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Como planejar os investimentos durante o combate do Fed à inflação?

Publicado 03.10.2022, 12:12
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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Sejamos francos: o terceiro trimestre foi uma terrível para as ações. Não importa muito seus níveis de negociação, o certo é que o mercado americano, em setembro, não foi o lugar ideal para fazer alocações.

O Dow Jones Industrial e o S&P 500 tiveram seu pior mês de setembro desde 2022, com o primeiro desvalorizando-se 8,8%, e o segundo, 9,3%. O Nasdaq Composite, por sua vez, caiu 10,5%, pior mês de setembro desde 2008.

Os principais índices encerraram o mês passado em território de “bear market” (mercado de baixa), definido como um declínio de 20% ou mais desde o topo recente.

Ao final de setembro, o Dow havia recuado 21% no ano; o S&P 500, 24,8%, e o Nasdaq, 32%.

Mas uma hora os mercados tocam o fundo. Às vezes rapidamente. E compreender o que está acontecendo neste momento pode ajudar a se preparar para uma recuperação inevitável.

O mais recente turbilhão vivido pelo mercado acionário deve-se ao objetivo declarado do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de elevar as taxas de juros, a fim de reduzir a inflação para 2% ao ano em algum momento do futuro. Ela agora gira em torno de 6% a 8%, dependendo do índice.

Há três fatores inter-relacionados em jogo:

  • As pressões inflacionárias globais provocadas pela disparada dos custos com alimentos e combustíveis, intensificadas pelos problemas com as cadeias de suprimentos, e uma repentina deterioração de uma crise financeira no Reino Unido, a qual pode se espalhar para outras partes do mundo, segundo alguns analistas.
  • A disparada do dólar. O índice dólar já subiu mais de 17% somente neste ano. A moeda americana acumula uma alta de 17% contra a libra esterlina e de 25% contra o iene japonês.
  • Tensões globais, sobretudo com a intensificação da guerra na Ucrânia e a recente ameaça da Rússia de usar armas nucleares no conflito. Adicione a isso as tensões entre o Ocidente e a China em torno de Taiwan.

O sucesso da política monetária, segundo declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, seria abrandar as condições de forte escassez de oferta de mão de obra e de demanda, de modo que os preços gerais comecem a recuar. Os preços de alimentos e energia têm gerado grande estresse econômico, com os preços da alimentação em casa subindo 13,5% nos 12 meses encerrados em agosto, de acordo com o relatório mais recente do índice de preços aos consumidor.

Os custos de energia acumulam alta de 25% no ano. A Associação Automotiva Americana estimou que o preço da gasolina no varejo dos EUA era de US$ 3,796 por galão, em média, no domingo. Mas, para o alívio dos consumidores americanos, os preços do gás recuaram 24% desde o pico de US$ 5,016 em meados de junho.

As taxas de curto prazo devem superar 4% em 2023. Em sua última reunião, as autoridades do Fed projetaram 4,6% como a mediana de 2023 para a taxa básica (Fundos Federais), que é utilizada pelos bancos em operações de empréstimos overnight.

Em outras palavras, a dor será geral, enquanto o Fed tenta fazer a inflação nos EUA baixar de 6% para 8%. E isso significa que uma recessão está chegando. A intensidade dessa recessão ainda não está clara.

Pode ser que os esforços do Fed deem resultado. Mas também é possível que o banco central esteja indo longe demais e será forçado a recuar em sua campanha.

Os movimentos do Fed, ao fazer as taxas dos Fundos Federais saírem da faixa de 0% a 0,25%, no fim de 2022, para ao redor de 3% a 3,25%, já afetaram a economia. A varejista Gap (NYSE:GPS) (BVMF:GPSI34 )anunciou que cortará 500 postos de trabalho. A fabricante de equipamentos de ginástica Peloton (NASDAQ:PTON) também anunciou o corte de mais de 4.150 empregos. A fabricante de veículos elétricos Rivian Automotive (NASDAQ:RIVN) reduzirá em 6% seu quadro funcional composto por 14.000 colaboradores.

