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Commodities: Variante Delta Gera Apreensão nos Mercados de Metais e Energia

Publicado 19.07.2021, 09:44
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Publicado originalmente em inglês em 19/07/2021

Depois de meses de tentativas do mercado de ignorar seus efeitos, a variante Delta da Covid-19 começa a mostrar seu impacto mais virulento no apetite para o risco, não só nas ações, mas também nas commodities.

Quem liderava a queda das matérias-primas na segunda-feira eram os setores de energia e metais, com o petróleo chegando a despencar 1,5% em determinado ponto da janela asiática de negociações, apesar de a Opep+ ter anunciado o tão aguardado acordo de produção para agosto, que aliviou as preocupações com a desunião dentro do cartel.

Petróleo diário

O ouro e o cobre também começaram a semana em baixa, embora menos acentuada que a do óleo de calefação, gasolina e óleo diesel.

Ouro diário

Energia e metais caíam em conjunto com o mercado futuro do Dow, S&P 500 e Nasdaq, com o dólar perto do seu nível mais alto em meses, por causa do medo crescente da disseminação da variante Delta.

As infecções diárias não param de subir nos Estados Unidos, Europa e Ásia, de modo que a média global de sete dias de novos casos ultrapassa meio milhão pela primeira vez desde maio. Os investidores estão segurando o fôlego, enquanto a Inglaterra aplica a maioria das restrições sociais.

Quando o dólar sobe, as commodities precificadas na moeda americana ficam mais caras para detentores de outras divisas, forçando um resultado baixista. O Índice Dólar atingiu a máxima intradiária de 92,76, não tão distante do topo de três meses de 92,832.

Com queda mais recente, o barril de petróleo desvalorizou-se cerca de US$6 nos últimos 11 dias, com o WTI saindo da máxima de sete anos US$76,98 em 6 de julho para a mínima de segunda-feira de US$70,34.

O fator dominante: Covid ou Delta

O estrategista sênior de câmbio do Banco Nacional da Austrália, Rodrigo Catril, não titubeou ao falar sobre o que estava elevando a aversão ao risco nas commodities e ações durante podcast matinal da instituição.

“O mercado está realmente se posicionando com base na incerteza no ar envolvendo a Covid”, disse Catril. “Esse é o fator dominante”.

Além da variante Delta, a queda inesperada da sexta-feira no sentimento dos consumidores americanos, medido pela Universidade de Michigan, também desestabilizou os investidores, declarou Catril.

Ainda não se sabe se a tendência de queda persistirá ao longo da semana. Em diversas ocasiões, os mercados caíam na janela asiática de negociações para logo disparar no mesmo dia ou no dia seguinte na Europa e EUA. Porém, ainda que ocorra um repique, as preocupações com a variante Delta podem não se dissipar tão facilmente.

O calendário de dados de mercado desta semana está bastante vazio até sexta-feira, quando serão divulgados os números do índice global de gerentes de compras.

Tampouco teremos manifestações de autoridades do Federal Reserve, que deverão observar o período de silêncio que precede a reunião mensal do banco de 27-28 julho. Os discursos do Fed geralmente direcionam moedas e metais durante o pregão.

Assim, a disseminação do vírus e as respostas a ela pode dominar os ciclos de notícias, diante do endurecimento das restrições na Ásia.

Queda do petróleo demonstra preocupações com a demanda

A derrapada do petróleo pela quarta vez em cinco dias foi inesperada, dado que a Opep+ tentou fazer o necessário para fechar um acordo de produção para agosto, mantendo, no entanto, a oferta bem abaixo dos níveis de demanda.

A Opep+, aliança formada por 23 países produtores, afirmou que aumentará a oferta em 2 milhões de barris de agosto até dezembro.

O acordo para adicionar 400,000 barris diários por mês nos próximos cinco meses era exatamente o que a aliança tentou selar há duas semanas, antes de os Emirados Árabes Unidos rechaçarem manter sua oferta nos níveis de 2020.

Com o acordo revisado, os Emirados poderão aumentar sua produção para 3,5 milhões de barris por dia (mbpd) a partir de maio de 2022 em relação aos atuais 3,168 milhões.

