Há algum tempo os fundos tem vendido volatilidade nos mercados de risco dadas as poucas vezes que nos Estados Unidos, por exemplo, vimos uma alta ou queda de mais de 1% do S&P500. Com uma oscilação baixa e altas consecutivas, em um cenário de juros baixos, o VIX (índice de volatilidade) estava nas mínimas de vinte quatro anos desde o fim de abril último.
Na quinta-feira o VIX pulou de 9.73 para 15.16, ou 55.8% de alta no intraday, retornando na sexta-feira a 11.18. O posicionamento excessivo nas apostas de baixa assustou e levou o índice aos níveis do começo do ano.
Entre as commodities o volume recorde vendido dos fundos no petróleo do tipo Brent, no café arábica e o posicionamento short em outras como o açúcar e alguns grãos deram um impulso para o CRB subir quase 5% nesta semana, comparando com a mínima da semana anterior.
No acumulado da primeira metade de 2017 as matérias-primas do CRB que mais subiram foram o suíno-magro, o trigo e o alumínio, ganhando 37%, 24.25% e 13.35%, respectivamente. As perdedoras foram o suco de laranja (-34.45%), o açúcar demerara (-29.22%), o gás natural (-18.50%), o petróleo (-14.30%), o gás de aquecimento (-12.98%) e o cacau (-10.49%) – considerando as commodities que encerraram com performances positivas ou negativas acima de um dígito.
Nos contratos de café o destaque de ganhos na semana ficou por conta do robusta com a inversão da estrutura até março de 2018. A expectativa de um recebimento volumoso no contrato de Julho17 (que entra em período de entrega na segunda-feira) por parte de um participante foi o principal motivo da firmeza. Aparentemente quase um terço dos certificados podem mudar de mão, justamente em um ano de déficit da variedade e após a maior parte dos produtores no Vietnã já terem vendido seus cafés.
Nova Iorque pegou carona (ou deu carona em algum momento) em Londres, subindo US$ 2.70 centavos por libra nos últimos cinco dias e manteve a arbitragem de Setembro17/Setembro17 abaixo de US$ 30 centavos por libra – ou a US$ 28.70 centavos por libra – baseado nos fechamentos.
Os diferenciais firmes na maioria das origens mesmo com o mercado estando a US$ 10.00 centavos das mínimas sinalizam espaço para novos ganhos do terminal. Os compradores internacionais interessados em cobertura do flat-price, leia-se: futuros, resolveram revisar levemente suas bases, mas ainda assim não encaixam nas reposições das principais origens.
No Brasil o comportamento seguro dos produtores, seja em dosar suas vendas ou buscar instrumentos de financiamento para cobrir a necessidade de caixa para não ter que vender café nos níveis atuais, encarece a reposição gerando prejuízos para quem precisa honrar compromissos.
O mercado futuro não deu atenção ao frio que chega no cinturão de café brasileiro no começo da semana, seguindo a opinião dos institutos meteorológicos em não ver risco de geada, o que é saudável para os preços pois não há prêmio algum embutido em Nova Iorque para descontar no curto-prazo.
O relatório do CFTC apontou os fundos com um novo recorde de posição bruta e líquida vendida na última terça-feira, e acredito que a posição não deve ter alterado muito desde então. As 23.7 milhões de sacas que os especuladores têm vendido na bolsa não devem ser ignoradas, até porque um movimento de apenas US$ 5 centavos para cima pode gerar uma correria de recompra de posições. Mesmo que apareça venda de origens (argumento dos baixistas) é improvável que se encontre venda suficiente no curto-prazo para evitar que o contrato “C” chegue próximo de US$ 140.00 centavos – mas é bom não demorar muito para o rally acontecer.
Outros pontos favoráveis são o enfraquecimento do dólar americano – o índice de dólar está abaixo do nível negociado no dia seguinte à eleição de Trump, a recuperação dos índices de commodities e a performance positiva dos mercados acionários no primeiro semestre, que pode gerar uma realocação de recursos em prol de matérias-primas.
Tecnicamente o fechamento do arábica foi levemente positivo, tendo o contrato de setembro17 estacionado na média-móvel de vinte dias e na linha de resistência de um canal de baixa traçado desde meados de abril. Os fundos de tendência não devem ter razão para voltar a vender enquanto as cotações não voltarem para baixo de US$ 118.90 centavos por libra, e por outro lado serão forçados a recomprar com uma alta acima de US$ 130.25.
A semana é encurtada pelo feriado da Independência dos Estados Unidos na terça-feira, assim como muitos operadores estarão fora na segunda-feira e diversos aproveitam para viajar no período restante. Sazonalmente a baixa já estaria estabelecida por ora, com o terminal voltando a cair novamente na época da florada brasileira.
O robusta continua mais caro do que diversos arábicas menos-nobres e é difícil imaginar que isto durará muito mais tempo. Finalmente, há preocupações transpirando no mercado internacional referente a qualidade e fava da safra nova brasileira, não sendo ainda considerada por compradores.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,