Depois de uma segunda-feira em que as ações de varejo virtual foram destaque, olhemos nesta terça com atenção redobrada para o reinício dos trabalhos da CPI da Covid e das comissões no Congresso sobre o andamento das reformas.  

O clima não parece nada amistoso para o governo, já que o presidente não consegue "sobreviver" sem provocar, sem uma confrontação. Pegou muito mal sua postura na "carreata das motos", domingo passado no Rio de Janeiro. Reuniu milhões de pessoas pelas ruas do Rio, numa movimentação totalmente temerária diante dos riscos de contaminação. E o pior, com a  participação do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Diante disso, muitos acham inevitável mais uma acareação com o ex-ministro na CPI da Covid.  

Sobre esta, é destaque hoje a secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitão Cloroquina”. Ela deve prestar o depoimento num ambiente tenso e com o presidente da Comissão, senador Omar Aziz, bem incisivo diante do governo. 

O fato é que todos se mostram bem desconfortáveis diante da postura "palanqueira" do presidente. Não há como contemporizar sobre uma postura destas. Jair Bolsonaro já não governa mais, faz campanha todos os dias, pensando em 2022.  

No Exército, a repercussão do evento de domingo foi a pior possível, com muitos do Alto Comando recomendando alguma punição ao general Eduardo Pazuello. O vice presidente general Hamilton Mourão, inclusive, se posicionou contrário à postura "política de Pazuello". Isso não vale muito, pois, praticamente, inexiste qualquer relação de proximidade com o presidente, algo apenas  protocolar, mas não se pode deixar de considerar o vice-presidente, muitas vezes, um contraponto importante ao populismo do "capitão".  

Achamos que Pazuello acabará indo para a reserva. Especulações no Planalto indicavam que o presidente quer lançá-lo como candidato à governador por Amazônia em 2022. O mesmo deve acontecer na movimentação com o ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas para São Paulo.  

Na verdade, o presidente alimenta, cada vez mais, este clima de confrontação, divisionismo, rebeldia, não sabendo se isso terá algum efeito favorável lá na frente, nas eleições de outubro de 2022.  

Pelas pesquisas mais recentes, algumas mais críveis do que outras, pouco deve ter, já que a perda de popularidade do presidente parece fato. Por outro lado, há de considerar o que dito certa feita por um político experiente de Minas Gerais, de que “pesquisa era igual à nuvens, cada momento de uma forma, de um jeito”.  

Numa pesquisa semana passada, do Instituto Ideia, pela Exame Pesquisa, por exemplo, tivemos algumas sinalizações sobre a popularidade do presidente e as reformas. 

  • sobre a avaliação do presidente, 50% o julgam entre péssimo e ruim, 24% ótimo e bom e 22% regular. Nos 50%, 63% dos que ganham mais de cinco salários acham o presidente ruim e péssimo;
  • sobre o governo, na aprovação ou reprovação, 48% o reprovam, 26% aprovam e 22% não aprovam nem desaprovam. Dos que aprovam, 38% são evangélicos e 19% católicos; 

Falando das reformas, sobre a tributária: 

  • 25% acham que se aprovada irá aumentar os impostos sobre os cidadãos, 25% o contrário e 20% acham que não será aprovada e nada deve mudar; 
  • sobre a criação de um imposto sobre transações financeiras, 58% são contrários, 10% a favor e 19% neutros;
  • se a reforma reduzisse a carga de impostos, 56% poupariam e investiriam no futuro e os outros gastariam.

Sobre a reforma administrativa:

  • na avaliação de desempenho, um ano antes de contratar, 49% se mostram favoráveis, 26% contra;
  • estas medidas só devem ser aplicadas aos futuros servidores? Muitos discordam (41%). achando que deve se estender a todos. Outros, só depois da mudança da regra (21%).  

No posicionamento sobre as privatizações, do Correio 45% são favoráveis, 35% contra; da Eletrobras (SA:ELET3), 36% contra e a favor.  

Nas reformas, na tributária observa-se o esforço das pessoas em economizar recursos, daí quererem pagar menos impostos. Nas privatizações, uma tomada de consciência começa a haver de que as empresas públicas, muitas vezes, acabam sendo "aparelhadas pelos conchavos políticos", se tornando focos de corrupção. Daí, a aceitação pelas privatizações. 

Falando da pandemia, 29% acham que vai melhorar, 24% vai piorar, 18% igual até o final do ano, e 21% que só melhora em 2022. Já as vacinações seguem abaixo do esperado (69%) ou atrasadas (75%).  

Por outro lado, as movimentações do presidente, nas suas várias incursões pelo País, inaugurando obras, em carreatas, palanques, mostram que ainda existe alguma popularidade, apoio entre 20% e 30%. Isso é sempre visto como um dificultador, por exemplo, ao início de um processo de impeachment. O risco maior é de ruptura política, pelo apoio ao presidente nas ruas, embora as pesquisas não mostrem isso.  

Sobre a agenda econômica desta semana, estejamos atentos aos movimentos do presidente do Congresso, Arthur Lira, e do ministro Guedes sobre a agenda de reformas.  

Na pauta do Congresso, temos as reformas administrativa e tributária (fatiada e com menos prioridade), a valorização dos marcos setoriais, as medidas microeconômicas e o processo de privatização da Eletrobras (MP em discussão no Senado).  

Estejamos também atentos às escaramuças do Planalto, pois boatos na segunda-feira indicavam que o auxílio emergencial pode ser estendido até o ano que vem.  

Soma-se a isso, parece que o presidente investe no fortalecimento da sua imagem junto às Forças Armadas - na pauta de segurança como um todo -; buscando desqualificar o dissensso criado quando mudou os comandos da área e o ministro da Defesa. Quando fala em "meu Exército" tenta reforçar esta narrativa. Neste sentido, o clima de beligerância, criado pelo presidente, pode ter o apoio do Alto Comando das Forças Armadas, ou não. Aguardemos os próximos capítulos.  

Nesta terça-feira sai o IPCA 15 de maio (IBGE). A tendência é de alguma desaceleração, a 0,4%, mas ainda em patamar alto e bem acima da meta, nos 12 meses acima de 6%. Isso se explica pela base de comparação viesada.  

Falando dos mercados, na segunda-feira o Ibovespa registrou +1,17%, a 124.031 pontos, com volume financeiro de R$ 28,7 bilhões. Foi o maior patamar de fechamento desde o dia 08/01, quando encerrou a 125.076 pontos. Já o dólar comercial caiu 0,53% a R$ 5,32, seguindo o desempenho da moeda no mundo todo.  

Por fim, o S&P 500 fechou em alta de 0,99%, a 4.197 pontos, enquanto que o Nasdaq subiu 1,41%, aos 13.661 pontos. Estes índices iniciaram a semana em alta, refletindo as opiniões dos diretores do Fed, reiterando as expectativas de alta da inflação no curto prazo, devido à reabertura da economia. Mesmo assim, reforçaram estes choques como transitórios. Lembremos também que a redução do pacote de infraestrutura de mais de US$ 2,2 trilhões para US$ 1,7 trilhões, reduzindo o receio de inflação mais forte.

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