A Associação Nacional de Corretores Imobiliários dos EUA afirmou que as vendas em agosto recuaram 19,9% em relação a um ano atrás, devido ao aumento das taxas de financiamento. Freddie Mac, maior instituição de crédito imobiliário, disse que a taxa média de uma hipoteca de 30 anos nos EUA estava em 6,7% na semana passada. Os juros atingiram o fundo de 2,98% no início de novembro.

O dano de um mercado em bancarrota

Todos os onze setores do S&P 500 recuaram em setembro, com o mercado imobiliário, registrando o pior desempenho, com uma queda de 13,4%, de acordo com a S&P Dow Jones. O setor com melhor desempenho foi o de saúde, com uma queda de apenas 2,7%.

Energia foi o melhor setor no terceiro trimestre, com uma alta de 1,16%. Mas o setor parece esticado. Sua alta no ano é de 39%, refletindo os preços mais altos do petróleo. E, pela primeira vez neste ano, nenhuma ação de energia está no Top 10 do S&P 500 em retorno para o mês.

Três ações de saúde estavam no Top 4: Biogen (NASDAQ:BIIB) (BVMF:BIIB34), com uma alta de 36,66% (por conta da notícia de que seu tratamento contra o Alzheimer possa desacelerar a progressão da doença); Regeneron Pharmaceuticals (NASDAQ:REGN), com um avanço de 18,6%; e Eli Lilly (NYSE:LLY) (BVMF:LILY34), com uma valorização de 7,34%.

A pior ação do índice foi a gigante logística FedEx (NYSE:FDX), com uma desvalorização de 29,6% no mês e de 42,6% no ano, após alertar para um enfraquecimento da demanda global por seus serviços. Isso acabou afetando o índice Dow Jones Transportation, que recuou 13% no mês e 26,8% até agora no ano.

Vale lembrar que o mercado de ofertas iniciais de ações permanece pressionado pelas altas de juros e a relutância dos investidores de comprar empresas que não geram lucro e não têm perspectivas mínimas de rentabilidade no curto prazo.

Dito isso, não podemos deixar de reconhecer o sucesso da Porsche (F:P911_p), marca automotiva de luxo da Volkswagen (ETR:VOWG_p). A Porsche levantou o equivalente a US$ 8,4 bilhões em seu IPO na semana passada, o que concede à companhia um valuation de 76 bilhões. Esse foi o maior IPO da Europa em 10 anos e levantou 20% a mais de recursos do que todos os EUA. Os IPOs atingiram esse valor combinado, de acordo com a Renaissance Capital.

O que fazer com seus investimentos agora?

Toda a incerteza fez com que os investidores ao redor do mundo se perguntassem como lidar com a situação atual do mercado financeiro sem perder dinheiro. Muitos analistas de Wall Street afirmam que há chances maiores de ocorrer mais quedas antes de as ações voltarem a se valorizar, com as taxas de juros atingindo o pico e talvez recuando em algum momento do ano que vem.

Isso se o Fed realmente conseguir vencer sua batalha contra a inflação.

Ou seja, quem deseja investir deve analisar suas opções com bastante cautela.

Vamos começar com o óbvio. A menos que você tenha estômago forte, agora não é um bom momento para comprar ações com euforia. Os papéis estavam sobrevalorizados no final de 2021 e início de 2022, porque o Fed e os bancos centrais ao redor do mundo mantiveram as taxas de juros em níveis historicamente baixos, mais preocupados em respaldar a economia global diante do aparecimento da pandemia de Covid-19.

Se o custo de capital estiver em zero ou perto disso, é possível fazer qualquer coisa. Por isso, as ações dispararam, muitas vezes de forma completamente atabalhoada. O índice de preço/lucro prospectivo do S&P 500 atingiu o pico de 33,6 no primeiro trimestre. Desde então, já recuou para 18,36.