A Opep+ também concordou com novas cotas de produção para diversos membros a partir de maio de 2022, incluindo Emirados, Arábia Saudita, Rússia, Kuwait e Iraque. Sauditas e russos, que lideram o cartel, poderão aumentar sua oferta para 11,5 mbpd cada um, em relação aos atuais 11 milhões. O ajuste geral incrementará a oferta em 1,63 mbpd a partir de maio do próximo ano, de acordo com cálculos da Reuters.

A adição líquida de 2 milhões de barris acordada para os próximos cinco meses ainda está abaixo da estimativa de 3,5 milhões de barris de aumento de demanda previsto para o período. Mas essa estimativa de consumo também foi feita antes do aumento das infecções por Covid causado pela variante Delta nas últimas semanas.

Pelo lado da oferta, a primeira exportação petrolífera do Irã fora do Golfo Pérsico e além do Estreito de Ormuz também estará no radar dos investidores nesta semana. A remessa sairá de Jask no Golfo de Omã, informou Vahid Maleki, diretor do Terminal Petrolífero de Jask.

Volta o medo da pandemia, do Reino Unido à Coreia do Sul

Enquanto isso, os casos de Covid-19 envolvendo a variante Delta continuam aumentando e podem afetar a perspectiva de demanda, na medida em que alguns países, como Austrália e Coreia do Sul, reintroduziram medidas restritivas para coibir maiores infecções. No sábado, o Reino Unido registrou o maior número de casos diários de Covid-19 desde janeiro de 2021, antes de a Inglaterra retirar a maioria das medidas restritivas em 19 de julho.

Por isso, não se sabe ao certo como será a demanda de petróleo nos próximos cinco meses, embora a expectativa seja de consumo robusto. Também não se sabe como será a onda da pandemia durante o outono e inverno no Hemisfério Norte, que também pode ser grande.

Nos Estados Unidos, os casos de Covid estão em alta novamente, exacerbados pela variante Delta mais transmissível.

Na sexta-feira, o presidente do país, Joseph Biden, afirmou que seu governo estava se preparando para uma “pandemia entre os não vacinados”, na medida em que os casos mais recentes pareciam envolver pessoas que não quiseram se imunizar por diversas razões, inclusive políticas.

Atuais e ex-autoridades de saúde federal dizem que milhões de americanos estão colocando sua saúde em risco, bem como sua liberdade e finanças, ao não se vacinar e se colocar risco de contrair cepas mais infeccionas do coronavírus.

O dr. Scott Gottlieb, que foi membro da FDA, agência sanitária dos EUA durante o governo Trump, disse ao programa Face the Nation, da CBS, no domingo:

“A maioria das pessoas ou será vacinada, ou já foi infectada anteriormente, ou contrairão essa nova variante Delta”.

“E, para a maioria das pessoas que contraírem a variante Delta, a infecção será a mais grave de suas vidas em termos de risco de irem para o hospital”.

Dr. Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, disse, no início da semana, que os Estados Unidos estavam “perdendo tempo” na corrida para vacinar mais da metade da população antes do fim do verão. “A variante Delta está se espalhando, as pessoas estão morrendo, e não podemos simplesmente esperar que as coisas fiquem mais racionais”, declarou Collins.

Há meses as vacinas estão disponíveis para a maioria dos americanos; mesmo assim, apenas 48,2% do país encontra-se totalmente vacinado, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, sem falar que o número de imunizações está em declínio.

Nesse ínterim, a taxa de infecções não para de subir. Em 47 dos 50 estados americanos, o número de novos casos na última semana foi pelo menos 10% maior do que na semana anterior, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. Desses, 35 estados viram aumentos de mais de 50%.

O relaxamento das medidas na Inglaterra foi recebido com um misto de euforia e ceticismo, haja vista que os epidemiologistas questionam as medidas, enquanto o primeiro-ministro e os ministros de finanças e saúde se isolam por causa da disseminação de casos.

Analistas do ANZ Bank disseram;

“A Holanda relaxou todas as restrições e viu os casos dispararem de 500 para 10.000 por dia em duas semanas, e o governo teve que mudar de rumo, aguardando com apreensão o que acontecerá com as hospitalizações”.

“Muitos temem que o mesmo aconteça no Reino Unido com o ‘dia da liberdade’.”

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

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