Depois de ver sua capitalização de mercado derreter no último ano e meio, o Altria Group (NYSE:MO), proprietário dos cigarros Marlboro, entre outras marcas de tabaco mundialmente reconhecidas, está finalmente lutando para voltar ao jogo.
Na semana passada, a empresa controladora da Philip Morris USA, Skoal e Nat Sherman, anunciou que pagará US$ 1,8 bilhão por uma participação de 45% na empresa canadense de cannabis Cronos Group (NASDAQ:CRON). O acordo também permite que a fabricante de cigarros adquira outros 10% da Cronos, sediada em Toronto, uma iniciativa que dará à Altria uma participação majoritária na produtora de maconha em seu país de origem que, em outubro, se tornou a primeira nação desenvolvida a legalizar a marijuana para uso recreativo de adultos.
Antes mesmo da sua entrada no mercado da maconha, havia notícias de que a Altria estava negociando uma participação minoritária em uma startup de cigarros eletrônicos, a Juul Labs Inc. Ambos os movimentos parecem fazer parte de uma estratégia de diversificação maior dessa tradicional empresa de tabaco, uma forma de retomar o crescimento em um momento em que as vendas de cigarros estão caindo e os consumidores de nicotina estão cada vez mais buscando outras opções no lugar da queima de tabaco.
Novos caminhos para o crescimento
Essa agressiva estratégia de crescimento baseada em aquisições ocorre em um momento de forte queda das ações da Altria, que fecharam o pregão de ontem cotadas a US$ 53,95. Desde o verão de 2017 nos EUA, a Altria perdeu mais de um quarto da sua capitalização de mercado, à medida que a inovação tecnológica, novas normas governamentais e o declínio no consumo adulto de produtos tradicionais de tabaco levantaram dúvidas quanto ao potencial de crescimento futuro da companhia.
Cerca de 38 milhões, ou 15,5%, dos adultos norte-americanos fumavam os cigarros tradicionais em 2016, uma queda de 20,9% em relação a 2005, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças nos EUA. Essa mudança no consumo de tabaco também foi uma má notícia para os investidores da Altria, que por muitos anos amaram suas ações por causa do seu status à prova de recessão e dividendos atraentes.
De fato, na última década, os papéis da Altria superaram o índice de referência S&P 500 por larga margem, proporcionando aos acionistas retornos anualizados de quase 20%, até janeiro de 2018. Entretanto, desde o início do ano, essa vantagem tem se reduzido rapidamente, forçando a gerência a buscar novos caminhos para o crescimento.
Em nossa visão, a entrada da Altria no mercado de cannabis, que está em franco crescimento, e sua possível participação na Juul, que responde por cerca de três quartos do mercado de cigarros eletrônicos nos EUA, são duas iniciativas inteligentes que permitirão que a companhia tenha posições relevantes em cada um desses mercados em rápido desenvolvimento.
Graças à sua presença em diversos países e sua crescente capacidade de produção, o Cronos Group, que atualmente é o sexto maior produtor de maconha no Canadá, tem tudo para se tornar um forte player global no mercado de marijuana. A empresa está trabalhando para cultivar 117.000 kg de cannabis por ano, depois de ter garantido importantes contratos de abastecimento para o mercado de maconha recreativa no Canadá.
Além disso, a Cronos firmou parceria com a fornecedora de produtos farmacêuticos Pohl-Boskamp para distribuir produtos medicinais à base de cannabis na Alemanha. A empresa também fechou outro contrato de fornecimento de maconha medicinal na Polônia. Além disso, a companhia possui joint ventures na Austrália, Israel e América Latina.
A Juul também pode se revelar um bom investimento para a Altria, já que a startup busca expandir seus negócios de cigarros eletrônicos além dos EUA, onde está enfrentando barreiras regulatórias cada vez maiores. Além de vender produtos no Canadá, Reino Unido, Israel e Rússia, a Juul também tem planos de expansão na Europa e Ásia.
Apesar dessas recentes notícias positivas, os investidores têm demonstrado indiferença em relação às ações da Altria. A razão principal é o anúncio da FDA no mês passado de que, além de restringir as vendas de cigarros eletrônicos, a agência poderia banir os cigarros mentolados. Os mentolados representam cerca de 20% das vendas de cigarros da Altria.
Resumo
Nos últimos anos, os ventos contrários à indústria de tabaco vêm se acelerando. Não é de surpreender, portanto, que este não é um bom momento para investir em fabricantes de cigarros. Mas se você está buscando uma receita regular e valor no longo prazo nesse setor, acreditamos que a Altria é a melhor opção.
A companhia está reforçando seu diversificado modelo de negócios, o que ajudará a manter o crescimento dos seus resultados financeiros. Com sua participação de 10% na Anheuser-Busch InBev (NYSE:BUD), maior fabricante de cervejas do mundo, e agora com uma posição considerável na indústria da maconha, que cresce rapidamente, a Altria é uma boa aposta de longo prazo, principalmente por causa do seu dividend yield de 6%, que está na máxima de vários anos.