Os preços dos imóveis residenciais decolaram, devido ao salto na demanda gerada pelo teletrabalho e profissionais querendo ficar longe da Covid-19. A taxa do título de 10 anos do Tesouro americano iniciou 2022 ao redor de 1,5%. Ela tocou 4% na semana passada. As taxas de financiamento imobiliário saltaram de cerca de 3% para 6,7%. O efeito disso sobre um empréstimo de US$ 300 mil em 30 anos é de US$ 674 no principal mensal e no pagamento de juros. Esse encarecimento do crédito já está provocando a queda nas vendas.

Se você acredita que os preços das ações estão chegando a um nível ideal, o melhor seria preparar um plano de capital para se aproveitar de um possível fundo de mercado em 2023.

Comprar ações gradualmente e colocar o resto em caixa ou títulos de curto prazo pode ser uma estratégia válida. Não podemos deixar de ressaltar que a nota de dois anos do Tesouro americano gerava um retorno de 4,28% na sexta-feira, sem qualquer risco.

Espere para ter evidências claras de um fundo antes de entrar em ações.

Se você quer comprar ações, a regra nesse ambiente é procurar empresas tenham estas características:

  • Baixo endividamento em seus balanços.
  • Um longo histórico de pagamento de dividendos.
  • Foco no mercado local.

A lista inclui, por exemplo, empresas de saúde, como Eli Lilly (NYSE:LLY) e Merck (NYSE:MRK). Considere também nomes como Travelers Companies (NYSE:TRV), um dos quatro componentes da Dow que tiveram ganhos em setembro, além de Costco (NASDAQ:COST) (BVMF:COWC34), Walmart (NYSE:WMT) (BVMF:WALM34) ou Procter & Gamble (NYSE:PG) (BVMF:PGCO34), que paga dividendos a cada trimestre há 65 anos, aumentando-os nesse período.

Não se esqueça das petroleiras, a menos que não tenha estômago para a ideia. A Chevron (NYSE:CVX) (BVMF:CHVX34) e a ExxonMobil (NYSE:XOM) (BVMF:EXXO34) defendem fortemente seus dividendos e, obviamente, são enormes beneficiárias dos elevados preços do petróleo e do gás natural. A Chevron acumula uma alta de 22% no ano, após recuar 3,5% em setembro.

Por fim, os especialistas defendem a ideia de fazer preço médio em ações ou fundos mútuos. Isto é, colocar o dinheiro em uma ação ou fundo em que você acredite de forma regular, acumulando mais ações ao longo do tempo, durante uma correção, na expectativa de que uma recuperação do mercado seja capaz de gerar um bom retorno.

Fundos de índice são uma boa alternativa para investidores que desejam colocar em prática essa estratégia, graças à sua diversificação e custo reduzido.

O que precisa ser evitado neste momento são investimentos que exijam um grande comprometimento com dívidas. Uma casa, por exemplo. As ações de construtoras dependem da taxa de financiamento para os clientes. Além de algumas varejistas, cujas startups dependem de injeções regulares de caixa.

A melhor frase para descrever o investimento neste momento é: vá com cuidado.

O sentimento no mercado está horrível. Apresentamos a seguir um exemplo: as ações que tocaram novas máximas de 52 semanas em setembro foram de 535 no total, segundo dados do site Barchart.com. As ações que tocaram mínimas de 52 semanas totalizaram 11.580.

Mas uma hora os BEAR markets terminam e abrem novas oportunidades para investidores inteligentes. O bear market de 2008-2009 começou em outubro de 2007 e tocou o fundo após um pouco mais de 16 meses. Isso desencadeou um poderoso rali que fez o Dow recuperar todas as suas perdas em apenas cinco meses.

A tarefa para quem está tentando decidir agora o que fazer é mapear tanto as metas esperadas quanto o processo para atingi-las.

Fazer a lição de casa compensa.

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