A equação que os investidores da maior empresa de serviços de motoristas particulares do mundo, Uber Technologies (NYSE:UBER) Inc. (NYSE:UBER), querem ver é bastante simples: vendas em crescimento e redução de prejuízo. Mas o cenário atual sugere que será difícil para a Uber fazer essa combinação quando divulgar seus resultados para o segundo trimestre amanhã.
A empresa deve registrar um prejuízo de US$ 2,1 por ação sobre vendas de US$ 3,31 bilhões, em meio a sinais de aumento de concorrência e custos maiores, que estão deteriorando a lucratividade. A Uber, que abriu seu capital em maio, está enfrentando dificuldades para satisfazer os investidores em um ambiente adverso e competitivo, onde os consumidores continuam altamente conscientes dos preços, escreveram Masha Kahn e Henning Cosman, analistas do HSBC, em uma nota no mês passado.
Os preços da sua principal rival na América do Norte, Lyft Inc. (NASDAQ:NASDAQ:LYFT), são geralmente 20 a 25% menores do que os da Uber em Nova York, enquanto a Bolt, que conta com o respaldo da Daimler AG (DE:DAIGn) (NASDAQ:LYFT), faz o mesmo em Londres, escreveram os analistas.
Esse ambiente de negócios incerto prejudicou as ações da Uber, cujo desempenho tem decepcionado desde o início da sua negociação no dia 10 de maio. O papel já caiu 16% desde o seu preço de oferta a US$ 45. As ações subiram levemente ontem, após seis dias seguidos de perdas, valorizando-se 0,3% em Nova York, para fechar a US$ 39,15.
Depois de crescer 95% em 2017 em relação ao ano anterior, o crescimento da receita nesse segmento despencou 33% no ano passado. Em termos operacionais, a Uber registrou perda de US$ 3,04 bilhões em 2018 sobre uma receita de US$ 11,3 bilhões, fazendo com que o total das perdas operacionais nos últimos três anos superasse US$ 10 bilhões.
Números horríveis
No balanço do primeiro trimestre divulgado em maio, a Uber apresentou uma tendência similar. O prejuízo operacional da empresa foi de US$ 1,03 bilhão, maior do que os U$ 478 milhões registrados no ano anterior, enquanto seu crescimento de receita continuou encolhendo. Sua receita proveniente dos serviços de motoristas particulares e entregas – menos alguns pagamentos de incentivos a motoristas e outros custos – foi de US$ 2,62 bilhões, uma alta de 10% em relação ao ano passado. Por outro lado, no primeiro trimestre do ano, essa receita central cresceu cerca de 80% em bases ajustadas.
Esses números são horríveis, e é por isso que o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, não quer que os investidores prestem atenção neles.
Pelo contrário, ele quer que os investidores valorizem a força da sua "plataforma" em evolução que, segundo ele, um dia criará o maior ecossistema de transportes modernos, que incluirá seu serviço de contratação de corridas, seu negócio de entrega de comidas em franco crescimento, o Uber Eats, scooters elétricas, entrega de cargas, veículos autônomos e até mesmo carros voadores.
Em sua primeira teleconferência em maio, Dara novamente compartilhou sua visão de aceleração do crescimento a partir da integração da Uber com o transporte público e elevação das vendas com outros clientes da empresa que compram comida no Uber Eats ou dirigem suas scooters. Ele afirmou que cerca de metade dos clientes do Uber Eats não usam o serviço de motorista particular da companhia.
Tudo isso parece excelente e factível para uma empresa movida pela tecnologia e que mudou a forma como as pessoas se deslocam de um lugar a outro. Mas, após o IPO, a Uber precisa encontrar rapidamente uma forma de melhorar sua atividade principal e mostrar aos investidores que está no caminho certo para eliminar as perdas e aumentar as vendas. Até agora parece que ainda há um longo caminho pela frente.
Conclusão
Com o aumento da concorrência e dos custos, é difícil ficar animado com as ações da Uber neste momento. Os investidores fariam melhor se ficassem de fora e acompanhassem de perto o desempenho da companhia em 2019 antes de fazer qualquer aposta de longo prazo.